Olá AsmitaNoVirgo
Independente do caminho que você escolher, por favor, apenas abrace a si mesmo - especialmente quando somos rejeitados pelos outros é que precisamos ser um refúgio para nós mesmos mais do que nunca.
Talvez você não sirva para ser budista... Mas, por favor, jamais acredite que você não serve para cultivar um bom coração, para ser generoso, para ser compassivo, para sentir-se pleno e oferecer isso aos outros, pois as sementes para isso estão dentro de todos os seres, mesmo dos seres humanos psicopatas rsrs...
Se você quiser abandonar o Budismo, tudo bem... Mas não abandone o desejo por tentar desenvolver a felicidade e a bondade no seu coração - é isso que é Budismo, afinal de contas rsrs.
Mas o mais importante mesmo é aceitar-se. Se há um paradoxo que todos descobrem quando começam a aceitar a si mesmos, é que para você se aperfeiçoar, primeiro você precisa se aceitar. Geralmente as pessoas se odeiam, não se suportam, não se aguentam, não se toleram e acham que através do ódio, do remorso ou da tristeza irão, de alguma forma, mudar a si mesmos ou melhorarem a si mesmos... e então chega uma hora que desistem e vão levando a vida, sem muita expectativa. Essa não é a forma de amadurecer.
É muito difícil lidar com a rejeição dos outros, especialmente quando isso vem desde muito cedo... Porque aí quando começamos a nos entender por gente, a sermos mais conscientes das coisas, nós já temos uma fixação na cabeça de que precisamos tentar agradar os outros a qualquer custo e que, ao mesmo tempo, nós nunca seremos bons o suficiente para as outras pessoas. Aí nós concluímos que os outros são maus - mas acabamos respondendo com maldade também. O que adianta esperar dos outros algo que nós não iniciamos por nós mesmos?
Mas não é sentindo-se culpado por isso que nós podemos nos purificar. Às vezes nos esforçamos tanto no caminho que chega um ponto que começamos a nos odiar, porque não conseguimos abandonar aquela raiva ou aquele amargor que surgiu na mente, e aí não sabemos o que fazer.
O que deve ser feito é acolher. Não importa o que seja - acolha. Acolha o que surgir na sua mente porque é isso que você terá para trabalhar. Você não pode transformar algo que você não seja capaz de acolher.
Não estou dizendo para você gostar da raiva, amar o ódio... Estou dizendo para você aceitar
Aceite que essas qualidades existem na sua mente com forte intensidade, e comece a se familiarizar com elas. Observe o que você pensa, observe o que você diz por impulso, mas não se odeie por isso. Eu mesmo precisei fazer muita coisa errada antes de começar a melhorar rsrs... Só que eu fazia quase que conscientemente
O que quero dizer é que no começo, antes de tentar mudar a si mesmo, trabalhar a sua raiva ou tentar diminui-la, é interessante você aprender primeiro a observar isso SEM AVERSÃO. Porque geralmente nós achamos que se surge uma qualidade ruim na mente, o mais sábio, o mais espiritual, o mais nobre e digno a se fazer é tentar repelir aquilo com bastante força... Mas isso é jogar sal na água salgada... É responder a raiva com raiva. Se você quer enfraquecer a sua raiva, acolha-a primeiro. Aceite-a. Abrace-a. Qualquer coisa que surgir, aceite que aquilo está ali, na sua mente, e que é com aquilo que você vai trabalhar. Então você começa a explorar... Começa a observar como é sentir raiva... E começa a questionar qual a lógica disso.
Mas por favor, não faça o que os outros estão fazendo com você. Não repita o que os outros estão fazendo. Se há já pessoas te rejeitando, te pondo para baixo, não faça isso você também... Eis um momento em que você precisa tanto de si mesmo - então ajude a si mesmo! Eu digo isso porque já sofri muita rejeição também
Ainda sofro
Seja pela minha opção espiritual, opção sexual, opções da vida, jeito de ser, entre outras coisas... E eu já ouvi por muito tempo, e ainda continuo ouvindo mesmo de pessoas importantes para mim, que eu preciso mudar, que eu preciso "melhorar"... Na verdade eu ouço mais ou menos as mesmas coisas que eu lembro de ouvir quando eu era criança, mas embora as coisas externas sejam semelhantes, eu mudei bastante - e isso é possível. Por muito tempo eu acreditei que só seria feliz quando fosse aceito, quando achasse meu grupo, ou quando eu fosse admirado pelos outros... E hoje eu sinto um alívio enorme de ter parado com essa busca. Com essa busca de me encaixar nas expectativas dos outros, ou de me comportar como os outros, de adquirir o tom de voz de rapazes da minha idade ou o que quer que seja que nossas mentes possam inventar, só para dizer "Eu desejo isso"... Eu me esforcei por muito tempo, tentando melhorar a mim mesmo, e nunca estava bom o suficiente. Embora agradasse alguns por um tempo, para a outra ainda não estava bom... E aí você vai se conformando que você tem um problema e de que não tem mais jeito... Mas o problema é essa busca, é esse desejo... É essa ideia de que nós temos que mudar, de que nós temos que melhorar para sermos felizes. Ou ainda - de que os outros têm que mudar suas opiniões para sermos felizes. Os outros deveriam me aceitar mais, ou parar de me criticar, me elogiar... e aí serei feliz - são essas ideias e desejos que são o problema. Enquanto nós acharmos que o problema são as outras pessoas, o nosso corpo, a nossa voz, nossa orientação sexual, os padrões estéticos da sociedade ou seja lá o que for, nunca haverá descanso. A busca irá se estender até a morte, quando, enfim, perceberemos que todos nós terminamos quase na mesma situação. Riquezas, posses, beleza, elogios, status, fama, uma boa família, pessoas que gostavam de nós, que não gostavam, contas a pagar, boas notas na faculdade, seja lá o que for - tudo se desmancha quando morremos. E aí a única coisa que tem valor são as qualidades da nossa mente.
