- andrepvjr escreveu:
1- Como encontrar uma Sangha?
Será que você também não está com muitas expectativas? No começo você vê uma grande avalanche de pensamentos. Um pouco depois você comece a discernir o que cada pensamento está dizendo. Aí, você começa a se conhecer. Mais tarde, surgem instantes de silêncio, mas são vislumbres, pequenos momentos. Memórias vão se manifestando. Com o tempo, esse intervalo de silêncio vai aumentando, mas continuam surgindo pensamentos, um aqui e outro ali, e por aí vai. Então, o avanço é bem lento e gradual, vá com calma!
Dependendo da pessoa, ela pode não estar um espaço para meditar - eu sou uma delas rs. Geralmente eu medito no meu quarto, e tem muitos pássaros por todo o lado, muitos automóveis na rua, e coisas que poderiam parecer mais interessantes do que meditação para muitas pessoas. Mas se você meditar de olhos fechados fica menos difícil. Se der vontade de fazer outra coisa, deixe essa vontade ali, não mexa nela. É como se você fosse uma pessoa passando por uma rua cheia de gente te chamando. Você ouve pessoas chamando - isso você não pode negar. O que você deve fazer? Não responda, e nem tente afastar a pessoa. Continue caminhando e deixe a pessoa chamando, isso é, deixe o pensamento tentando chamar sua atenção, mas não o alimente, nem tente expulsá-lo. Se não surgir o silêncio, tudo bem, perceber milhares de pensamentos sem se envolver muito com eles é um grande avanço que requer seu tempo. O silêncio virá no momento certo.
Tente meditar de olhos fechados - eu mesmo medito mais de olhos fechados do que abertos.
De qualquer maneira, uma Sangha é muito importante. Não vou saber te dizer uma pelo CEP, mas clicando aqui você pode ver informações sobre vários centros de Dhamma no Brasil. Vá no estado de SP e você achará vários.
Quanto às Escolas, ainda não postei muitas coisas mesmo. O mais útil nesse sentido é o "A que Escola pertenço?", e também as dúvidas que tirei de outros membros. Dê uma olhada lá na última categoria no Fórum e terá esses tópicos. Não tem muita informação ainda, mas vai te ajudar a se localizar um pouco.
Theravada é pouco difundida no Brasil, tem um pequeno centro em SP. Budismo Zen e Tibetano são mais divulgadas, e eu os aconselho tanto quanto a Theravada, que eu sigo. São ótimas Escolas. Mas leia as coisas que eu postei para se situar melhor, pode mandar perguntas sobre Escolas novamente se quiser, mas conhecer diferentes Sanghas também pode ser mais revelador.
- andrepvjr escreveu:
- 2- Posso ser budista e praticar Yoga ao mesmo tempo?
Sem problema, de fato as filosofias de ambas são bem semelhantes. Não vou saber falar muito sobre, sei pouco sobre Yoga, mas gostaria só de ressaltar um ponto: pelo que eu já li (posso estar errado), a Yoga busca, através da meditação, alcançar o estado de unificação para compreender nossa essência. O Budismo envolve isso, mas também vai um pouco além. Lembre-se do caminho: Virtude -> Meditação -> Sabedoria; a mente meditativa deve ser usada para investigar a realidade. Mas não há problema em praticar ambos ao mesmo tempo.
Quanto a atividades físicas, sugiro que experimente também atividades aeróbicas. Ginástica localizada é para ganhar músculo, aeróbica é para perder gordura - e o que ginástica aeróbica? Justamente aquelas atividades mais agitadas e até "dançantes". Experimente-as também, o que envolve também pular corda, natação ou bicicleta - isso ajudou inclusive a mim, que já tive sobrepeso. Fica a dica!
- andrepvjr escreveu:
- 3- Em uma sangha eu preciso me vestir com um manto ocre como o Sidartha usava ou se posso me vestir como me visto normalmente?
Não. O uso de mantos é apenas para monges. Tanto que quando uma pessoa vai abandonar a vida monástica, se diz que ela "está largando o manto". O manto de cor ocre é usado por monges da Theravada; no zen usam vestimentas mais escuras; no tibetano o manto é vermelho; e por aí vai. Mas o uso de mantos é restrito a monges, não a leigos (não-monges) como nós.
Siddhartha propôs o uso de mantos essencialmente por dois motivos: motivando simplicidade e Atenção Plena - usar manto envolve algumas novidades no modo de viver e se vestir, e isso exige que a pessoa fique mais atenta. Além disso, um monge sênior usa o mesmo manto de um monge novato, o que busca derrubar diferenciação de status por aparência.
- andrepvjr escreveu:
- 4- Tudo bem eu evitar discutir sobre o budismo?
