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 Contentamento não é apenas admirar o pôr do Sol

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Contentamento não é apenas admirar o pôr do Sol Empty
Mensagem Contentamento não é apenas admirar o pôr do Sol EmptyQua 4 Dez 2013 - 15:04

Contentamento não é apenas admirar o pôr do Sol
Muitas pessoas acham que desenvolver Contentamento é apenas produzir um prazer com o que se tem no agora, estar satisfeito com o presente pensando não há prática a ser feita - o agora é o Nirvana (isso pode ser usado de forma hábil em outro contexto, tudo questão de linguagem). Entretanto, é claro que há algo que devemos alcançar no futuro e, portanto, há algo pelo qual estamos praticando; mas o Contentamento, de fato, só surge com a satisfação no presente. Então, como usar essa qualidade para passar adiante, e não só estagnar no agora? Vamos ver juntos que essa satisfação com o agora deve ser utilizada com intenção consciente de que há algo a ser alcançado lá a frente e que ela não deve ser gerada apenas em momentos agradáveis - a essência do Contentamento é reconhecer a Impermanência do mundo em todas as situações.
Contentamento é um sentimento muito importante para a prática budista. Entretanto, alguns praticantes costumam reconhecer a importância dessa qualidade de forma limitada ou apenas nos momentos bonitos, sem perceber as intenções benéficas e maiores que devem ser alimentadas para se gerá-la. Tal sensação pode ser desenvolvida ao se ver um belo pôr do Sol, mas a sua intenção não é apenas se sentir bem em momentos simples, mas usar essa mente aberta e alegre para contemplar as 3 características e permitir que os Insights frutifiquem. Além disso, se alguém sempre está contente com o que possui agora, por que essa pessoa praticaria para atingir o Nirvana? Devido a essa confusão, é necessário entender corretamente (samma-ditthi) o papel essencial do Contentamento e como canalizá-lo numa prática além do objetivo limitado de se sentir bem.
Em virtude dessa confusão, Ajahn Thanissaro costuma frisar que devemos nos lembrar de que há algo a ser feito e que, portanto, não devemos ser negligentes e simplesmente nos contentarmos com o agora sem continuar a praticar:
[Ajahn Thanissaro]: "Às vezes, a atenção plena é definida como apreciar o momento por todos os pequenos prazeres que este nos pode oferecer: o gosto de uma uva passa, a sensação de uma xícara de chá em nossas mãos. No vocabulário do Buda, esta apreciação é chamada de contentamento ou satisfação (pamojja). O contentamento é útil quando estamos enfrentando dificuldades físicas, mas não é sempre útil no campo da mente. De fato, o Buda certa vez disse que o segredo de sua iluminação foi que ele não permitiu se contentar com qualquer realização que já tivera alcançado. Ele continuou avançando em suas realizações até que não houvesse nada mais elevado para se atingir." - (retirado de Definindo a Atenção Plena - acessoaoinsight)
De fato o Buda praticou assim - se ele tivesse ficado satisfeito com o primeiro Jhana (estado meditativo profundo de absorção), como exemplo, por que motivo ele renunciaria à avaliação aplicada e à avaliação sustentada1? Entretanto, ao mesmo tempo, o Buda diz que o Descontentamento deve ser superado, tanto que no Padhana Sutta o Buda diz que o Descontentamento é o segundo exército de Mara, logo depois da Sensualidade.
1 Vitakka e Vicara: fatores do primeiro Jhana que são abandonados ao adentrar ao segundo Jhana, estado meditativo mais sublime e profundo do que o anterior uma vez que se percebe que Vitakka e Vicara, à primeira vista prazerosos, são condicionados, instáveis e insatisfatórios.
