Anne
Define-se budista? : Não Mensagens : 1
| Sáb 15 Mar 2014 - 18:16 | |
| Boa tarde. Meu nome é Tainá e sou do interior de São Paulo. Sempre busquei alguma religião em que me sentisse bem e acolhida, que me livrasse do sofrimento que sinto há muito tempo, ouvi a respeito do budismo há mais ou menos 5 anos mas nunca procurei me aprofundar ou conhecer mais sobre essa religião. Faz alguns meses que essa vontade de saber a respeito dela me motivou e espero sanar algumas dúvidas e obter algum conhecimento através do fórum. Um abraço a todos. |
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William - Admin
Local : SP Define-se budista? : Sim Mensagens : 504
| Dom 16 Mar 2014 - 22:23 | |
| Saudações Anne, seja bem-vinda ao Fórum Sangha Online Ou Tainá, certo? Quem sabe o Budismo lhe seja acolhedor. Felizmente é o que eu ouço de muitas pessoas, e foi o que aconteceu comigo. Na verdade, foi como um "retorno ao lar", como se eu tivesse encontrado algo que eu já estava procurando e que, afinal, todos procuram de alguma forma - um caminho que leve para a liberdade do sofrimento, isto é, para a paz. Basicamente, ser budista é ter dois olhos (ver tanto os aspectos negativos quanto positivos), buscar um equilíbrio (Caminho do Meio), desenvolver bons hábitos atentando as suas intenções (Virtude), construir um Entendimento Correto que leve a essa prática e aprender a meditar e a utilizar as coisas com Desapego e Compaixão. Afinal, o segundo fator do Nobre Caminho Óctuplo, Intenção Correta, é resumido em: Renúncia, Compaixão e Amor-Bondade. Isso basicamente resume a atitude que Buddha tentou nos ensinar - usar as coisas com Desapego, aprender, gradualmente, a ser independente das coisas externas, ao passo que se aprende a encontrar cada vez mais felicidade em si mesmo apenas porque você é virtuosa, atenta, plenamente presente e compassiva. Para desenvolver novos hábitos você acaba sendo aprendiz e mestre ao mesmo tempo, porque você precisa tanto aprender quanto ensinar a si mesma. A Meditação nos auxiliar a perceber que existe uma "coisa" na mente que é capaz de sair da confusão da mente e olhar de fora. Isso é o fundamento da humildade, afinal, o que é humildade? Franqueza, reconhecer as coisas como elas realmente são. Então, quando você desenvolve a Atenção Desapegada através da meditação e prática budista, você vai aprendendo a observar e perceber: "Estou nervosa.", "Quando ele falou isso, meu corpo reagiu dessa maneira.", "Me sinto cansada e, por isso, surgiu esse desejo de buscar prazer nessa determinada coisa.". Através dessa observação nós vamos testando e descobrindo novos meios de ensinar a mente a criar hábitos cada vez mais benéficos e a aprender a encontrar a felicidade que oriente à Paz Interior, dependendo cada vez menos dos prazeres sensuais. Além disso, nós aprendemos a observar as coisas em sua última realidade, e percebemos como várias das nossas crenças acerca da mente provêm de nossas culturas. Por que tememos a morte? Por que somos aversivos ao odor natural do corpo? Por que nos constrangemos quando alguém não quer comer mais a nossa comida? Todas essas coisas são convenções socioculturais! Nos perfumamos para não incomodar aos outros... Aqui há esse constrangimento "gastronômico", mas na Índia é mais bonito você deixar um pouco de comida no prato para insinuar que lhe foi dado tanto alimento, que você foi tratado com tanta hospitalidade, que nem conseguiu comer tudo. Então, você percebe como as convenções no mundo interferem em nossa felicidade, se as tomamos como realidade última. Mas, quando investigamos a mente, podemos ver o que ela realmente é, e assim diferenciamos aquilo que usamos (nossos nomes, nosso corpo, nossos hábitos, nossos pertences materiais) daquilo que somos. Ser budista não é ser pessimista, cuidado rs. Afinal, o que é ser pessimista? Um oriental e ocidental vão dar respostas diferentes. Então, precisamos tomar cuidado com os condicionamentos e conhecimentos que adquirimos em nossas culturas, abrir nossas cabeças e realmente questionar - a atitude budista é pessimista ou o quê? Investigue com calma. Pergunte o que quiser por aqui. Ficarei feliz em ajudar e, naturalmente, posso ser ajudado por você. Ambos podemos ser mestres e aprendizes um do outro, como de nós mesmos. |
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