Na verdade não é que é "tudo bem", mas é "perfeito" que você evite discutir o Budismo. Isso é uma coisa que qualquer pessoa que decide ser budista aprende com o tempo: diferenciar discutir de propor. Eu tive dificuldade com isso! No começo eu tentava provar para minha mãe que o Budismo era algo benéfico e que ela devia praticar, mas ela não escutava. Eu lembro que no Zen tem uma frase assim: "Quando mais você empurrar alguém pela porta, mais essa pessoa se afasta.". Às vezes nós tentamos empurrar alguém para uma porta que trará felicidade a ela, mas essa pessoa não vai. Na verdade, se tentarmos forçar, a pessoa se afasta, porque ela se sente constrangida, e não entra na porta por entendimento, mas por força. Então, não podemos fazer nada! Como a Monja Coen diz: podemos apontar "há uma porta", mas quem entra é a pessoa. Eu fico respondendo no Yahoo não para empurrar as pessoas pela porta: "Tornem-se budistas!", estou apenas apontando: "Budismo não é isso e isso; mas Budismo é isso e isso. Essa é a porta, entre se quiser. Ficarei feliz em ajudar se assim desejar.". Mas às vezes ainda me desvio disso, como eu mostrei neste tópico:
https://sangha-online.forumeiros.com/t119-nao-elogie-o-budismo-diga-que-ele-pode-estar-errado-quem-sabe#402Então, não discuta o Budismo - "aponte-o". O Buda disse para não tentarmos defender o Budismo por orgulho, mas apenas para falarmos o que é real e o que não é - pronto. Não é falar: Você está errado, eu estou certo. Apenas diga: "Budismo não é isso; Budismo é isso.". Não precisa falar errado x certo com o Ego fervendo, apenas diga o que é real e deixe a pessoa se decidir. Não tente engrandecer o Budismo, apenas aponte o que ele é - se a pessoa ainda não entendeu, deixe de lado, ela não está pronta para entender. O que eu fiz nesse tópico aí foi justamente isso! Eu sabia que minha mãe não queria ouvir sobre, então, deixei de lado. Às vezes eu falo algo que é benéfico, e a pessoa me fala: "Você está errado.". Surge um orgulho na minha mente, mas como reajo a isso? Eu digo: "Realmente, eu posso estar errado.". Fim. Não tento argumentar. Não aumento o meu Ego. Deixo a pessoa ver-se como certa e eu como o errado. Se ela não quer ouvir, não fale. Isso é praticar aquela frase: "É mais importante estar em paz do que estar certo.".
O próprio Buda disse: apenas aponte o incorreto como incorreto e o correto como correto, não tente distorcer as coisas ou omitir o que o outro discorde: mostre tudo o que puder e deixe a pessoa fazer sua escolha.
[Buda]: “Monges, se alguém falar difamando o Buda, o Dhamma ou a Sangha, vocês não deveriam ficar com raiva, ressentimento ou perturbação por conta disso. Se vocês ficarem com raiva ou descontentes, isso será apenas um obstáculo para vocês. Pois se outros difamam o Buda, o Dhamma ou a Sangha e vocês ficarem com raiva ou descontentes, será possível que vocês saibam se aquilo que eles dizem é correto ou não?
[Monges]: Não, venerável senhor.
[Buda]: Se alguém difamar o Buda, o Dhamma ou a Sangha, então vocês devem explicar aquilo que é incorreto como incorreto, dizendo: ‘Isso é incorreto, isso é falso, esse não é o nosso modo, esse tipo de coisa não é encontrada no nosso meio’.
Mas, monges, se alguém falar elogiando o Buda, o Dhamma, ou a Sangha, vocês não deveriam ficar satisfeitos, contentes ou exultantes por conta disso. Se vocês ficarem satisfeitos, contentes ou exultantes com o elogio, isso será apenas um obstáculo para vocês. Se alguém elogiar o Buda, o Dhamma, ou a Sangha, vocês devem reconhecer a verdade daquilo que é verdadeiro, dizendo: ‘Isso é correto, isso é verdadeiro, esse é o nosso modo, esse tipo de coisa é encontrada no nosso meio’.” - andrepvjr escreveu:
- 5- Se eu não puder contribuir financeiramente com a sangha, serei convidado a abandona-la?
Nunca ouvi de uma Sangha que agisse assim. Geralmente, a Sangha não existe contribuições financeiras, apesar delas serem bem-vindas. Contribuições financeiras só são exigidas quando ocorrem retiros, mas se você for lá, pedir conselho ou praticar meditação eles não exigem contribuição financeira - dê o que você puder, colabore na medida do possível.
Além disso, pode ser que o sistema mude de sangha para sangha, mas no geral o que eu vejo é isso, ninguém vai te convidar a abandonar a sangha por dificuldades financeiras da sua parte.
- andrepvjr escreveu:
- 6- Porque a orelha do Sidarta e das pessoas daquela época é cumprida?
Não se preocupe muito com os estereótipos dos Suttas, ou seja, não se preocupe muito com fisiologismos e aparências físicas e nem as mitologias (isso não inclui Renascimento: Renascimento é doutrina essencial do Budismo). Apesar disso, eu apontei as maiores possibilidades aqui:
Por que os lóbulos das orelhas de Buda eram alongados?Espero ter ajudado