Olá AlexMartines, seja bem-vindo ao Fórum Sangha Online!
Fico feliz que reconheça a consideração que tenho pelos ensinamentos do Buddha - para mim eles também são extremamente valiosos. Assim como você, e como tantos outros, nunca encontrei orientações tão verdadeiras e sutis como aquelas citadas pelo Buddha e pela Sangha que mantém seus ensinamentos vivos, em prática. Colocamo-los nós mesmos em prática em nossas vidas e reconhecemos o que o Buddha quer dizer - mesmo através de um pouco de lógica e reflexão podemos nos inspirar pelos ensinamentos, de alguma maneira.
Fico feliz pelas suas melhoras no que diz respeito aos ataques de pânico, a meditação é uma atividade que de fato faz melhoras incríveis no cérebro humano. Mas, como sempre vale ressaltar, toda a prática envolve a meditação e basicamente mais 7 fatores, formando o Nobre Caminho Óctuplo. Espero que você cresça nele gradativamente, porque, de fato, o caminho ocorre passo a passo - pouco a pouco vamos alcançando o desapego de prazeres mais grosseiros para cultivar prazeres mais refinados, até alcançar o desapego mesmo desses prazeres refinados.
Sofrer é opcional, eu tenho muita fé nisso devido as minhas próprias investigações e aos ensinamentos de grandes mestres que me inspiram, mas eu sempre gosto de lembrar a mim mesmo que até Nibbana, há sofrimento de monte rs. Há o sofrimento de não praticar de acordo com o Dhamma, e há o sofrimento de praticar de acordo com o Dhamma rs. Esse é o sofrimento de ir contra as contaminações, resistir aos desejos sedentos da mente, abrir mão deles e permitir que cessem. Aos poucos podemos entender como tudo isso funciona, mas o trajeto sempre o mesmo - através do Entendimento Correto da transitoriedade dos fenômenos, podemos nos desapegar deles e usá-los apenas por o que for benéfico - mas usá-los sem apego. Progressivamente, nosso prazer é encontrado mais na bondade, amorosidade e renúncia do que em prazeres sensuais como na comida ou no conforto corporal.
Isso é muito bonito, porque conhecemos a Felicidade Espiritual, que é diferente da Felicidade Mundana. Esta última depende do mundo, e por isso oscila tanto. Já a outra pode fazer as pazes com qualquer situação - o importante não é o que temos do mundo, mas como estamos nos relacionando com o que quer que apareça. Se a felicidade está em uma música ou em uma pessoa (coisas do mundo - sensuais), haverá sofrimento na presença (Aversão) ou ausência (Cobiça/ Deleite) desse fenômeno sensual. Mas se a felicidade está na bondade e Contentamento, então somente haverá sofrimento caso não alimentemos esses pensamentos hábeis, que se manifestam em comportamentos virtuosos.
Como diz Ajahn Brahm, o importante é que foquemos no meio do observador e do observado - isto é, na forma como o primeiro se relaciona com o segundo. Às vezes queremos focar muito no primeiro (Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou?) ou no segundo (Que belo som! Que comida deliciosa! Que momento fantástico!) - é preciso tomar cuidado com esse segundo... rs Podemos usar essa simplicidade e "estadia no aqui e agora" para fortalecer Contentamento, mas a verdadeira atitude ensinada pelo Buddha é desapegar, fazer as pazes com a Impermanência das coisas e utilizar todos esses fenômenos com intenções benéficas. Então, se há um belo som, reconheça essa beleza mas não se entristeça ou permita a mente se agitar se esse som acabar. Se há uma pessoa desagradável próxima a você, não fique pensando mal dessa pessoa, não tente afastá-la nem permita que um sentimento de alívio infeste a mente quando ela fora embora. Abandone toda Cobiça (Querer) e Aversão (Não-querer). Esses são os dois lados do Desejo, mas são incertos! Coisas que gostamos um dia passamos a desgostar depois. Prazeres anteriormente intensos passam a perder significado com o passar do tempo. Qualquer prazer dependente dos fenômenos condicionados é incerto, incerto, incerto. Ajahn Chah sempre dizia: "Incerto!" rs.
