Budismo - Sangha Online
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Budismo crê em Devas, logo ele é Politeísta?
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Como meditar? Budismo crê em super-poderes?!
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Budismo é religião ou filosofia? Por que há tanta idolatria?


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Nove

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Nove

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Mensagem Apresentação EmptySeg 20 Nov 2017 - 21:12

Bom dia/Boa tarde/Boa noite a quem estiver lendo!

Podem me chamar de Nove, por favor. 

Eu me interessei pelo budismo há cerca de quatro anos após ler os fundamentos, mas não havia desenvolvido ainda a autonomia e a maturidade para estudar e praticar por conta própria. Minha cidade não possui templo nenhum e isso dificulta bastante, já que eu não possuo ninguém para tirar minhas duvidas ou me acompanhar nesse caminho.

A escola com a qual eu mais me identifico no momento é a Zen e eu pretendo me aprofundar nela; apesar disso, não descartei as outras escolas.

Obrigado pela atenção! Espero aprender muito e, consequentemente, passar adiante os ensinamentos que eu adquirir!
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William - Admin

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William - Admin

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Mensagem Apresentação EmptyQua 22 Nov 2017 - 22:02

Olá Nove, seja bem-vindo ao Fórum Sangha Online! Bem-vindo!
Praticar sem bons amigos espirituais por perto realmente faz falta, por isso esse Fórum é um espaço que pode ajudar eventualmente!
Mas o caminho essencialmente está disponível dentro da mente e do coração de cada um de nós, para ser trilhado a qualquer instante, em qualquer lugar... logo, a oportunidade sempre está no aqui e agora, quer estejamos sozinhos, bem acompanhados ou mal acompanhados!
De fato o Buddha dizia que uma pessoa por mais que estivesse sempre com ele, acompanhando-o, ou mesmo dormisse com ele, se ela não praticasse os ensinamentos estaria distante dele; ao passo que outra pessoa que, mesmo estando distante, em outro país ou em outra época, se essa pessoa praticasse os ensinamentos, esta pessoa estaria mais próxima dele.

Então, o essencial está no interior de cada um. Mas, evidentemente, a presença de bons amigos exteriormente exerce uma influ~encia positiva para que possamos trilhar o caminho interior.

Espero que esse espaço possa ajudá-lo a lidar com esse "gap" de alguma maneira. Mas, basicamente, de início, os dois grandes amigos espirituais que todos nós contamos no começo é o Buddha e nós mesmos. Depois, gradualmente, podemos ir conhecendo os ensinamentos dos diversos monges e mestres em vídeos e textos, e com base nos ensinamentos deles, podemos orientar nossa prática. Com o tempo, felizmente, podemos ir descobrindo amigos espirituais próximos de nós também.

Mas quando a prática amadurece um pouco no coração, todos tornam-se grandes amigos, porque conseguimos ver que podemos praticar com qualquer pessoa. Independente se houver uma pessoa simpática, raivosa, melancólica, eufórica, espiritual ou mundana diante de nós... descobrimos que podemos aprender com qualquer pessoa que se apresente diante de nós. É assim que "quando o discípulo está pronto, o mestre aparece". Todos podem ser mestres, quando estamos atentos e humildes para depreender o Dhamma/Dharma em todos os fenômenos que se apresentam. Pois a impermanência está em todos nós. O envelhecimento está posto para que todos nós vejamos, bem como a "natureza Buddha" está presente em todos os seres para que sejamos capazes de treinar o olhar amoroso, especialmente com aquelas pessoas que nos provocam raiva ou aversão. O que acha? Às vezes pessoas que não praticam o caminho ou que são muito difíceis podem ser fontes de inspiração ou sabedoria! Não é fácil... mas geralmente o que é difícil fazer tem grande impacto na mente Grato

Então, encontrar amigos espirituais que nos ajudem na prática é importante, com certeza. Mas, se não tivermos esses amigos próximos fisicamente, por ora, podemos aproveitar essas tecnologias como a Internet para termos os amigos à distância, e também reconhecermos que, no fundo, todos os seres são não só nossos amigos, mas também nossos mestres. Assim, podemos aprender com todos eles, e assim nutrir gratidão e compaixão para qualquer ser que passe por nosso caminho, simplesmente porque ele nos deu a oportunidade de ver a impermanência, de fazer um ato de generosidade, ou de contemplar a natureza Buddha em mais um ser... são inúmeras as possibilidades.  Se houver um esforço interno, essa visão que abraça todos os seres pode ser cultivada e trazer muita plenitude para o coração. Essa é uma possibilidade que ajuda a lidar com esse "vazio" físico. Feliz