Afinal, ninguém consegue alcançar estados meditativos profundos se busca-los com muito esforço. Se você estiver descontente com a sua meditação, como exemplo, ela encontra dificuldade para fluir! Então, você faz muito esforço para ela melhorar e ela não melhora justamente porque você está sendo muito rígido e não está sentindo nenhuma satisfação com a prática - meditar parece uma obrigação! Algumas pessoas que vão fazer meditação tentam silenciar a mente, mas não é assim que funciona - você, na verdade, permite que a mente silencie por si mesma quando você abre mão dela, desapega, renuncia. Em um retiro com Ajahn Brahm, uma praticante não conseguia de forma alguma silenciar sua mente - ela sempre estava tensa e, apesar de todo o seu esforço, sua mente continuava agitada. Então, um dia, ela chegou até Ajahn Brahm quase chorando de emoção: "Ajahn Brahm! Consegui! Consegui! Eu consegui!" - ela havia alcançado um estado meditativo profundo e silencioso. Ajahn Brahmavamso perguntou: "E como você fez isso?", ela rapidamente mudou de expressão: "Não sei! Eu estava simplesmente deixando o tempo passar!"; isto é, quando ela desistiu de ficar forçando sua mente a silenciar, só então ela acalmou!
Só que esse "desapegar" é uma coisa que tem de ser bem compreendida - não é ser indulgente e ficar apegado ao agora, deixando a mente fazer o que quiser: "certo, vou me desapegar e deixar minha mente fazer o que ela sentir vontade. Sem esforço! Não irei contra minha mente porque isso me deixa tenso.". Tanto indulgência nos próprios desejos cobiçosos quanto rigidez na própria aversão são apegos: o desapego genuíno solta ambos os apegos e os permite cessar. O desapego sempre está mergulhando cada vez mais fundo no interior da mente, desinteressado pela aversão ou desejo por algo, como o corpo. Portanto, para alcançar Jhana, você não deve fazer esforço para isso - você o permite acontecer. Mas, se seu cCntentamento pelo desapego no agora se converter em Indulgência, em um Contentamento estagnado no prazer meditativo, a mente não sentirá prazer em desapegar e ir além. Logo, nós fazemos uma espécie de "esforço" para "permitir", porque devido aos nossos apegos não conseguimos permitir que as coisas cessem. Mas como seguir o Caminho do Meio e avançar sem querer avançar, mas também sem querer estagnar?
Afinal, com Nirvana é a mesma coisa. Ajahn Chah dizia: se desejar Nibbana, não alcança Nibbana! É por isso que no Zen se diz para não se buscar nada no Zazen (meditação sentada) - sentar em Zazen já é ser Buda. Não busque Iluminação alguma! Isso é errado em um aspecto, uma vez que você já não é Buddha só porque sentou em Zazen, mas a intenção por trás desse conselho é extremamente hábil se bem compreendida - não se esforce demais em ser Buddha, "apenas" solte seus apegos e você alcançará o Despertar (novamente, tudo questão de linguagem e interpretação). E, de fato, é só quando nossa capacidade de desapego for tão enorme que Nibbana ocorrerá por si mesmo. Entretanto, ainda tem de haver prática - ainda estamos praticando para abrir mão não só de devaneios com passado e futuro, mas também dos nossos apegos no agora para "permitir" que Jhanas ocorram, que Nibbana aconteça. Portanto, Contentamento não é apenas estar satisfeito com o momento presente sem precisar praticar - Contentamento é uma prática! Contentamento é quando se está feliz ao se desapegar não só do ontem e do amanhã, mas também do e no agora.
Como assim? Quero dizer que Contentamento não é apenas um pequeno prazer no agora e que dispensa qualquer prática. É um sentimento que cultiva a prática do abrir mão no presente momento - não é ficar apenas extasiado e aproveitando o presente momento, é encontrar uma grande felicidade em desapegar no presente momento, em continuar desapegando. Contentamento não é apenas estar satisfeito no agora, não para aqui! Se você souber levar esse sentimento adiante de forma sábia, você pode, sem querer contrariar Ajahn Thanissaro, usar esse sentimento de uma forma muito inteligente no campo da mente. Não é apenas abrir mão do passado e do futuro e estar feliz com o presente - é abrir mão do presente momento também ao contemplar as características da Impermanência: você pode sentir um prazer ao ver o pôr do Sol, mas você pode ir além disso. O Sol está se pondo, ele não permanece na mesma posição - tudo é impermanente. Por isso, não fique triste porque aquela bela cena está acabando, afinal, "você" não pode controlar isso. Solte! Isso faz surgir o prazer do Samadhi e Insight das 3 Características (que consiste no objetivo do Contentamento): Impermanência, Insatisfatoriedade, Não-eu.