Então elimine qualquer Aversão ou Cobiça da mente, enxergando a impermanência dos fenômenos, o sofrimento nesse Desejo e a incerteza das coisas condicionadas. Busque o prazer nisso e, quando consegui-lo - nascimento. Quando perde-lo - morte. Depois que se cansar desse prazer, a mente deludida buscará outro, e outro, e outro, produzindo mais e mais nascimentos e, com isso, mais mortes. Essa mente ignorante vai construindo uma vida após a outra sem parar, cobiçosa pelo nascimento, mas entristecida pela morte, sem observar que uma coisa está ligada a outra. Isso é o Samsara - o Ciclo de Nascimento e Morte. Mas aquele que compreende a falta de sentido disso e a incerteza das preferências da mente, que sempre estão mudando, compreende que a completa satisfação não pode ser encontrada através dos prazeres condicionados, e assim dá início a prática espiritual de abrir mão dos Apegos e fortalecer o Desapego e Renúncia.
Portanto, abandone qualquer Aversão ou Cobiça, mas cuidado com esse abandonar ou eliminar rs. Desapego não ocorre através de Força de Vontade, mas como diz Ajahn Brahm, é através da Força da Sabedoria. Somente quando compreendemos o sofrimento proveniente do Apego, podemos nos dedicar no Desapego, podemos aguardar pacientemente os desejos que surgirem cessarem por si mesmos. Não tente alimentá-los - isso é cobiça. Não tente expulsá-los - isso é aversão. Compreenda o perigo deles e solte-os - permita-os cessar ao seu próprio tempo. Não importa quantas vezes esses desejos retornem, ardendo outra vez, contemple-os com sabedoria e desapegue-se.
Como o Buddha diz no Tapussa Sutta, somente através da reflexão e insistência na reflexão acerca do sofrimento proveniente do Apego, podemos nos desapegar. Somente através da familiarização da felicidade proveniente da Renúncia podemos nos desapegar. Temos que refletir e observar sobre isso constantemente para mudar os hábitos da mente, e somente assim desejos antes ardentes surgirão cada vez menos, até a mente alcançar uma calma cada vez maior.
E, como ensinou o Buddha, é uma mente calma que enxerga ainda mais profundamente a impermanência de todos os fenômenos condicionados. Uma vez visto isso, o Desapego completo pode ser concretizado.
Como eu disse, não importa quantas vezes um desejo surja em sua mente - contemple-o de acordo com as 3 características (Impermanência, Insatisfatoriedade, Não-eu) e permita-o cessar. Faça as pazes com tudo isso. "Não cultivarei nem Apego nem Aversão, pois ambos constituem o Desejo - e desejar qualquer coisa é incerto. As preferências da mente estão sempre mudando, e o prazer proveniente dos prazeres sensuais são frágeis e perigosos. Não importa o quanto esses desejos ardam em minha mente, permanecerei apenas fazendo o bem a mim e aos outros seres, sem buscar nada em troca por isso, porque esse tipo de busca produzirá apenas novos nascimentos e mortes.". Quando a mente ficar agitada, permita estar. Quando houver desejo sensual muito forte, contemple o sofrimento e fragilidade dos prazeres sensuais. Quando você quiser mudar algo com muita força, contemple com sabedoria aquilo que você pode mudar e aquilo que requer tempo para mudar. Seja gentil com as outras pessoas, seja gentil com si mesmo - cada coisa muda ao seu próprio tempo. Isso é Metta (Amor-bondade). Qualquer Preguiça ou Torpor, tenha cuidado, isso geralmente surge devido a Aversão - quero evitar essa experiência, "não quero estar aqui", sempre que há isso a mente ou tenta fugir através da Inquietação ou através da Preguiça e da mente nublada. Diante do primeiro, cultive Contentamento - não importa o que a minha mente deseje, permanecerei aqui, em paz, consciente do perigo do desejo, e assim não desejarei nem mesmo a cessação dos desejos, porque a verdadeira cessação ocorre por si mesma naquele que permanece plenamente consciente. (Força da Sabedoria, e não Força da Vontade, conduz à cessação!). Diante do segundo, observe onde você está procurando sua felicidade! Pare de procurar no mundo - é por isso que você está querendo fugir da experiência no momento presente. Busque a sua felicidade na maneira com que você se relaciona com as coisas - lembre-se do 2º fator do Nobre Caminho Óctuplo (Renúncia, Bondade, Amorosidade). Busque sua felicidade dentro de você, e assim você poderá encontrar energia em qualquer experiência, em vez de tentar fugir dela através do sono. E quando surgirem muitas dúvidas em sua mente, saiba responder aquelas cujas respostas serão benéficas. Quanto aquelas dúvidas que não podem ou não devem ser respondidas, tenha paciência para deixa-las sumirem por si só, e cultive sua fé nos ensinamentos. "Não importa o quanto esse desejo ardente por responder minhas perguntas permaneça, continuarei paciente cultivando o contentamento por ter me dado conta de sua tentativa maléfica, Mara." É esse tipo de atitude que afasta o "Senhor do Mal" rs.