Sabe que às vezes até dói no coração quando nós olhamos em volta e parece que não achamos outro ser interessado nesses ensinamentos, ou motivado em praticar esse caminho. Surge uma sensação de solidão, como se não houvesse ninguém para trilharmos esse caminho junto e falar a respeito. Mas se a gente muda um pouco a forma de ver, e contempla que o potencial de realizar o caminho está em todos os que estão a nossa volta também, essa sensação de solidão enfraquece. Quando vemos que a única diferença é apenas que os outros ainda não se interessaram por esse caminho, e nós nos interessamos, então desaparece essa sensação de solidão e surge até um sentimento de compaixão e bondade: um tipo de aspiração do tipo "que todos esses seres a minha volta possam reconhecer esse caminho e realizá-lo. Que todos possam colher os benefícios do caminho espiritual assim como eu venho colhendo". Isso é cultivar os Brahmaviharas, como ensinou o Buddha. É olhar para os outros com bem-querer (Metta), desejando sua felicidade, bem como sentir alegria em visualizá-los felizes, qualidade que o Buddha chamou de Alegria Altruísta (tradução aportuguesada do termo páli Mudita).

Todos os seres vivos que existem,
fracos ou fortes, [2] sem exceção,
compridos, grandes,
médios, curtos,
sutis, grosseiros,
Visíveis e invisíveis,
próximos e distantes,
nascidos e por nascer:
que todos os seres tenham os corações plenos de bem-aventurança.
Karaniya Metta Sutta


Então, às vezes surgem esses sentimentos de solidão, é normal... mas é possível transformar essa visão "desanimadora" numa visão acolhedora, positiva e compassiva. Aí você já não se sente sozinho. Você sente-se como uma semente no meio de outras sementes. Como uma flór de lótus no meio de várias flores de lótus. A diferença é que algumas se abriram mais do que outras. Quando pensamos nisso, esse sentimento de "quero alguém comigo" enfraquece, e o sentimento de "quero que todos esses seres possam ser felizes" se fortalece.

Mas não significa dispensar boas amizades e bons mestres se vir um por aí, não é? O que acha ?Sorridente
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Nove

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Nove

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Mensagem Apresentação EmptyQui 23 Nov 2017 - 18:47

Obrigado pela resposta, Administrador! 

Há 4 anos, quando li pela primeira vez sobre os fundamentos, eu me encantei e logo procurei algum centro/templo/reunião budista na minha cidade, porém não achei. Eu me senti bastante solitário porque não me achava confiante para aprender algo sozinho, ainda mais o Zen que depende muito da prática e disciplina.

Tive que depender um pouco de autonomia agora e não me sinto sozinho por não ter ninguém perto (apesar de achar que seria mais fácil praticar Zazen com alguém).

Então, fazer parte desse fórum não é uma compensação por uma carência de companheiros espirituais, mas sim uma soma aos meus estudos que já estavam ocorrendo.  Piscadela
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GreyHair

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Mensagem Apresentação EmptySáb 25 Nov 2017 - 0:42

Um cumprimento amigo para todos os companheiros desta Sangha!   Oi/Tchau

Quero deixar o meu "obrigada" aos que criaram este site e nele continuam a deixar o melhor do seu esforço, bem como a todos os outros que, no Forum, conversam e partilham o seu saber, pontos de vista, etc... 

Acho muito importante encontrar e aprender/partilhar com pessoas que estão trilhando o mesmo caminho e, actualmente, temos um instrumento extra para nos facilitar esse percurso - este Forum  é prova disso! Sendo a Sangha uma das três jóias do Budismo, é bom sentir que agora ela se pode estender para além das limitações geográficas. Claro que uma Sangha virtual é diferente de uma Sangha "real"... mas não deixa de, num sentido mais lato, ser uma Sangha - e isso é bom, fico-vos grata!

Sou portuguesa, tento seguir o caminho do Buda há vários anos, tenho tido épocas de avanços e de recuos na minha prática e a maior dificuldade, para mim, é a persistência e a disciplina que não tenho na medida em que deveria ter. Mas é algo de que não vou desistir de melhorar!  Piscadela E penso que esta Sangha virtual pode ser uma ajuda - embora, obviamente, o "trabalho" tenha de ser meu!  Risonho

Obrigada, a todos, por me receberem.

