Olá!
1. vai depender do estado mental da pessoa no momento, não existe uma resposta geral e certa nesse caso eu acho... Podemos machucar o lobo para evitar um sofrimento maior, machucar a pata por exemplo e evitar dar um tiro, não sei, o máximo que pode-se fazer é aproveitar bem o momento presente e cultivar bastante compaixão, não teria como eu prever o que eu iria fazer no momento. Na minha opinião (se necessário) é melhor matar o lobo pois compaixão não é sinônimo de ser passivo ou seguir regras fixas. No budismo existe o conceito de hábil e inábil, o que significa que devemos ter habilidade para praticar ações corretas com o corpo, linguagem e mente. Nesse caso eu não estaria indo matar o lobo, mas eu estaria apenas me defendendo. Por outro lado, existem monges que fazem protestos e colocam fogo no próprio corpo, mas eles fazem isso porque tem muito desapego e muita compaixão. Também existe uma história em que em uma de suas vidas passadas, o buda deixou ser comido por uma tigresa <http://paraserzen.blogspirit.com/tag/Mahasatva>.
2. acho que podemos nos defender sim. Devemos nos esforçar para fazer isso sem raiva, cobiça ou ignorância, ou seja, nossas ações não podem estar baseadas nas três raízes inábeis. Se alguém nos machuca devemos nos comunicar e não apenas desabafar a nossa raiva. Acho que a palavra certa seria comunicação, devemos ser capazes de nos comunicar com compaixão. Mas acho que muitas vezes o melhor a fazer é ignorar, principalmente se for no dia a dia e com pessoas diferentes. Mas se for com pessoas que lidamos todos os dias é melhor tentarmos nos comunicar para que a pessoa não cometa os mesmos erros, pois isso iria nos fazer acumular mágoas e ódio. Não sei explicar direito, mas tem um texto que fala sobre comunicação <http://www.viverconsciente.com/textos/linguagem_verdadeiro_amor.htm>
3. Acredito que monges não possam participar da vida política. Por outro lado, o Dalai Lama também é político (ou era, não sei).
4. Isso eu não sei. Eu não sinto vontade de fazer manifestações. Entretanto, lembro-me certa vez que eu vi uma entrevista com o monge Michel e ele disse algo sobre protestos, acho que a frase seria algo do tipo 'acho loucura a gente pedir a solução do problema para aqueles que o criaram!'. Na minha opinião, praticar atos de compaixão, bondade e também despertar para uma visão mais sábia da realidade é a maior manifestação que se pode fazer. O maior protesto que podemos fazer é sermos gentis e compassivos no dia a dia. O mundo está precisando urgentemente de pessoas sábias, humildes e bondosas.
5. Se um budista for roubado? Não sei. Isso me faz lembrar das historinhas zen:
A Lua Não Pode Ser RoubadaRyokan, um mestre Zen, vivia a mais simples e frugal das vidas em uma pequena cabana aos pés de uma montanha. Uma noite um ladrão entrou na cabana apenas para descobrir que nada havia para ser roubado.
Ryokan retornou e o surpreendeu lá.
"Você fez uma longa viagem para me visitar," ele disse ao gatuno, "e você não deveria retornar de mãos vazias. Por favor tome minhas roupas como um presente."
O ladrão ficou perplexo. Rindo de troça, ele tomou as roupas e esgueirou-se para fora.
Ryokan sentou-se nu, olhando a lua.
"Pobre coitado," ele murmurou. "Gostaria de poder dar-lhe esta bela lua."
<http://www.nossacasa.net/SHUNYA/default.asp?menu=108#012>
O LadrãoUma noite quando Shichiri Kojun estava recitando sutras um ladrão com uma espada entrou em seu zendo, exigindo seu dinheiro ou a sua vida.
Shichiri disse-lhe:
"Não me perturbe. Você pode encontrar o dinheiro naquela gaveta." E retomou sua recitação.
Um pouco depois ele parou de novo e disse ao ladrão:
"Não pegue tudo. Eu preciso de alguma soma para pagar os impostos amanhã."
O intruso pegou a maior parte do dinheiro e principiou a sair.