Não tenha pressa. Alguns avançam depressa, outros mais lentamente. Como diz o Buddha, tudo são apenas processos vazios de um Eu, regidos pela Lei de Causa e Efeito. Então, a depender do seu Karma, você pode alcançar Nibbana nessa vida ou não - porém, cuidado para Mara não usar isso como desculpa! "Ah! Não consigo praticar o Budismo. Deve ser meu Karma. Vou me dedicar aos prazeres sensuais e esperar por uma melhor situação numa próxima vida..." rs. Pratique com afinco, mas não exija muito de si. Cada um avança ao seu próprio ritmo - isso não está em nosso controle. Tudo isso é um processo não-eu - não somos nós que controlamos!
Portanto, não sinta-se receoso em se dedicar a sua iluminação a fim de ser um Bodhisattva. Tudo isso é Causa e Efeito. Para aquele que pratica uma vida virtuosa, há Contentamento. Para aquele que há Contentamento, há uma mente mais calma. Para aquele que tem calma. há o conhecimento das coisas como elas de fato são. Para aqueles que tem essa sabedoria, há a libertação. É inevitável. Você não pode escolher quando ocorrerá sua Iluminação ou não. Apenas tente garantir as condições, e seu crescimento irá ocorrer aos poucos de acordo com o seu Karma. É através desses fenômenos condicionados que alcançamos o Incondicionado
Virtude -> Meditação -> Sabedoria, apenas isso. E, como dizia Ajahn Chah, primeiro abandonamos os apegos mais grosseiros - apego aos prazeres sensuais. Depois abandonados os apegos ao prazeres mais sutis, como aos prazeres meditativos. Somente após o Desapego mesmo do Desapego (encontrar prazer no Desapego ainda é Desejo (Tanha)!) há a completa paz, que não busca felicidade em nada que seja condicionado. Isso é Nibbana.
Somente quando reconhecemos a impermanência e sofrimento em tudo que é condicionado que perdemos o interesse nessas coisas, que nos desapegamos dessas coisas e abandonamos a delusão. E o que é Delusão? Ilusão é ver algo que não existe - delusão é ver algo que existe de maneira distorcida. É ver um processo vazio como um Eu, como uma essência fixa e eterna. É ver felicidade naquilo que é sofrimento. É ver beleza naquilo que está fadado ao envelhecimento. É ver as coisas de maneira distorcida, incompleta, sem sabedoria.
Mas quando reconhecemos que não adianta procurar - nunca encontraremos felicidade no que é condicionado, abrimos mão de tudo isso. A Forma pode cessar, a Sensação pode cessar, a Percepção pode cessar, as Formações Mentais podem cessar, a Consciência podem cessar de acordo com o seu próprio tempo. Refletindo e reforçando constante a consciência da impermanência dessas coisas, podemos permitir que cessem ao seu próprio tempo. Não buscamos mais felicidade nessas coisas, somente as utilizamos pelo benefício dos outros seres. Não usamos mais o corpo para buscar felicidades mundanas, mas sim como um meio de transporte pelo qual podemos servir a muitos. Não pensamos mais do que o necessário, pensamos somente aquilo que é suficiente e o resto permitimos cessar em seu próprio tempo. Isso é usar os fenômenos condicionados sem se apegar a eles. É pegar sem apegar. Fazer isso com Atenção Plena é revigorante, porque podemos nos energizar ao nos conscientizarmos - "Não usarei isso para conseguir felicidade mundana, mas usarei apenas com intenções benéficas, desprovidas de qualquer apego.".
Isso é Bondade. Isso é a Amorosidade, Renúncia, Frugalidade, Simplicidade, Desapego, Compaixão, Paz. Isso é o que eu tenho aprendido com os ensinamentos do Buddha e da grande Sangha que seguiu os seus passos.
Como diz Ajahn Brahm, isso é o que conduz ao completo silenciar - ao silenciar dos 5 agregados. Isso é o que conduz a paz em que não há apego sequer ao silêncio. Essa é a verdadeira cessação. Como dizia Ajahn Chah, isso é o que conduz aquilo em que não há nem ir para frente, nem vir para trás, nem permanecer parado. Isso é o que conduz para o silenciar de todas as formações condicionadas, para o supremo desapego, para o abandono, o abrir mão, o renunciar - Nirvana. Isso é o Desapego tanto da Felicidade Mundana quanto da Espiritual - Desapego de tudo o que é condicionado. Desapego mesmo do prazer de ser compassivo, virtuoso, meditativo ou mesmo sábio. Apesar disso ser muito avançado, eu sempre gosto de lembrar toda a escada da prática budista. É essa mesmo: primeiro abandonar apegos mais grotescos, e depois abandonar os prazeres mais refinados. Mas primeiro temos de nos apegar ao prazer da virtude, ao prazer da meditação, ao prazer da sabedoria. Só lá a frente poderemos nos desapegar mesmo do prazer de ser sábio. "Eu sou sábio!", que Eu é este que é sábio? Não apegue-se a um processo em constante mudança! Apego gerará novos nascimentos, e nesse curso "sua" sabedoria poderá se nublar outra vez!