Abraço.

P.S. Inscrevi-me com "greyhair" (foi o nome que me veio à cabeça na altura... e sim, já tenho muitos cabelos brancos...lol) mas podem tratar-me por Maria, se preferirem...
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Nove

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Mensagem Apresentação EmptySáb 25 Nov 2017 - 19:01

Olá, GreyHair, bem-vinda!

Você diz estar tendo dificuldades com a persistência e a disciplina. O que você está fazendo para praticar isso? Eu também estou precisando de algumas dicas nessa parte.
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Mensagem Apresentação EmptySáb 25 Nov 2017 - 22:01

Olá Maria com GreyHair Sorridente , seja-bem vinda ao Fórum Sangha Online!  Bem-vindo!

Você foi espontânea na criação do nick rsrs... De qualquer forma, todos esses corpos são veículos emprestados. Cor do cabelo, da pele, dos olhos... são circunstâncias temporárias. Essencialmente, o importante é que todos temos o potencial da iluminação, todos nós... nada mais benéfico do que nos juntarmos e nos ajudarmos nesse caminho que, é claro, é trilhado unicamente por cada um, em seu interior.

Apesar disso, o Buddha reconhecia a importância dos "amigos espirituais" na prática. Conforme o Buddha diz no Upaddha Sutta:

"[...] Isso é toda a vida santa, Ananda, isto é, ter pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas. Quando um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas, é de se esperar que ele desenvolva e se dedique ao nobre caminho óctuplo."

Por que isso? Porque quando passamos nosso tempo perto de boas pessoas, aprendemos a ser boas pessoas... aprendemos por meio dos exemplos, da inspiração, do companheirismo, dos conselhos, de influência mesmo...

O Buddha reconhecia muito a influência das amizades. Ele dizia que a qualidade das pessoas com quem andamos influencia muito na forma como agimos, portanto, é aconselhável que busquemos amigos espirituais para que um possa suportar o outro, porque isso é um estímulo exterior valiosíssimo para o caminho interior.

Não que não possamos nos comunicar com pessoas que não se interessam pelo caminho espiritual. Podemos, mas devemos nos atentarmos para más influências, ou para amigos que, por má fé ou não, possam nos levar a atitudes prejudiciais ou viciosas. Em todos os casos, Atenção Plena é sempre importante, eu acho!  Feliz

A dificuldade que vocês relatam com persistência e disciplina é em qual sentido? Persistência na prática diária? Na meditação? Em manter uma rotina? Em praticar contra alguma coisa, como a raiva ou a ansiedade? Ou praticar contra preguiça mesmo?

Seria benéfico e uma "boa influência" trocarmos ideias sobre!  Sorridente
Também tenho dificuldades às vezes em persistir com Atenção Plena... embora seja natural. Embora me esforce em tentar manter em mente qualidades hábeis e benéficas na mente, sempre ocorrem desvios para qualidades inábeis ou prejudiciais, mas faz parte do caminho...

Por isso é interessante reconhecermos, às vezes, que certos desvios ou falhas são naturais no caminho. Devemos tentar melhorar, mas tomar cuidado para não se exigir demais, mas também não de menos...

São várias as possibilidades. No caso de vocês, a dificuldade é mais especificamente em alguma área? 

Vou tentar exercer uma boa influência rsrs... Para tentar ajuda-los a se "estimularem", vou deixar o link do Kusala Sutta: http://www.acessoaoinsight.net/sutta/SNXLVI.31.php
Kusala significa "hábil, benéfico". Akusala significa "prejudicial, inábil". Nesse Sutta o Buddha enfatiza que todas as qualidades benéficas se originam da seguinte qualidade: DILIGÊNCIA. Espero que isso possa motivá-los a refletirem sobre empenho e dedicação...  Feliz

Ou talvez algo mais motivador e inspirador ainda seja considerar que diligência foi, canonicamente falando, uma das últimas palavras faladas pelo Buddha antes de morrer.

Suas últimas palavras, segundo as escrituras foram:

"Então, o Abençoado disse para os bhikkhus: “Dessa forma, bhikkhus, eu os encorajo: todas as coisas condicionadas estão sujeitas à dissolução. Esforcem-se pelo objetivo com diligência”. Essas foram as últimas palavras do Tathagata.