[Buda]: "Portanto, bhikkhus, qualquer forma, quer seja do passado, futuro ou presente, interna ou externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior, próxima ou distante: toda forma deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
Qualquer sensação... Qualquer percepção... Quaisquer formações... Qualquer consciência, quer seja do passado, do futuro ou do presente, interna ou externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior; próxima ou distante: toda consciência deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria assim: ‘Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’" - (retirado de Khajjaniya Sutta - acessoaoinsight)
Logo, Contentamento é um sentimento que cultiva a prática que tem um objetivo, mas permite que tal objetivo aconteça em vez de tentar alcança-lo pela cobiça ou pela aversão aos seus obstáculos. Ao mesmo tempo, o Contentamento não faz você parar no momento presente. Primeiro você se satisfaz com o agora porque surge uma felicidade em se desapegar do ontem e do amanhã, mas, ao mesmo tempo, você deve aprofundar essa felicidade através do desapego no agora e do agora também. Tudo o que o Contentamento faz é gerar uma satisfação por abandonar os apegos em todos os tempos e lembrar dos ensinamentos em todos os momentos, tanto nos momentos bons quanto nos ruins - e quando abandonamos os apegos, os obstáculos cessam. Algumas pessoas tentam eliminar seus pensamentos, eliminar pensamentos sensuais ou má vontade, mas tudo isso é praticar com Aversão. O único papel é tirar o apego, não o objeto do apego. Quando você medita, você não deve tirar os pensamentos. Você tira o apego dos pensamentos e deixa os pensamentos cessarem por si mesmos. A prática budista é indireta dessa forma: você só elimina algo quando para de querer eliminá-lo assim como alimentá-lo (porque eliminar é que nem alimentar). Cobiça e Aversão são dois lados da mesma moeda: um alimenta, outro aniquila. Mas ambos fazem os obstáculos permanecerem. Agora, "cessar" tem uma essência muito diferente que as pessoas costumam confundir com "aniquilar". Não é ficar brigando com suas contaminações, é apenas reconhecer o sofrimento neles e continuamente retornar sua mente para o desapego com Contentamento no aqui e agora, até que as contaminações cessam por si mesmas também no aqui e agora.
Então, primeiro sentimos um Contentamento no agora porque nos desapegamos do passado e do futuro. Mas, indo mais além, nós aprofundamos essa satisfação ao perceber a Impermanência no momento presente, de tal maneira que não só uma bela paisagem nos traga Contentamento, mas mesmo os momentos "ruins" nos ensinem o Dhamma.
Sem querer contrariar Ajahn Thanissaro, outra vez, acredito que devemos definir Contentamento de uma forma mais profunda do que apenas uma satisfação útil diante de problemas físicos. O Buda costumava falar de Contentamento no sentido de estar satisfeito da seguinte maneira:
[Buda]: "'Este Dhamma é para aquele que está satisfeito, não para aquele que está insatisfeito.’ Assim foi dito. Com referência a que foi dito isso? É o caso em que um bhikkhu está satisfeito com qualquer tecido velho para o manto, qualquer comida esmolada, qualquer moradia, qualquer medicamento." - (retirado de Anuruddha Sutta - acessoaoinsight)
Então, uma forma hábil de definir Contentamento é: satisfação com poucas necessidades. Uma definição ainda mais hábil seria: satisfação em abrir mão, em renunciar, em desapegar. Assim, de fato o Contentamento se manifestará inicialmente no campo físico e material, mas ele deverá ser dirigido ao campo da mente também, até que chegue ao estágio refinado de Piti (fator do primeiro Jhana).