De qualquer forma, é uma escada, então siga devagar, mas sempre lembre-se - o ensinamento do Buddha não é apenas estar contente no agora, ou encontrar a felicidade de ser compassivo. É, gradualmente, enxergar a impermanência nos fenômenos condicionados, dos grotescos aos mais refinados, com uma mente cada vez mais virtuosa e calma. Através disso, pode-se desapegar do desejo por qualquer coisa condicionada. Só então, a paz de Nirvana.
Mas não se preocupe muito com isso, porque, conforme o Buddha diz no Samanamandika Sutta, o desapego dos hábitos prejudiciais (apego por prazeres mais grotescos, como prazeres sensuais) e o desapego dos hábitos benéficos (apego por prazeres mais refinados, como o prazer meditativo) é desenvolvido da mesma maneira:
[Buddha]: “E como é que ao praticar ele pratica o caminho para a cessação dos hábitos prejudiciais? Aqui um bhikkhu gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo em abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo para que surjam estados benéficos que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Ele gera desejo para a continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Aquele que assim pratica está praticando o caminho para a cessação dos hábitos prejudiciais.
[...] “E como é que ao praticar ele pratica o caminho para a cessação dos hábitos benéficos? Aqui um bhikkhu gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram ... para a continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. Aquele que assim pratica está praticando o caminho para a cessação dos hábitos benéficos."
Por que isso? Porque o Desapego surge da Sabedoria, e a Sabedoria surge de uma mente calma, e a mente calma surge da Virtude. Então, como alcançar o Desapego mesmo do Apego pelo prazer de ser virtuoso? Sendo virtuoso. rs Porém, será necessária uma mente muito mais calma para não se apegar ao prazer da virtude ou da meditação do que aquela necessária para alcançar a independência dos prazeres sensuais.
Às vezes eu escrevo demais rs... Como dizia o Buddha, a prática é permeada por dois poderes - Meditação e Reflexão. É muito bom refletir os ensinamentos para relembrar como praticar e me inspirar nesses ensinamentos, mas devemos balancear o Pensar com o Silenciar. Às vezes, basta abandonar as reflexões e também parar qualquer movimento. Não precisa refletir coisa alguma, apenas... Sorria. Não importa que desejo surja, apenas se conscientize e desapegue. Apenas esse movimento da mente. O resultado é Contentamento.
De qualquer forma isso é o que tenho aprendido com a prática. Que nós possamos praticar uma bela frase de Ajahn Brahm que para mim resume o que, verdadeiramente, é a prática budista, tendo como essência o Desapego:
"Make Peace, be kind, be gentle" - Faça a paz, seja bondoso, seja gentil.
Não importa se a situação presente é agradável ou desagradável, abandone Cobiça ou Aversão e "faça a paz, seja bondoso, seja gentil". Não importa se você disse algo sábio ou se fez alguma besteira, "faça a paz, seja bondoso, seja gentil". Mesmo os seres iluminados fazem besteiras às vezes. Eles alcançam Nibbana, mas depois que emergem da Iluminação para ensinar aos outros, com o que eles ensinam? Com o corpo, com o pensamento, com a consciência... Até que eles alcancem Nirvana Final, eles continuam usando os agregados condicionados, mas sem apego - mas estão usando coisas condicionadas, então o que esperar? Falhas! rs. Mesmo os Iluminados fazem coisas erradas ou tolas de vez em quando rs. Eu me lembro de Ajahn Brahm falando isso. Por isso devemos abandonar essa ideia: "Eu sou sábio!", que eu é esse? É tudo um processo condicionado, em que, quando há desejo, há nascimento e morte; e em que quando há desapego, há a paz e o fim de todo esse ciclo.
Então, quando quer que surgir um Apego ou Desejo, seja ele em forma de querer (Cobiça) ou não-querer (Aversão), "faça a paz, seja bondoso, seja gentil". Isso é algo que sempre gosto de lembrar a mim mesmo.
Por fim, bem-vindo ao Fórum! rs
Paz a sua mente