[...]
 No quarto jhana, ele faleceu."
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Mensagem Apresentação EmptyDom 26 Nov 2017 - 10:08

Obrigado pela resposta, William. (Acredito que você mudou seu nome para que não o chamássemos apenas por Administrador)  Reverência

Vou responder aqui o seu post no tópico "Sobre este fórum: Duvidas sobre o budismo" porque achei que minhas duas respostas seriam parecidas ou complementares.

Meu maior problema com persistência e disciplina se dá por um pragmatismo e rigidez exacerbado que eu percebo que já está se tornando um pouco prejudicial. Eu posso não estar usando as palavras certas, mas eu diria que eu tenho tanta preocupação em seguir uma rotina que eu não consigo segui-la. É o fantasiar sobre o futuro que você escreveu no outro post.

Ao meditar, percebo que meus pensamentos sempre tendem a pensar no que eu irei fazer depois: Irei ler sutras? Irei assistir a alguma palestra? Quando irei meditar novamente? Quanto tempo preciso meditar? Há quanto tempo será que estou meditando?

Eu entendi pelo seu post antigo que eu irei precisar cada vez menos dessas fantasias naturalmente. Eu não posso nem impulsionar muito o meu barco para frente e nem estagná-lo no mesmo lugar.

Então, aí que a minha rigidez entra. Eu percebo me culpar bastante quando não acho que meditei adequadamente ou acabo me deixando levar pelos meus desejos. Eu sinto que a cada dia, eu desapego mais e mais dos meus desejos, sim, mas eu me sinto frustrado quando em alguma situação a minha mente começa a implorar por esses desejos.

Sabendo que isso, provavelmente, é algo natural; gostaria de saber como outras pessoas lidam com essa demanda de si para si.

Sobre os retiros que você mencionou em outro post, eu gostaria talvez de participar de um quando tivesse a oportunidade. Irei procurar melhor e possivelmente organizar uma viagem a outro estado que tenha um templo.  Obrigado!
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Mensagem Apresentação EmptyTer 12 Dez 2017 - 20:09

Olá Nove!
O Caminho Espiritual é confuso às vezes... se formos considerar aquele ensinamento do Buda sobre o Caminho do Meio, quando ele comparou o afinar de um instrumento de cordas com a prática (se forçar demais, as cordas rompem; se afrouxar demais, o instrumento não emite nenhum som), frequentemente a gente fica confuso em saber discernir "Qual o caminho do meio neste caso? Qual a forma mais equilibrada de agir?".
Depois de algum tempo eu observei como é muito interessante como alguns mestres às vezes parecem dar conselhos contraditórios entre si, mas isso se dá em consideração a QUEM eles estão aconselhando. Às vezes você vê um mestre dizendo para ser gentil, paciente e tranquilo... Em outros casos você o vê elogiando a diligência, o esforço, no sentido de agir como um "guerreiro espiritual contra as impurezas mentais"... No início eu pensava que isso só causava mais confusão... Mas depois eu fui percebendo que em cada caso, você tem que estimular a mente de um jeito, até você aprender a integrar todas as práticas aparentemente excludentes em um só caminho.

Eu acho que eu também tenho muito problema com "esforçar-me demais" ou ter muitas expectativas. Isso é normal. Quando algo nos inspira, queremos dar o nosso máximo, nos esforçarmos, nos dedicarmos, e ficamos fantasiando os resultados... Aí damos o máximo de esforço e o resultado é justamente o oposto. Aí vem frustração  Confuso

Inclusive alguns mestres dizem que esse tipo de comportamento é mais frequente nos Ocidentais do que nos Orientais. Um mestre que compartilha dessa opinião e que ajudou muito na minha prática foi o Ajahn Brahm. Vou compartilhar um trecho de um texto em que ele fala sobre Contentamento, que seria uma qualidade que consiste em ser "fácil de satisfazer". Ou como Ajahn Chah dizia: qualquer coisa é boa o suficiente. Não importa o que esteja presente - qualquer coisa é boa o suficiente para praticar. Devemos jogar fora nossas expectativas e anseios, acolher o que estiver presente, e dar o nosso melhor (de forma equilibrada), deixando que os frutos da prática venham por si mesmos, ao seu próprio tempo. Ou como diz aquele símile: nosso papel é apenas regar o broto e deixar a flor surgir por si mesma. Se surgir uma flor ali, não devemos tentar puxá-la para cima ou tentar abri-la. Nosso trabalho é regá-la e deixa-la florescer a seu próprio tempo. Se ficarmos com muitas expectativas e impaciência, sofremos. Mas se soubermos ser pacientes, regá-la continuamente e apreciar cada pequena mudança no seu crescimento (isto é, no desenvolvimento da nossa prática), então poderemos despertar alegria no caminho, ao mesmo tempo em que a mente se desenvolve aos poucos, porque o caminho é gradual.

