Atenção Plena contraposta aos maus hábitos do dia a dia
Estar plenamente atento, de acordo com a prática budista, é estar somente concentrado? Quando você está trabalhando, você está concentrado, não é? Quando você está fazendo uma refeição, você também está concentrado, concorda? Entretanto, podemos estar concentrados também quando estamos fazendo coisas como tentar ofender alguém, causar tramas, fazer furtos ou até assassinar um animal! Então, o que é, de fato, Atenção Plena?
- Esse texto ficou maior do que eu esperava rs. Isso porque ele trata de um aspecto que foi difícil para mim na prática, e que, geralmente, o é para todo o praticante sério do Dhamma. Por isso esse texto tratará de vários aspectos como hábitos, vícios, Esforço Correto, Intenção (Kamma) e outros, mas se resumirá basicamente na importância de colocar a Atenção Plena em prática fora da meditação e como fazer isso.
No que diz respeito ao penúltimo aspecto do Nobre Caminho Óctuplo, samma-sati, ou Atenção Plena, sempre há dois obstáculos para a prática cotidiana: dúvida e/ou preguiça. A primeira se deve a incompreensão de como praticar a Atenção no dia a dia. Será que significa ficar sempre atento à respiração, vinte quatro horas por dia? Com certeza não, caso contrário seria impossível fazer outras atividades corretamente. Estar atento é sempre se lembrar de observar como você está se relacionando com a sua mente e o seu corpo, além do mundo externo, tentando sempre estar atento às coisas sem os três venenos: cobiça, aversão e delusão. Portanto, muitos de nós podemos estar concentrados, mas não plenamente atentos de forma desapegada. Aliás, isto é estar com Atenção Plena: estar observando as coisas e vivendo seus momentos de maneira desapegada.
[Henepola Gunaratana]: " Algumas vezes você poderá pensar que “estar com atenção plena o tempo todo” significa colocar a atenção apenas naquilo que você estiver fazendo naquele momento em particular. Isso, é claro, é o que toda pessoa que leva o seu trabalho a sério normalmente faz. Um artista, pintor, escritor, cantor, compositor, pensador, orador, atirador, cozinheiro, etc. precisa prestar atenção àquilo que está fazendo durante todo o tempo em que estiver engajado no seu trabalho.
Não são só os seres humanos que fazem isso. Você deve ter notado como os gatos prestam total atenção à sua presa para poderem capturá-la, sem cometer nenhum erro que possa assustá-la. Tigres, leões, crocodilos prestam total atenção àquilo que estão fazendo para capturar a sua presa. Pode ser que você tenha notado que as garças permanecem paradas num único lugar por um longo tempo para agarrar um peixe. Cães pastores ficam totalmente atentos aos movimentos das ovelhas para que possam correr com rapidez e dirigir o rebanho na direção certa. Infelizmente nem o gato, a garça ou o cão pastor são capazes de remover a sua cobiça, paixão, etc., ou cultivar um pouquinho que seja de insight prestando total atenção aos seus objetos."
O problema é que muitos de nós, inclusive eu (rs), ao compreenderem como a Atenção Plena deve ser posta em prática fora da almofada, sentem preguiça em fazê-lo. Por que isso? Porque quando você começa a ficar atento, você percebe que é muito difícil manter uma autoconsciência constante. Ela é sempre fragmentada e interrompida por distrações, e o ato de Esforço Correto de trazer a Atenção Plena de volta é vista com aversão por muitos.
Além disso, ainda há outra barreira: desejo. Quando conseguimos manter uma Atenção mais constante, começamos a nos surpreender com quanto trabalho temos por fazer. Coisas que pensávamos não terem a mínima importância estão impregnadas de apego e inveja, e outras coisas que julgávamos serem importantes devem ser abandonadas, porque são uma grande perda de tempo. O problema é que não queremos fazer isso.
Então, podemos resumir que o que causa a preguiça para praticar Atenção Plena é o desejo de continuar com os antigos hábitos e a falta de vontade de substitui-los. Mesmo estar atento já requer muito esforço, porque nos habituamos a viver no piloto automático!