Então, comece a olhar um pouco os vídeos de monges ou pessoas que elogiam um caminho espiritual, e comece a perguntar a si mesmo: será que você não está buscando a sua felicidade no lugar errado? Enquanto você achar que a sua paz depende dos elogios dos outros ou da sua aparência, a sua busca nunca vai terminar, seus desejos continuarão sendo frustrados, e você terá cada vez mais ódio de si mesmo.
É um alívio quando você percebe que você não precisa mudar nada para estar em paz. Nada. Você já é perfeito tal como é.
Não precisa mudar nada, absolutamente nada. Porque para estar verdadeiramente em paz, a única coisa que se pede é ser uma boa pessoa, e mais nada além disso. Só que para desenvolver bondade no coração, é necessário tempo. E não adianta ser impaciente e se odiar por isso, porque aí você estará cultivando justamente o oposto do que é para ser cultivado.
Então, comece a investigar o que verdadeiramente é importante. Eu sei que lá fora as pessoas acreditam que tudo depende das aparências e tudo o mais, mas quando elas ficarem velhas, o que é que realmente vai importar? Quando elas morrerem, o que é que realmente irá fazer diferença? O que é que realmente tem valor?
Por favor, dê tempo e bondade a si mesmo para investigar isso aos poucos, e aos poucos você irá entender que pode aceitar a si mesmo tal como é. E é tão bonito quando essa convicção cresce no coração. Chega um ponto em que você sente-se tão inspirado, que você diz a si mesmo: "Eu não preciso mais me esforçar para me ajustar... Enfim, posso descansar de todos aqueles esforços." Aí você aceita a si mesmo, e reconhece um amor e uma paz dentro de você que ninguém pode tirar. E aí pode surgir essa convicção de que não importa o que os outros façam com você, será bom o suficiente, porque o que realmente importa é cultivar a mente e o coração. Então, qualquer coisa que a vida, as pessoas ou a sua mente apresentarem, você acolhe - porque qualquer coisa é boa o suficiente para ser generoso - ou pelo menos ir tentando ser generoso
E à medida que essa convicção, essa confiança, essa inspiração cresce, você vai percebendo que mesmo a difamação, mesmo as críticas, mesmo o ódio, mesmo a tortura, mesmo a morte são bons o suficiente... Isso não é utopia. Eu lembro de um momento de inspiração meu em que me lembrei de uma pessoa que me humilhou em público me puxando pelas orelhas (doeu, viu? rs) e me chamando de coisas nojentas... Eu me senti muito sujo naquele dia... E me lembro bem da raiva que eu tinha daquela pessoa... Mas então, num momento de inspiração, eu me lembrei dela e senti no coração um calor, e de repente pensei "Mesmo se essa pessoa fizesse tudo aquilo para mim de novo, isso também seria bom o suficiente para estar em paz, porque agora minha paz não depende mais dos outros - mas sim das intenções que eu cultivo." e assim pude desejar que essa pessoa fosse feliz.
Agora, é o seguinte: se você não consegue sentir isso, ou não consegue nem saber por onde começar,
não se odeie por isso! Até mudei a cor
Não se odeie, porque cada um de nós tem o seu próprio tempo de desenvolvimento... E isso não é tão importante... Há pessoas com capacidades espirituais e meditativas incríveis que afundam devido ao seu orgulho e vaidade... Então não adianta se julgar de acordo com as qualidades ou pensamentos habituais que você tem no coração, ou seu nível de raiva ou seja lá o que for rsrs...