Voltando ao texto do Ajahn Brahm rs:

"Toda paz vem do enfraquecimento desse desejar e ansiar. Não é que desejar cause sofrimento, desejar já é sofrimento. Sempre que desejamos algo não conseguimos desfrutar daquilo que já temos.

O desejo é a distância entre aquilo que somos e aquilo que queremos ser. Não adianta, isso sempre irá causar sofrimento porque há essa lacuna. Isso é chamado dukkha, isso é chamado sofrimento.

Quanto mais momentos no dia despendemos simplesmente estando contentes, nesses momentos encontraremos a paz, encontraremos a quietude, encontraremos o êxtase. Encontraremos até mesmo meditações mais profundas. [...]

Não se trata do que é experimentado na meditação, o que muda é como a meditação é experimentada. Se estivermos aborrecidos, estaremos contentes com isso? Se realmente estivermos contentes, o aborrecimento não durará.

Toda inquietação é uma tentativa de fuga. Fuga através do que? Através do descontentamento. Se estivermos descontentes com a nossa inquietação, esta estará sendo alimentada. Se estivermos felizes por estar aqui com essa mente velha e estúpida, então a mente para. É como dirigir um carro e desligar a gasolina.

O que acontece quando nós desligamos o combustível do descontentamento? Simplesmente estaremos felizes por estar aqui, não importa onde. O veículo vai ficando mais e mais lento até que finalmente para. Como não desejamos ir a nenhum outro lugar, não iremos a nenhum outro lugar. Ficamos parados. Então esse nível de contentamento cria uma sensação do tipo "feliz por estar aqui".

Esse "feliz por estar aqui" pode parecer um pouco artificial no começo. Mas se praticarmos dessa forma o contentamento irá se fortalecer, fortalecer e fortalecer. Até que atinjamos um contentamento tão intenso e perceberemos que ele é tão cheio de paz, tão calmo, tão cheio de êxtase, que isso nos levará para meditações mais profundas."
- fonte: http://www.acessoaoinsight.net/livros/meditacao.pdf

Eu lembro de um período em que eu achava que a prática era sempre se sentir bem... e não é isso... Então, quando eu não me sentia em paz ou em êxtase, eu achava que estava errado e aí vinha "Remorso". Aí eu ficava procurando alguma forma de me corrigir, de mudar alguma coisa, porque se eu não estava em êxtase devia ter alguma coisa errada...

Mas com o tempo eu tenho aprendido que a questão não é TER boas experiências, mas SER bom em todas as experiências. E ser bom significa buscar ser virtuoso, generoso e compassivo... Não podemos fazer isso em situações difíceis? Ou quando a mente está inquieta? Ou quando a mente está raivosa? Se a prática for só sobre se sentir bem, então o que fazemos quando não nos sentimos bem? A questão é que "qualquer coisa é boa o suficiente para cultivar as boas intenções no coração". Então, independente de como a mente esteja, cultivamos amor, generosidade e bondade. Se a mente estiver feliz e extasiada, cultivas as boas qualidades. Se a mente estiver raivosa, cansada ou inquieta, cultivamos as mesmas boas qualidades.

Não é sobre desfrutar das boas experiências e, nas ruins, achar que tem algo errado e querer mudar aquilo. É buscar cultivar aquilo que é hábil independente da experiência que estiver presente. Isso envolve aceitar que algumas vezes nossas mentes serão difíceis, ou que em algumas vezes estaremos experimentando resultado de maus karmas do passado. Nesses casos, ficar com remorso por passar por dificuldades ou inquieto tentando se livrar do desconforto só gera mais sofrimento. Fantasiar sobre como você deveria estar se sentindo também só gera mais sofrimento. É mais hábil acolhermos esses fenômenos, aprendermos com eles e aprendermos a sermos capazes de, ainda assim, manter a prática mesmo nos momentos difíceis.