Só que sem isso não há progresso no caminho. Para chegarmos ao Incondicionado, Nirvana, precisamos primeiro ser bem condicionados e, para isso, precisamos superar muitos hábitos. Para não ficar complicado, podemos resumir que o hábito a ser eliminado é este: apegar-se. O novo hábito que devemos nos condicionarmos a praticar é este: desapegar-se.
Entretanto, vamos perceber que praticamente em todos os momentos haverá trabalho a ser feito, porque nossas mentes estão realmente descontroladas e desejosas das mais variadas coisas por motivos fúteis, por apegos desnecessários, por prazeres que trarão sofrimento depois de uma pequena felicidade. Você vai perceber que aquilo que você sempre foi de falar é dito com a má intenção de difamar alguém ou de dar indiretas. Você perceberá que você posiciona o braço de um jeito x porque você se preocupa com a maneira como as pessoas te observam. Pode ser que se perceba que você sempre alimenta pensamentos de má vontade a alguém, porque ela disse algo que você já sabe, ou que você não achava necessário. Tudo isso parecem coisas tolas, coisas normais do ser humano, mas na verdade são coisas passageiras que estivemos alimentando e que podem ser extintas.
Muitas honestidade é necessária para se perceber quanto trabalho há para ser feito. Olhamos para a maneira como nos comportamos e percebemos que aquilo que as pessoas veem como normal são desejos sutis que nos causam sofrimento. E justamente por serem coisas tão normais e ignoradas que são qualidades mundanas, e tudo o que é mundano é um apego grotesco que pode ser enxergado com pouco Insight. Esse "começar a enxergar" já começa a dar surgimento a pequenos Insights, porque você realmente se surpreende com a maneira como as pessoas estão vivendo as suas vidas, fazendo uso de suas ações, pensamentos e falas apenas para conseguirem coisas passageiras, impermanentes e desnecessárias.
Veja alguns exemplos que parecem fúteis, mas que a Atenção Plena pode revela-las como fontes de sofrimento e efeitos do apego:
- alguém te pede um alimento de uma porção que você possui, e você compartilha o menor alimento que encontra, pensando que está sendo generoso, quando na verdade está cultivando um apego pelo prazer impermanente de comer.
- alguém começa a rebater as suas ideias, e você começa argumentar com essa pessoa como uma pessoa civilizada, mas você não desiste de persuadir a outra pessoa. Em muitos momentos como este, sati pode te revelar que é melhor deixar a pessoa pensar que está certa, mas ainda assim você sentirá dificuldades para parar de argumentar devido ao seu desejo em se mostrar certo. Uma coisa ensinada por Buda é: ensinamentos avançados para mentes avançadas. Críticas para pessoas abertas a elas. Se seu interlocutor não está aberto a algo, não tente convencê-lo. Se você tentar arduamente, aí há apego.
- você está navegando na internet e vê uma página sobre algo que não vá te trazer benefício, nenhum conhecimento novo, mas que apenas alimentará suas especulações e te ajudará a gastar um tempo sem motivo. Isso é muito normal na vida das pessoas, mas aqueles que passam a praticar sati seriamente, percebem que é mais frutífero tentar fazer tudo com algum bom motivo e intenção. Isso traz economia de tempo, e tudo o que você faz acaba sempre trazendo frutos.
- você recebe críticas e começa, instantaneamente, a refutar as ideias da pessoa, a se defender e a justificar suas atitudes mentalmente. Se sati for forte o suficiente, ela perceberá isso e um esforço deverá ser feito para que você se desapegue dessa defesa arrogante e tente ver com mente aberta o que realmente está acontecendo.