E como ocorre esse Desapego? Como permitimos ele acontecer sem forçar demais? Através do Entendimento Correto. Qual é o Entendimento que precisamos desenvolver e contemplar? Basicamente, envolvendo as 4 Nobres Verdades, é a contemplação das 3 Características: Impermanência (Anicca), Sofrimento (Dukkha) e Anatta (Não-eu). Quando contemplamos isso, somos capazes de gerar (na verdade, nós permitimos surgir) e sentir dentro de nós uma paz extraordinária que independe do que está acontecendo lá fora. Pode ser um lindo pôr do Sol ou uma tempestade barulhenta, mas conseguimos encontrar essa linda paz interior que nos mostra que o caminho da verdadeira paz é permitir cessar, porque tudo o que surge cessa; e querer que algo dure mais ou acabe antes do tempo gera apenas Insatisfação. Por isso eu reitero: Contentamento não é só nos momentos bons, mas também nos momentos ruins!
Mas então, por que nos encorajam tanto a reconhecer alegria nas coisas simples da vida? Porque é mais fácil para avivar Atenção Plena. Por que é mais fácil? Por causa de Condicionamento. Eu lembro de ter lido que Ajahn Brahm diz que fazer retiros em lugares belos facilita o surgimento de Contentamento - e isso é verdade! Isso tudo é devido a Condicionamento: coisas simples e naturais nos deixam felizes com mais facilidade. Mas, com o tempo, devemos aprender a desenvolver essa qualidade em situações não tão bonitas assim também, porque, se olharmos bem, o Contentamento e Felicidade fundamental não vem de bem de estar nos momentos presentes bonitos, mas apenas de estar nos momentos presentes, porque o desapego do passado e do futuro é, por si só, um júbilo; independente de como é o presente. Ajahn Liem já contou que no monastério de Ajahn Chah havia uma trilha repleta de fezes de algum tipo de animal, e que podia ser repugnante para alguns passar por ali. Mas, para Ajahn Liem, isso era mais uma ajuda na prática, porque aquelas fezes despertavam um certo condicionamento aversivo que ele podia observar: "Que nojo! Eu não vou encostar nesse monte de cocô.", pois aqueles que são sábios encontram nessa situação uma oportunidade para olharem suas kilesas e removerem seus apegos, porque aquilo também é Impermanente. E, mais uma vez, não é tentar remover o pensamento de nojo, é remover o apego e atenção a esse pensamento embasado em Entendimento Correto - onde há limpeza, há sujeira: não há como ficar apenas com uma coisa. Se a mente volta a se apegar, você a desgruda de novo. Assim se faz continuamente (como retornar a mente à respiração na meditação) e quando a contaminação cessa sozinha o que surge? Uma sensação de satisfação, uma sensação de paz: Contentamento.
Isso é Contentamento! Então não é algo que depende apenas de coisas simples como ver o pôr do Sol. A essência do Contentamento é reconhecer a satisfação que há no Desapego do ontem, do amanhã e dos apegos presentes, reconhecer a satisfação que há na Paz independente do que é externo a alguém, o que pode ser uma bela paisagem ou uma estrada lamacenta. É mais fácil gerar Contentamento diante de belas paisagens devido aos nossos condicionamentos, mas, essencialmente, esse sentimento pode surgir tanto em momentos bons quanto ruins, se conseguirmos praticar o Desapego ao contemplarmos as 3 características da existência condicionada.
[Ayya Khema]: "A satisfação não deve ser confundida com o prazer, excitação ou exuberância. A satisfação é uma sensação de tranqüilidade e contentamento, é a sabedoria daquele que encontrou aquilo que transcende todo o sofrimento." - (retirado de Dukkha para conhecimento e visão - acessoaoinsight)
E o que é aquilo que transcende todo o sofrimento? A Sabedoria. Então, da próxima vez que você admirar um pôr do Sol - sem problema, admire-o. Mas, não pare por aí! Contemple a Impermanência nisso. O Sol está se pondo, não está parado num só lugar. Você percebe isso em si mesmo? Todos estamos "nos pondo" [rs]. Chegará um momento em que os últimos raios de luz desse nosso nascimento, nossa última inspiração, acontecerão. E então vem um pequeno período noturno e, se nós não tivermos compreendido tudo completamente, o Buda alertou que vai haver outro dia, outro nascer do Sol - isto é, outro renascimento para nós. Uma simples contemplação como essa pode servir de inspiração para estimular Samvega1, para lembrar da Impermanência de tudo e para retornar a mente ao seu centro, desapegada, trazendo a mesma paz que Ajahn Liem tirou da sua contemplação.