Eu lembro de uma vez que minha mente estava muito inquieta... louca, desvairada! rs. Cheguei no meu serviço e surgiu um pensamento: "Estou me sentindo desconfortável, infeliz, e inquieto... Acho que tem alguma coisa errada.". E então outro pensamento veio: "Mas isso também é bom o suficiente para ser bondoso, não é?", e então a mente acalmou sozinha.

Não precisa fazer coisas fantásticas, ou sentir-se sempre bem... apenas busque fazer o que é virtuoso e generoso. Coisas pequenas. Simples.

Apreciar o que é simples e bondoso faz parte do caminho. E "ser fácil de satisfazer" também faz parte... significa que independente das dificuldades ou facilidades que passamos, qualquer coisa é boa o suficiente para praticar esse caminho. Qualquer coisa. Mesmo isolamento, difamação, sentimentos de raiva, situações difíceis, lugares desagradáveis... qualquer coisa é boa o suficiente. À medida que cultivamos essa convicção no coração, a mente acolhe e se abre a tudo, e sofre cada vez menos porque ela vai parando com essas ideias loucas de ter que ficar mudando o mundo, as pessoas, as experiências... Só temos de mudar nossas intenções e a forma como nos relacionamos com os fenômenos. Os frutos da prática virão por si mesmos ao seu próprio tempo! Grato

Como diz Ajahn Amaro, mais ou menos assim: quanto mais você se apressa, mais você demora para chegar. Agora, aqueles que vão com calma, são os que chegam mais rápido.

Ajahn Brahm costuma dizer que quando você aprende a se contentar com o estágio meditativo em que você está, em vez de ficar desejando avançar ou estar em outro lugar, é aí que você avança. Porque o desejo de ir adiante, sentir algo maior, aumentar o êxtase... isso tudo é desejo que leva a sofrimento e inquietação. Mas quando a mente abre mão de tudo isso, devido entender que esses desejos só levam a frustração, então ocorre o desapego e a mente se aprofunda em estados de renúncia cada vez mais profundos. Só então os avanços ocorrem.

Mas isso tudo são palavras. Na prática é que precisamos entender como isso acontece.

No Kimatthiya Sutta o Buda diz que quem cultiva virtude, se liberta do Remorso. Quem se liberta do Remorso, desfruta de Contentamento/Satisfação. E é o Contentamento/Satisfação que leva a mente aos estados medidativos de Êxtase e alegria.

Então, a sequência do caminho passa por essa linha de virtude -> não-remorso -> contentamento.

Exigir-se demais, fantasiar resultados fantásticos, ou estabelecer metas para que a sua prática seja assim ou assado pode ser contraprodutivo se nós não soubermos fazer isso com equilíbrio e prudência.

Além disso, outra qualidade importante no caminho é Perdão. É saber perdoar-se ao cometer erros, ou ao não conseguir ser virtuoso o suficiente. Não adianta querer se castigar ou se torturar porque cometeu erros... isso só leva a mente a ficar raivosa ou angustiada. Isso não conduz ao Contentamento.

Claro que isso não significa ser negligente e não reconhecer os próprios erros. Mas significa que aprendemos com nossos erros sem ficarmos apegados a eles. Se cometemos um erro, então aprendemos e seguimos em frente.

Como Ajahn Chah dizia, se algo está pesado, solte, desapegue, largue. O problema é que não largamos nossas expectativas, nossos remorsos, nossas exigências - nossos Desejos! Assim, sofremos.

Entender isso na prática não é fácil... mas esse é o caminho que o Buddha apontou! Renunciar ao Desejo leva à libertação do Sofrimento. Foi isso que ele ensinou nas 4 Nobres Verdades, o que acha?

Talvez fosse mais saudável ir aos poucos, gradualmente, e reconhecer os pequenos avanços, em vez de ficar buscando GRANDES avanços. O Buddha ensinava de tal forma que cada um de nós pudéssemos praticar gradualmente, de acordo com as nossas capacidades. Devemos ir aos poucos. O avanço é gradual. Por isso que aqueles que vão devagar, chegam mais rápido. Feliz

Esses paradoxos e "pegadinhas" são justamente para confundir a mente... para mostrar a ela que o caminho não se faz apenas lendo ou estudando, mas também na prática, nas atitudes, nas intenções e ações.
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Mensagem Apresentação EmptyTer 12 Dez 2017 - 23:39

Olá, William! Obrigado pela resposta!  Grato

Eu estou sentindo a minha prática dando resultados a cada dia e o que me ajudou a me contentar com isso foi perceber que, ao emagrecer (estava com sobrepeso há algum tempo), as pessoas percebiam muito a diferença quando me viam em tempos espaçados, ao contrário de mim que não percebia diferença alguma no meu corpo. Sei que meu progresso está lá, mas é tão gradual que eu mal o percebo. Feliz

Outra coisa que estive percebendo na minha meditação como pensamentos automáticos e acredito que você até já os teve (eu li a história sobre a sua mãe: "O budismo pode estar errado, quem sabe?") é a arrogância em ser humilde por mais paradoxal que seja.