Esses são apenas alguns pequenos exemplos que mostram qual a finalidade de Atenção Plena. Nas palavras do Buda, é observar o corpo como um corpo, sensação como sensação, formação mental como formação mental e mente como mente. O problema é que observamos o corpo com cobiça - mal miramos um corpo de uma pessoa sexualmente atraente e diversas visualizações já surgem em nossas mentes para depois desaparecerem rapidamente. Ou ainda vemos o corpo de um defunto e sentimos aversão por aquilo, como se não estivéssemos carregando o mesmo objeto fadado ao mesmo destino. Sentimos uma boa sensação ao comermos e sempre queremos mais daquele alimento. Se vamos comer, não é para o nosso sustento, mas apenas para compensar desejos por prazeres bem pouco duradouros - mas, no fim, nunca estamos satisfeitos. Se sentimos uma dor, pensamos que aquilo é o fim do mundo, e continuamos ignorando a impermanência dos fenômenos condicionados. Então, alguém nos diz algo num tom que nós julgamos inadequados e formações mentais, isto é, pensamentos, surgem e começam a criticar a forma como aquela pessoa falou conosco. "Quem ela pensa que é para falar nesse tom?", e depois descobrimos que ela estava com algum problema em casa. Se não isso, a pessoa talvez fale desse jeito mesmo, cada um tem seu jeito. Ou ainda ela estava com raiva, mas a raiva está ali nela, não em nós - até onde esse desejo de sermos respeitados pode nos levar? Existe também o desejo de sermos bem vistos, o que faz que, diante de várias pessoas, formações mentais como "O que estão pensando de mim? Falei com uma voz muito fina! Minhas mãos estão suando! Eu não devia ter mexido o braço daquele jeito!" mas nem Buda agradou todo mundo! E então, aquela mente cansada, preguiçosa, e vamos seguindo aquela mente, fazendo as coisas de maneira desanimada, em vez de tentar observar essa mente preguiçosa e perceber o quão frágil é esse estado mental. Logo, durante aquela tarde na casa de um parente, surge uma mente depressiva, melancólica e entediada, e pensamos que o mundo ficou feio, sendo que não foi ele quem mudou, mas nosso estado mental! Apesar disso, nos apegamos a esse estado mental como se ele fosse persistir para sempre.
Percebe como a atenção no corpo, nas sensações, nas formações mentais e na mente deve ser efetuada durante o dia a dia, e não só durante a meditação? O que significa observar "corpo como um corpo", "sensação como sensação"? Significa observá-los como de fato são! E como são? Anicca, Dukkha, Anatta - isto é: impermanentes, insatisfatórios e não-eu. Geralmente, tudo o que fazemos está embasado em nossos estados mentais. Saímos cansados do trabalho e a única coisa que queremos é chegar em casa. Chegamos em casa, sentamos no sofá e a única coisa que queremos é um suco gelado. Chega, doce demais, queremos agora o jantar. Depois do jantar, vamos dormir por algumas horas e então acordamos novamente. Percebe o que estou tentando retratar? Estamos vivendo sempre orientados por prazeres impermanentes. Tentamos tornar a vida mais bela com objetivos de longo prazo: uma casa, um carro, uma viagem; mas durante a busca desses sonhos, vivemos orientados por prazeres menores também. Agora, quando você faz um esforço para observar a sua mente cansada depois do trabalho, você pode descobrir que aquela sensação é pouco duradoura, ou ainda que você não precisa se misturar com ela, mas deixa-la ali e voltar para casa normalmente, sem estar desesperado por descansar. Observe aquele estado mental: nós sempre separamos em algo desejável e não-desejável, mas é tudo a mesma coisa: fenômenos surgindo e desaparecendo. Se você observar continuamente e com profundidade, será capaz de começar a perceber isso. Com o tempo, aprende-se a se separar dos estados mentais e eles duram menos, porque você não se envolve com eles, não os "eterniza", pensando que eles são a única coisa que existe. Quantas vezes em sua vida aconteceu algo que você não queria e você pensou que nunca mais se recuperaria daquilo? Tudo isso é apego ao presente, desgrude-se disso e observe a depressão como depressão, a tristeza como tristeza, e você descobrirá que tudo isso não são coisas compactas, mas fragmentadas. Elas não são uma sensação parada que dura dias, mas são sensações que mudam de instante em instante.