1 Senso de Urgência - reconhecimento de que não devemos perder tempo por praticar ao se lembrar que a morte é imprevisível e inevitável.
Logo, tudo o que se faz deve ser aprendido, no decorrer da prática, a ser feito com a intenção do Desapego para seguir adiante até Nibbana, não simplesmente pelo mero prazer extasiante. Esse prazer tem uma intenção: criar uma mente aberta aos Insights. Esteja consciente dessa intenção, e assim o sentimento de Contentamento será canalizado e aprofundado e você estará consciente de que há algo a se conquistar adiante.
Então, busque investigar se agir consciente desse tipo de intenção não pode ser benéfico a você. Um exemplo: se você for rir de algo, não ria apenas por rir, ria porque a felicidade proveniente disso te orienta à Felicidade que guia à Renúncia e à Paz Interior. Lembrar dessas intenções benéficas e fazê-las crescer é papel de Sati, Atenção Plena, a faculdade de "lembrar". Então, direcione suas intenções dessa maneira, sempre canalizando-as em direção à Contemplação da Existência Condicionada, ao reconhecimento da alegria da renúncia para o surgimento da sabedoria. Ser feliz devido aos condicionamentos ("Agora posso descansar! Agora estou fazendo o que queria! Agora estou diante de uma bela paisagem!") é muito frágil se comparado ao ser feliz com intenção de preparar um solo fértil para a Sabedoria. Quando você tem a intenção de gerar felicidade pela sabedoria, todos os momentos são oportunidades.
Eu não lembro onde li isto e nem quem disse isto (se foi Ajahn Chah ou Ayya Khema), mas um deles disse que não devemos ver apenas a beleza de uma árvore, mas perceber a impermanência nela, as folhas que caem, as folhas que nascem - tudo está em constante mudança. E é justamente por isso que você pode encontrar coisas positivas em qualquer coisa: porque onde há impermanência, há intercambialidade. Os opostos se complementam e se justificam, e a Dualidade mostra-se ilusória na existência condicionada. Dessa maneira, podemos encontrar ambos felicidade e sofrimento em todos os momentos. Nos momentos ruins, lembramos da Impermanência e desapegamos - Contentamento. Nos momentos bons, lembramos da Impermanência e desapegamos - Contentamento. Esse Contentamento é diferente do conceito usual que temos de Felicidade. Não é a Felicidade dependente dos condicionamentos, dependente de ter conseguido alguma coisa. É a Felicidade que surge da prática de abrir mão e reconhecer que a renúncia é o refúgio para além de tudo o que é Impermanente. Quando somos felizes assim com intenção, com a intenção de desapegar, percebemos que o Contentamento é necessário para Sabedoria de forma indireta. Porque, na verdade, o que é necessário para a Sabedoria surgir é o Aquietamento, a mente meditativa; só que para o Aquietamento acontecer, é necessário se sentir contente em fazer isso, é necessário reconhecer o valor disso. Por isso não é você quem faz a meditação! Você precisa conhecê-la, perceber o valor que há no Desapego e intensificar o Contentamento em desapegar, de tal forma que sua mente fará isso sozinha. Portanto, encontrar o Contentamento no Desapego é essencial para a Sabedoria. E para encontrar esse Contentamento é necessário o Entendimento Correto.
[Monja Coen]: "...a capacidade de ficar satisfeito é interna e profunda. É estar contente pela existência em si. Tudo o que pode acontecer faz parte de nossa vida. Nada temos a excluir, nada temos a desejar.
Buda, em seu último sermão, pouco antes de morrer, disse a seus discípulos que quem conhece a satisfação penetra a grande sabedoria suprema.
