1ª Nobre Verdade
A primeira afirmação de Buda tenta nos apontar como devemos enxergar a vida, reconhecendo que ela é imprevisível e, em certos aspectos, fora do nosso controle. Se penetrarmos essa realidade e percebermos que ela é assim, aprenderemos a estar em paz tanto nos bons quanto nos maus momentos - porque entenderemos que não podemos mantê-los para sempre.
É aconselhável que antes de você ler sobre as 4 Nobres Verdades, que tratam de Dukkha, geralmente traduzido para sofrimento, você entenda melhor essa palavra em páli usada pelo Buda para compreender o verdadeiro significado dela e, assim, enxergar o que, de fato, o Buda quis nos passar. Entenda o significado de Dukkha clicando aqui. (Buda): "Agora monges, esta é a nobre verdade de dukkha (insatisfatoriedade, sofrimento): nascimento é dukkha, envelhecimento é dukkha, enfermidade é dukkha, morte é dukkha; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são dukkha; a união com aquilo que é desprazeroso é dukkha; a separação daquilo que é prazeroso é dukkha; não obter o que se deseja é dukkha; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são dukkha." - (retirado de Dhammacakkapavattana Sutta - acessoaoinsight)
O essencial é que você compreenda que Dukkha quer dizer a Insatisfatoriedade e Sofrimento intrínsecos a tudo aquilo que é imprevisível diante do que desejamos. Afinal, se nossas vidas agora estão boas, desejamos que elas permaneçam assim, mas não é isso que acontece. Se estamos num bom relacionamento amoroso, é normal que aconteça alguma discussão ou que nossos parceiros cometam algo que não nos agrada - Dukkha é isso, a imperfeição da vida, uma roda girando e sempre oscilando, pois a vida não é estática: tudo é instável.
Portanto, o que o Buda quis dizer com essa verdade? Ele quis dizer como todos os aspectos citados acima trazem sofrimento porque eles não duram e não atendem nossas expectativas.
Nascimento é dukkha, porque esse não é um momento durável. Ao nascer, já começamos a morrer.
Envelhecimento é dukkha, porque evidencia a efemeridade da juventude.
Enfermidade é dukkha, porque altera nosso estado de saúde que gostaríamos que fosse inalterável - mas essa não é a realidade da natureza de nossos corpos.
Morte é dukkha, porque é o fim do que comemoramos ao nascer. Porque é o fim de nossa passagem como essas personagens nesse mundo. Todos tememos a morte, justamente porque ela é o 'fim'.
"Nossos nascimentos e mortes são apenas uma coisa - você não pode ter um sem o outro. É engraçado ver como diante da morte as pessoas estão tão chorosas e tristes, e diante do nascimento estão felizes e encantadas. Isso é delusão. Eu penso que se você realmente deseja chorar, então seria melhor fazê-lo quando alguém nascer. Chore ante a origem, pois se não houvesse nascimento, não haveria morte. Você consegue entender isso?" - Ajahn Chah em "The Teachings of Ajahn Chah"
Tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são dukkha, porque são o que consideramos o oposto do agradável e digno de cobiça, que consiste em alegria, gratidão, prazer, satisfação e tranquilidade. Oscilar entre o que queremos (cobiça) e o que não queremos (aversão) é dukkha, veja a seguir:
A união com aquilo que é desprazeroso é dukkha, porque as causas e condições nos uniram a algo ao qual somos aversivos - isso vai contra nossas expectativas.
A separação daquilo que é prazeroso é dukkha, porque queremos que os prazeres no agora durem eternamente e não que acabem - mas eles acabam.
Não obter o que se deseja é dukkha, porque não conseguimos algo que não possuíamos no presente momento e, portanto, permanecemos insatisfeitos no agora.
Os cinco agregados (agregado em páli: khandhas) são: forma material, sensação, percepção, formações mentais e consciência.
[CONTINUA] - 24/09/13