Portanto, a prática da Atenção Plena no dia a dia é fundamental. Não adianta você apenas desenvolver o desapego na almofada, e deixa-la de lado durante seu trabalho ou num diálogo com os seus amigos. É como a metáfora do homem que quer acender uma chama com dois gravetos: ele deve esfrega-los continuamente, não apenas de noite e de dia deixa-los ali esfriando. A prática deve ser o mais ininterrupta que você conseguir fazê-la. Um trocadilho intencional: continuamente, faça um esforço para torna-la mais contínua. Pode ser que no trabalho você alimente ódio de um colega, ou que conversando com seus amigos você jogue indiretas a fim de inferiorizar alguém, o que traz um prazer fútil, maléfico e desnecessário. Faça um esforço, observe e comece a se questionar: como posso agradar a todos? Por que quero sempre ser o centro das atenções? Por que desejo me distrair com isso? Por que estou sempre buscando esses prazeres impermanentes?
Agora há pouco minha mãe me interrompeu pedindo que eu visse uma coisa em outro site. No instante seguinte um pensamento de má vontade surgiu: "Ela não vê que estou ocupado?", mas sati percebeu isso, o Esforço Correto de abandonar os estados ruins foi feito e, então, eu pensei com honestidade: "Estou realmente ocupado ou posso dispor do meu tempo?", eu então percebi que estava apenas focado demais em terminar esse texto, para amanhã nem me lembrar desse desejo. Foi isso o que o Buda quis dizer que prazeres impermanentes são insatisfatórios. Percebe como esse exemplo fútil que eu citei é um mal hábito buscando um prazer super frágil? Para combate-lo, precisamos treinar a Atenção Plena, para que ela possa surgir e que possamos reconhecer as desvantagens de tudo o que é Impermanente e assim poderemos viver apenas pelo benefício nosso e dos outros seres, e não apenas pela busca de coisas impermanentes.
Então, se você tinha dúvida sobre como aplicar Atenção Plena no dia a dia, a resposta é esta: sempre fazendo o seu trabalho e suas atividades corriqueiras de forma desapegada, isso é, livre de cobiça, aversão e delusão. Se sua mente se apegar, mesma coisa que a meditação: coloque-a no lugar de novo e continue o seu dia. No começo será muito difícil, porque sati ainda não está treinada para o dia a dia, e é por isso que a meditação sentada é importante: ao reservar um tempo especial para treinar Atenção, fica mais fácil dela surgir em momentos mais agitados, como no trabalho.
Se você sentir preguiça, perceba que o dia ensolarado só será alcançado depois da tempestade. Muitos de nós queremos primeiro sentir o dia ensolarado para só então atravessarmos a tempestade, mas isso é impossível. Olhe para trás e perceba como você viveu sua vida. Por que não disponibilizar parte dela para tentar ir contra os seus hábitos de sempre? Experimente, intelectualmente a teoria de Buda não faz sentido? Você já tem Entendimento Correto, complete o Nobre Caminho Óctuplo!
A preguiça surge porque sati, à medida que fica refinada, percebe cada vez mais hábitos a serem mudados. O problema é que não queremos ir contra nossos hábitos, isso é cansativo, requer esforço, e nós não queremos fazer esforço. Queremos continuar a ser escravos dos nossos apegos, porque buscar a liberdade requer muita batalha - ou seja, percebemos que algo é melhor, mas não a buscamos. Chega um ponto em que percebemos que nossos hábitos nos causam sofrimento, queremos nos libertar deles, mas não conseguimos! Por quê? Porque não fazemos o Esforço! O mal hábito se mostra um verdadeiro vício: queremos nos livrar dele mas não conseguimos. Queremos uma fórmula mágica, ou ainda esperamos que se nos desapegarmos só uma vez ele irá sumir, mas não é assim. Fazemos um pequeno esforço, ele some por um tempo e volta de novo, e então desanimamos. Mas os hábitos só são controlados através do Esforço contínuo. Quando eles estiverem bem controlados, só então surgirá a Sabedoria que trará o sumiço total desses maus hábitos.
Por isso o Buda elogiou aquele que vence a si mesmo, porque somente aquele que se esforça para abandonar o mau hábito de se apegar é que pode enxergar as coisas como de fato são. Somente aqueles que fazem um esforço para estarem atentos e que, ao estarem atentos, percebem um apego e fazer o esforço para estarem plenamente atentos (isso é, atentos de forma desapegada) podem disponibilizar o solo pelo qual os Insights podem florescer.
