Enquanto permaneço um pouco ausente, outra pequena tradução de Ajahn Brahmavamso, referente à prática de meditação, proveniente de uma de suas palestras a praticantes do Zen-Budismo (para aqueles que estão cansados de me verem falar de Ajahn Brahm, saibam que pretendo traduzir outros monges como Ajahn Anan Akiñcano assim que tiver tempo rs):
"[...] Pode ser muito assustador adentrar a meditações profundas. Vocês sabem o motivo? É porque 'você' tem que desaparecer antes de adentrar a elas. Você precisa se desapegar de você mesmo, ou daquilo que você toma como sendo você. Esse é o motivo pelo qual é maravilhoso ser capaz de se livrar completamente dessa pessoa aqui dentro que está sempre criando debates, conversando e tomando decisões. Apenas permita que as coisas parem por elas mesmas. Certa vez em nosso monastério, na Tailândia, havia um jovem noviço que estava ouvindo a uma palestra do nosso professor - Ajahn Chah. Ajahn Chah podia falar e falar e falar e falar por muitas horas - eu prometo que não irei tão longe também! Ele continuava falando, e falando e falando e esse pequeno noviço estava pensando: 'Quando é que ele vai parar? Quando é que ele vai parar?'. Horas após hora esse jovem noviço permanecia pensando - 'Quando é que Ajahn Chah irá parar?', e então o noviço teve o que nós chamamos de um insight. Em vez de pensar 'Quando é que Ajahn Chah irá parar?', ele pensou: 'Quando é que eu irei parar?' - e ele parou. Quando ele emergiu de sua meditação muitas horas depois o saguão estava vazio [Os monges, nessa tradição, costumam ouvir a palestra de seus mestres posicionados em meditação, de olhos fechados. Geralmente, a intenção é usar as palavras do mestre para acalmar a mente ao mesmo tempo em que o ensinamento e o conteúdo delas é assimilado]. Ajahn Chah havia partido para sua cabana e o noviço estava apenas sentado lá, feliz e imerso em bem-aventurança. Ele tinha parado. Não é maravilhoso parar?
Todas as vezes em que nós nos deparamos com a luz vermelha de um semáforo ela está nos ensinando Budismo - pare! Vocês sabiam que em Delhi as luzes do trânsito não possuem as letras 'P.A.R.E.' escritas na luz vermelha? Em vez disso elas mostram: 'R.E.L.A.X.E.'! Assim, quando as pessoas chegam diante de uma luz de um semáforo em Delhi, em vez de ficarem tensas elas veem esta bela palavra: 'relaxe'. É disso que se trata a meditação: nessa parada há felicidade. Quanto mais você para, mais felicidade você tem e esse é o motivo pelo qual meditação lhe fornece essa alegria interior, essa felicidade interior. Ao parar, você energiza a mente. Você fortalece o corpo ao exercitá-lo, mas no que concerne à mente, você a energiza ao pará-la e acalmá-la."
(traduzido de Jhana Meditation, págs. 144 - 145 - DhammaTalks)
Vale destacar os trechos do Anapanasati Sutta que ressaltam que a meditação da respiração deve ser dirigida para tranquilizar as formações (sankharas):
"[Buda]: Como, bhikkhus, a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada de modo que traga grandes frutos e grandes benefícios?
Aqui um bhikkhu, dirigindo-se à floresta ou à sombra de uma árvore ou a um local isolado; senta-se com as pernas cruzadas, mantém o corpo ereto e estabelecendo a plena atenção à sua frente, ele inspira com atenção plena justa, ele expira com atenção plena justa.
[...] Ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação do corpo [da respiração]’; ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a formação do corpo [da respiração].’
[...] Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a formação da mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação da mente’; ele treina assim: eu expiro tranqüilizando a formação da mente.’" - (retirado de Anapanasati Sutta - acessoaoinsight)