Estar contente e satisfeito não é apenas ficar rindo à toa. É uma sensação profunda que vem do encontro com si mesmo. Sofrimentos e alegrias, dores e prazeres, falta e abundância, reconhecimento e injustiças, tudo isso existe em dualidade." - (retirado de Contentamento - humaniversidade/ que retirou de "Revista da Hora")
Assim, uma perspectiva linear seria: Entendimento Correto gera Intenção pela renúncia. Quando a renúncia é praticada, nos sentimos contentes. Esse contentamento ajuda a mente a se pacificar e a se unificar na meditação - é essa mente aberta e receptiva que conhece as coisas como elas de fato são.
Por favor, não pense que eu estou dizendo que é errado se sentir feliz vendo um pôr do Sol ou contemplando uma bela paisagem. O que eu estou querendo dizer é que é limitado pensar que o Contentamento na prática budista é apenas isso, é mais do que isso e a intenção ao cultivar esse sentimento deve ir além disso. A intenção é reconhecer a Impermanência das coisas e ser capaz de estar satisfeito com qualquer coisa no agora, porque todas elas são impermanentes. Assim, em todos os momentos o Dhamma estará nos ensinando - tanto nos momentos bons quanto nos ruins. E ele só pode nos ensinar quando estamos abertos e receptivos, ou seja, quando estamos alegres e contentes. Mas esse Contentamento deve ser Alerta, não fique alegre simplesmente por estar alegre, seja "alegre com intenção". Canalize essa alegria para contemplar as 3 características de tudo e reconhecer a grande felicidade proveniente da renúncia. Aquela definição de "sempre ver o positivo no agora" é justamente reconhecer que em todos os momentos o Dhamma pode nos ensinar. Se você achar que o positivo é apenas uma bela paisagem, você não vai perceber o que paisagens não tão belas [como uma trilha cheia de cocô! rs] estão te ensinando. Ajahn Chah sempre alertava para não ficarmos felizes quando conseguimos o que queremos e tristes quando não conseguimos o que queremos - devemos estar plenamente atentos no agora à Impermanência de tudo. Dessa maneira, você pode usar seus pertences e suas fantasias desse mundo comercial e mercantil com muita leveza e sabedoria e com uma intenção muito mais profunda. Eu sempre digo: não trabalhe apenas por trabalhar. Canalize a ação mais mundana pelo objetivo supremo: você trabalha para conseguir dinheiro de tal forma que você possa se sustentar e praticar o Dhamma. Quando você se baseia nessas intenções, não importa o que você faça, se você conseguiu algo ou não, se fracassou ou ganhou, se está num lugar bonito ou não, se seu café está quente ou está frio, não importa: a sua felicidade, a sua alegria, a sua intenção é renunciar. É desse verbo que o Contentamento deve nascer. Quando esse Contentamento fica mais profundo e poderoso, ele se transforma em Piti e Sukha (Alegria e Felicidade), fatores meditativos que nos conduzem aos Jhanas.
Portanto, esteja atento tanto ao pôr do Sol quanto à tempestade: ambos estão te ensinando que tudo é impermanente e que não é "você" quem controla as coisas.
[Ajahn Brahmavamso]: Quer estejamos em casa, quer estejamos com saúde ou enfermos, quer o clima esteja frio ou quente, o que quer que aconteça, podemos desenvolver esse belo contentamento através do Dhamma.
Vendo esse mundo tal como ele é, que não podemos controlá-lo, que faz parte da vida às vezes estar quente, às vezes frio, às vezes obtermos êxito, às vezes fracassarmos, às vezes fazermos coisas maravilhosas, às vezes fazermos coisas tolas.
Essa é a natureza da vida, mas podemos nos contentar com ela, podemos estar em paz com ela. É uma questão de mudarmos nossa atitude em relação à vida. E esse é um dos grandes ensinamentos do Dhamma. Quando as pessoas desistem de tentar mudar o mundo e mudam sua atitude em relação a ele, em outras palavras, ficam em paz com o mundo, elas realmente estão desenvolvendo compaixão e sabedoria.
Essas pessoas podem estar contentes em qualquer lugar, onde quer que estejam, mesmo num local desagradável tal como esperando um avião num aeroporto ou fazendo uma longa viagem. Seja se estiverem em casa cozinhando, seja se estiverem fazendo uma limpeza, seja se estiverem apenas descansando de noite, qualquer coisa que elas estejam experimentando, é sempre possível mudar a atitude em relação ao que estiver acontecendo.