Esses são as duas maiores barreiras para praticar Atenção Plena: dúvida e preguiça. Tente colocar isso em prática e perceba como isso funciona. E cuidado com uma grande armadilha: quando sua Atenção Plena se reestabelecer, não fique frustrado pelo tempo que passou desatento, porque isso será como receber a Atenção Plena de forma aversiva. Às vezes sati se estabelece e de repente nos damos conta de quanto tempo passamos desatentos, e então pensamos: "Droga! Eu não consigo! É muito difícil! Não consigo estar atento!", mas você tem de ser paciente consigo mesmo, estar continuamente atento no dia a dia é algo que demora MUUUITO tempo, então não exija muito de si mesmo. Ao surgir sati, sinta-se contente por isso, receba-a e use-a para fazer o esforço correto de manter-se desapego o máximo que você puder.
Não ignore os pequenos momentos do seu dia a dia, achando que Budismo é algo que se faz apenas sobre uma almofada de meditação. Pequenas coisas, pequeno atos, pequenas palavras e pequenos pensamentos podem estar impregnados de muita cobiça e aversão. Quer agradar? Olhe bem ali! Quer convencer alguém de que você está certo? Questione isso! Se incomodou porque alguém não respondeu como você queria? Olhe bem ali! Quer que tudo no mundo seja da forma que você quer? Como estar realmente em paz? Por que surge Dukkha?
A base para essa investigação sempre deve ser Kamma, a Intenção. Tente sempre dirigir sua Intenção para o Dhamma que conduz ao Nirvana, algo atemporal, não impermanente. Então, se você quiser contar uma piada, não a conte com o intuito de parecer engraçado ou ser popular, mas de trazer alegria às pessoas! Muitos monges são humoristas porque pessoas de mentes alegres compreendem melhor o Dhamma! Se você está mudando o seu tom de voz, que não seja com a intenção de parecer simpático com alguém, mas que seja com a intenção de trazer benefício a outra pessoa! Não tente agradar as pessoas, tente fazer o melhor a elas.
Se você for comer uma refeição, lembre-se que você está se alimentando para estar vivo, praticar o Dhamma e compartilhá-lo com os outros! Se você está trabalhando, conseguindo dinheiro para construir uma casa, não alimente a cobiça por ter uma casa, não fique aversivo porque houve um pequeno defeito ali - tente compreender que você está fazendo aquilo para ter onde morar e praticar o Dhamma. Quando você dirige suas intenções a trazer o benefício aos outros e a si mesmo, a reduzir o sofrimento e a usar coisas impermanentes não para se apegar a prazeres, mas para se aproximar do que não morre, você perceberá que a vida se tornará mais leve. Se você se dispor a fazer esse esforço, trocar os prazeres pequenos e fáceis pelos maiores e mais difíceis de se conquistar, você está mais próximo de Nirvana, porque somente os bons hábitos conduzem ao fim de todo o hábito. Portanto, esteja plenamente atento. Não leia esse texto com cobiça. Eu perdi muito tempo lendo milhares de textos do Dhamma com uma cobiça excessiva de tentar entender os ensinamentos, e acabei tendo de aprender a lê-los novamente com uma mente aberta e pacífica, pois somente uma mente alegre e tranquila pode penetrar o Dhamma. Isso é, somente uma mente plenamente atenta (purificada dos vícios, estabelecida na virtude, com a intenção de fazer o bem, livre da sede inesgotável por o que é impermanente) pode penetrar o Dhamma.
Logo, toda sua ação deve ter a Intenção de desapegar, o que significa abandonar ódio, cobiça e aversão por coisas impermanentes e desenvolver compaixão, amor e a busca pelo Incondicionado, aquilo que não é impermanente. Faça o esforço para estar desapegado - isso é estar plenamente atento. Não importa se você está meditando, trabalhando, conversando ou cozinhando: faça tudo com intenções benéficas, não se apegue ao que é impermanente, compreenda porque você usa coisas impermanentes, e observa os fenômenos condicionadas como eles são: o corpo como impermanente, a sensação como impermanente, os pensamentos como impermanentes, a mente como impermanente.