"Agradeça à pessoa quando você recebe um presente," Shichiri acrescentou. O homem lhe agradeceu, meio confuso, e fugiu.
Poucos dias depois o indivíduo foi preso e confessou, entre outras coisas, a ofensa contra Shichiri. Quando Shichiri foi chamado como testemunha ele disse:
"Este homem não é ladrão, ao menos tanto quanto me diz respeito. Eu lhe dei o dinheiro e ele inclusive me agradeceu por isso."
Após o homem ter cumprido sua pena, ele foi a Shichiri e tornou-se um de seus discípulos
<http://www.nossacasa.net/SHUNYA/default.asp?menu=108#019>
Bom, acredito que na tradição theravada, os monges não podem possuir bens materiais então não tem como eles serem roubados. Porém quem gosta do budismo mas ainda está bastante preso na vida moderna e tem bens materiais ainda pode ser roubado. Nesse caso podemos pensar no kamma e sofrer as injustiças:
"Quando aqueles que buscam o caminho encontram adversidades deveriam pensar: "por incontáveis eras eu tenho dedicado-me ao trivial em detrimento do essencial e vagueado em todo tipo de existência, raivoso sem motivo e culpado de inúmeras transgressões. Agora, embora eu não cometa erros, sou punido pelo meu passado. Nem os deuses nem os homens podem antever quando uma má ação frutificará. Aceito isso de coração aberto e sem reclamação". Dizem os sutras: "Quando você encontra adversidade não se exaspere, ela é justa". Com tal entendimento você está em harmonia com a razão. E sofrendo injustiça você entra no caminho." http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=405
Para melhor entender a lei do kamma, leia: http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/kamma_1.php
6. Isso vai depender. No budismo existe uma qualidade mental chamada renúncia em que o budista acredita que os prazeres sensoriais, sensuais, são a causa do sofrimento. Veja esse discurso do buda: http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN13.php
Isso significa que não devemos perder nosso tempo escutando música ou com danças. Mas isso depende muito da motivação, devemos refletir se a arte a que você se refere está baseada na cobiça ou na renúncia. Se é renúncia é boa porque nos ajuda a compreender melhor a natureza da mente. Se ficamos apenas preocupados com fama, dinheiro entre outras coisas, nesse caso infelizmente estaremos treinando uma mente para a cobiça e egoísmo. Devemos praticar aquela arte que nos faz mais sábios. Em alguns mosteiros budistas parecem que eles fazem teatros, mas acho que tudo deve estar ligados aos assuntos dos ensinamentos budistas, ou seja no dhamma. Quer compreender melhor o que é desejo sensual? Leia esse texto: <http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/obstaculos.php>
Devemos praticar o tipo de arte que nos desperta para a prática de
annica, impermanência. Lembro uma vez de ter visto uma reportagem na televisão. Os monges estavam no
shopping center fazendo algumas coisas no chão, acho que era feita de areia, devia ser algumas dessas artes e desenhos do budismo tibetano. Era uma coisa enorme e muita linda. Eu ficava me perguntando: "Tem muitas pessoas nesse shopping e com certeza deve ter pessoas com más intenções lá. E se alguém chutar tudo de propósito? Vai acabar com tudo e todo o trabalho será em vão." Mas no final eu tive uma surpresa. Depois de tudo terminado, os monges destruíram tudo. Isso mesmo, eles mesmos destruíram tudo. A mensagem? Eles estavam tentando mostrar para o mundo que tudo é impermanente. Não devemos nos apegar a nada. Lembro que quando vi isso eu me senti surpreso com esse tipo de sabedoria, pois na época nada sabia de budismo, era criança ainda.
7. Não sei se essa pergunta é para responder, está com uma linha em cima. Acredito que várias pessoas já atingiram a iluminação.
Nibbana, a iluminação, acredito eu, não pode ser descrito por palavras, pois para chegar até esse supremo objetivo, a paz perfeita, é necessária cultivar uma mente livre de conceitos.
Creio que nem todas as respostas que dei foram suficientes para satisfazer suas necessidades espirituais, por causa disso, espero que outras pessoas te respondam para te ajudar melhor. Também busco a cada dia melhorar meus conhecimentos no Budismo. Espero ter ajudado de alguma forma. Abraços.