Então, não se odeie. Aceite-se. Acolha-se. E comece a trabalhar consigo mesmo com paciência e bondade. Meditação é uma forma maravilhosa de fazer isso, especialmente quando temos uma mente que não para... O melhor a fazer é ouvir a mente. Sempre que você tiver alguma coisa na mente que você não consegue lidar ou trabalhar, sinta, observe aquilo... Se sua mente tiver muita raiva, relaxe e esteja com aquilo... Pare de tentar calar a mente voltando a sua atenção para arespiração ou para o mantra (Omm... nossa essa mente não para... padme hum) rsrs... Se nada estiver funcionando, relaxe e esteja com aquele barulho que você não consegue silenciar. Sinta-o... Observe-o, esteja com ele... E assim, aos poucos, você poderá aceitar a si mesmo, conhecer a si mesmo e então experimentar algumas formas de treinar a mente e ir vendo os resultados...
Olhe também os vídeos de alguns monges, algumas pessoas espirituais, e realmente questione-se: você não acha que existe uma paz interior? Investigue isso, e talvez você perceba que mesmo que tenham dito sempre para você que você é horrível, independente disso você ainda pode fazer amizade e as pazes consigo mesmo... Independente do que disseram ou de como você for, você pode aceitar a si mesmo. Não é preciso ser muito inteligente, ter uma voz grossa, ter um corpo atlético ou um cabelo legal (ou ter cabelo [?]) para cultivar um bom coração. Qualquer coisa é boa o suficiente para cultivar um bom coração. Quando eu digo qualquer coisa, eu quero dizer:
- qualquer experiência mental: raiva, ódio, amor, alegria, orgulho, humildade, inspiração, inquietação, meditação...
- qualquer experiência mundana: riqueza, pobreza, status, anonimato, fama...
- qualquer condição psicofísica: sejam deficiências psíquicas ou físicas
Claro que em algumas deficiências fica mais difícil praticar um caminho espiritual, mas cada um tem o seu tempo...
Enfim, espero que ajude em alguma coisa...
O ponto não é ser budista, afinal de contas... O ponto é aceitar a si mesmo, e aprender a trabalhar consigo mesmo. Isso só você pode fazer. Comece a questionar onde você está buscando sua felicidade, e veja se você não está exigindo demais de si mesmo. Não precisa de quase nada para cultivar o que é realmente importante. As coisas que não importam dão muito trabalho - jogue tudo fora, porque, no final, tudo será tirado de você de qualquer maneira. A morte não abre exceções
Mas as qualidades que você cultivou no coração e na mente, isso terá valor, isso fará diferença... E para cuidar dessas coisas, é preciso muito pouco, realmente muito pouco... Basta ter um corpo e uma mente, e já está perfeito. Se tiver deficiências ou problemas, tudo bem, está perfeito. Se não tiver, mais do que perfeito!
Quando estamos preparados para o pior, é assim - somos capazes de nos alegrar com a pior das hipóteses, e quando o que acontece não é tão ruim assim, então o resto é só brinde!
E se você precisar de ajuda para se convencer que você já está bom o suficiente tal como é, é só entrar em contato e podemos nos conhecer melhor!
Mas no final das contas, é você quem terá que aceitar a si mesmo.
E à medida que esse processo de autoaceitação for ocorrendo, você poderá ver que purificar-se do ódio é realmente algo muito difícil, e daí você poderá entender um pouco mais porque é tão fácil ser mau, e tão difícil ser bom... E porque existem tantas pessoas más no mundo... E quando você perceber no seu coração, que abandonar o mal é algo difícil, mas que vale realmente a pena, então você poderá ser compassivo com os outros, porque aí você se verá nos outros - você verá que as pessoas estão atoladas na própria raiva, sentindo prazer em ter ódio, quando na verdade elas poderiam ter muito mais plenitude e alegria, porém, somente após muito esforço. Mas até lá pode ter raiva ainda, ok? Como diz Ajahn Brahm - "Eu te dou permissão para sentir raiva nesse retiro de meditação!" rsrs... Não é porque estamos tentando nos tornar pessoas melhores e espirituais que não podemos cometer erros e dizer coisas horríveis às vezes... Perdoe-se, e então observe: como posso trabalhar com isso?
Mas para ver isso, dê tempo a si mesmo. Dê a si mesmo o que você gostaria que outras pessoas tivessem dado a você. E aí você descobrirá que já tem tudo o que precisa, para ajudar as outras pessoas a darem a si mesmas o que elas também precisam: paz interior, apenas isso
Que você não desista, porque assim como eu aceitei a mim mesmo e me tornei uma pessoa mais segura e feliz, eu sei que você também pode se tornar, e que você é muito mais do que imagina ser...
Se quiser ver 2 vídeos curtos para quem sabe despertar a curiosidade sobre o que é paz interior:
https://www.youtube.com/watch?v=vEQIa5hlqSQ
https://www.youtube.com/watch?v=RW0Jj1nsD0Y
Gangaji não é budista, mas diz coisas boas.