Essa é uma parte tão importante do Dhamma: simplesmente aprender a estar contente no maior número de momentos possível. Esse contentamento significa não querer estar em nenhum outro lugar do mundo, fazendo alguma outra coisa qualquer, ao invés de simplesmente estar no aqui e agora." - (retirado de Contentamento - acessoaoinsight)
Não queira estar em outro lugar ou outro instante, porque tudo é impermanente. Então, não importa para onde você vá, aquilo sempre vai mudar. Portanto, renuncie a esse desejo e volte ao agora. O Dhamma está aqui! O Dhamma está ensinando a todo o momento, basta você observar. Pensar sobre o Dhamma é diferent de sentir o Dhamma no presente momento. Dessa maneira, o Desapego será não apenas do ontem e do amanhã, mas também no e do agora.
Dessa maneira, concluo dizendo que não contrariei Ajahn Thanissaro! [rs] Muitas coisas no Dhamma são questão de linguagem e interpretação. Falar que Contentamento dá origem a Piti, por exemplo, é apenas uma separação que fazemos na linguagem para diferenciar a felicidade da renúncia à medida que ela fica refinada. Por isso, tome cuidado quando você está aprendendo o Dhamma através das palavras. No final das contas, tanto eu quanto Thanissaro Bhikkhu concordamos que Contentamento para ficar estagnado e pensar que não há algo a alcançar é tolo. Há algo a alcançar, mas não tente alcançar da forma convencional. É só quando você está feliz com o ato de renunciar que isso é alcançado. Só quando você entende o valor da renúncia com Entendimento Correto e, assim, permite o abandono e o Desapego é que você conquista o objetivo da prática. Perceba que abandonar e conquistar são antônimos - mas na prática um leva ao outro dessa maneira. Ao mesmo tempo, se sua felicidade depende de renunciar, não importa se você está vendo uma paisagem bonita ou não - você ainda está praticando, não está feliz á toa, está "feliz com intenção".
Logo, tanto eu quanto Thanissaro Bhikkhu concordamos que se você sair de Jhana e apenas ficar distraído com aquela felicidade, sem canalizá-la para contemplar o Dhamma, sem usar aquela alegria com intenção sábia, você não vai sair do lugar. Então, amplie a ideia que você tem dessa palavra "Contentamento"! Isso não é apenas estar satisfeito com o momento presente, é se sentir feliz com a renúncia e com o desapego, quer seja do passado, futuro ou presente. Assim, temos um Contentamento que nos leva adiante, e não que nos deixa estagnados no agora. Foi isso o que o Buddha fez:
[Buda]: "[...] quando eu ainda era um Bodisatva não desperto, pensava: ‘A renúncia é boa. O isolamento é bom.’ Porém o meu coração não ficava excitado com a renúncia, não ganhava confiança, decisão e firmeza, vendo-a como estar em paz. O pensamento me ocorreu: ‘Qual é a causa, qual é a razão, porque meu coração não fica excitado com a renúncia, não ganha confiança, decisão e firmeza, vendo-a como estar em paz?’ Então o pensamento me ocorreu: ‘Eu não vi as desvantagens dos prazeres sensuais; eu não insisti (nesse tema). Eu não compreendi as recompensas da renúncia; eu não me familiarizei com isso. Essa é a razão porque meu coração não se excitava com a renúncia, não ganhava confiança, decisão e firmeza, vendo-a como estar em paz.’
[...] Dessa forma mais tarde, tendo visto a desvantagem dos prazeres sensuais, eu insisti nesse tema; tendo compreendido as recompensas da renúncia, eu me familiarizei com isso. Meu coração ficou excitado com a renúncia, ganhou confiança, decisão e firmeza, vendo-a como estar em paz. Então afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entrei e permaneci no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento." - (retirado de Tapussa Sutta - acessoaoinsight)
Ele não pensou: "Devo estar contente com o que eu tenho. Eu tenho os prazeres sensuais, então ficarei satisfeito com isso!", não foi isso que ele fez. Ele percebeu a Impermanência nessas coisas e contemplou tal característica continuamente, até reconhecer que o Desapego é muito mais 'recompensatório'. Isso fez surgir nele um Contentamento pela Renúncia, e, assim, ele permitiu que seu Desejo pela Sensualidade cessasse. Ele não ficou tentando forçar sua mente: "Isso é Impermanente! Largue! Largue! Entre em Jhana!", ele ensinou a mente aos poucos (lembre-se que o Esforço deve ser embasado em Entendimento Correto), continuou insistindo em contemplar a Impermanência, foi aprofundando seu Contentamento continuamente, até que Jhana aconteceu por si mesmo. Entendimento Correto > Intenção pela renúncia > Contentamento ao renunciar > Permitir que o desapego aconteça > Meditação profunda > Conhecimento das coisas como elas de fato são.
Quando isso fica forte, a prática começa a acontecer automaticamente, como dizia Ajahn Chah. Você chega no 4º Jhana e sente um prazer maravilhoso, porque nesse estado você renunciou a muitas coisas. Mas quando você sai desse estado, o Contentamento não diz apenas para ficar com aquilo. O Contentamento não é direcionado apenas a gostar do estado meditativo (isso é um Apego sutil), mas é direcionado a gostar do Desapego. Assim, quando você sai de Jhana você não fica triste porque acabou - é Impermanente, o que esperava? Ao sair, o que você deve fazer é usar a mente poderosa pós-Jhana para contemplar as Características e realizar os Frutos da Iluminação. Logo, tudo o que é feito - agir com virtude, reverenciar estátuas do Buddha, fazer doações, estar contente com o agora, meditar, ler os Suttas - é direcionado única e exclusivamente para isso: reconhecer a felicidade em desapegar. Quando alguém é feliz por desapegar, o Desapego acontece por si mesmo. Quando a mente se desapega dos pensamentos sozinha (porque o Entendimento Correto já a condicionou a permitir o desapego acontecer), a meditação fortalece a mente. Essa mente meditativa enxerga as coisas como de fato são e se liberta.
Portanto, é assim que o Contentamento deve ser visto - experimente por si mesmo esse Contentamento de ser feliz apenas por desapegar. Ver o pôr do Sol é bonito, meditar é maravilhoso, mas direcione toda a alegria ao Desapego embasado na contemplação das 3 Características. Dessa maneira, conheceremos a felicidade que independe das condições, que independe de se estar na meditação ou no meio de muitas pessoas, que independe de se estar vendo um belo pôr do Sol ou de se estar caminhando numa trilha cheia de fezes. Essa será a felicidade da Atenção Plena que ao ver a Impermanência em tudo culmina na Sabedoria, que culmina no Desapego. Tal desapego você não pode forçar, porque forçar o Desapego é um Apego. Portanto, sinta-se contente por desapegar e não tente ser um praticante rápido. Alguns, antes de chegar a Jhana ficam pensando "Vou alcançar Jhana e não vou me apegar!", mas nem sentiram Jhana. Isso vira Aversão! Lembre-se, o Buddha teve de insistir nas desvantagens de cada etapa por muito tempo. Essa é a insistência na Contemplação, é a fortificação do Entendimento Correto que mostrará que o Contentamento duradouro está no Desapego, no permitir cessar.
Para aqueles que são intelectuais e que pensam demais, encontrando "controvérsias" no Dhamma, provavelmente vão ter sido inteligentes [para mim pensar demais também foi um problema] para dizerem: "mas desapegar é uma formação Impermanente!". Só que o Buddha ensinou que existe o Karma que leva além de Karma, o Desejo para além dos Desejos, as formações para além das formações, o Desapego para além do Desapego - porque quando não há nada mais apegado, do que alguém poderá se desapegar? Essa é a sutileza do Caminho do Meio. Não tente pensar demais sobre ele, tente praticar sem pensar demais. Além disso, compreenda que algumas formações levam ao fim das formações, da mesma maneira que estamos usando essa existência condicionada para alcançar o Incondicionado. Por isso aquele símile da flor de lótus: somente através da lama o lótus floresce acima dela.
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Contentamento não é apenas admirar o pôr do Sol

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