Eu passei por algumas situações na qual haviam pessoas se gabando de seus feitos e eu podia fazer o mesmo porque era uma situação propícia pra isso, preferi ficar calado entretanto. Depois, em meditação, percebi que eu havia começado a me orgulhar um pouco demais dessa falta de desejo em me gabar e percebi que eu estou me tornando arrogante em ser humilde.

De que forma isso pode ser nocivo? E, caso eu apenas continue praticando rotineiramente como estou fazendo, conseguirei contornar essa arrogância?
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Mensagem Apresentação EmptyDom 7 Jan 2018 - 22:25

Olá Nove!
Ajahn Brahm, mestre budista theravada, costuma dizer que mesmo os efeitos da meditação podem ser mais perceptível para os outros do que para nós, de início. Às vezes não percebemos o quanto melhoramos com o caminho espiritual, até ouvir uma opinião de fora. Muitas vezes nossos familiares ou amigos percebem mais do que nós como estamos mais tranquilos, pacíficos, alegres e lúdicos.
Eu lembro dele contando a história de uma discípula dele de Armadale, um grupo de meditação na Austrália. Ele fez uma meditação com o grupo e no final ela foi até ele e disse que não queria ir até lá meditar naquela noite, mas a filha dela, uma criança, insistiu: "Mãe, vá meditar!". Ela disse que respondeu que não queria ir, estava cansada devido ao trabalho, mas a criança continuava insistindo "Mãe, vá meditar!", até que a mulher perguntou "Por que querida?" e a filha respondeu: "Porque você é uma mãe muito melhor quando você volta da meditação!" Rindo Então é muito bonito. É como o Buddha diz: praticamos esse caminho pelo nosso benefício, pelo benefício dos outros, pelo benefício de ambos!

Sobre vaidade, arrogância, presunção... é um negócio difícil mesmo. Nossa, é uma contaminação que, vou te falar, eu tenho certeza que demora muito para desenraizar Sorridente E essa convicção não vem só da minha prática, vendo como isso surge várias vezes na minha mente, como no exemplo desse texto que você disse, que eu escrevi, como essa convicção também vem dos ensinamentos do Buddha.

O Buddha ensina que há 10 grilhões que aprisionam os seres no Samsara. Ele ensina que mesmo que esses grilhões possam não estar ativos ou se manifestando em condutas ou pensamentos inábeis, eles podem estar "latentes" e se manifestar no futuro. Então, o que caracteriza os Nobres (que alcançaram um dos níveis de Iluminação que são, em ordem ascendente: Sotapanna, Sakadagami, Anagami e, por fim, o Arahant ou totalmente Iluminado) é o desenraizar e eliminação permanente desses grilhões, de tal forma que nunca mais possam se manifestar.

São eles:
1. Ideia da existência de um Eu
2. Dúvida
3. Apego a preceitos e rituais
4. Desejo Sensual
5. Má Vontade
6. Desejo pela Forma
7. Desejo pelos Fenômenos sem Forma
8. Presunção
9. Inquietação
10. Ignorância

Veja: Mahamalunkya Sutta e Uddhambaghiya Sutta

Os 3 primeiros são desenraizados pelo Sotapanna.
O 4º e 5º são bem enfraquecidos pelo Sakadagami.
O 4º e 5º são totalmente desenraizados pelo Anagami.
Do 6 ao 10 são desenraizados totalmente apenas pelo Arahant.

Então veja, mesmo até o nível de Anagami, que é um ser que está próximo do Completo Despertar, e que já não possui nenhum resquício de Dúvida, Raiva ou Desejo Sensual (prazeres dos 5 sentidos) no coração, ele ainda pode ser atormentado por pensamentos de Presunção.

E o que é Presunção? É a tendência de nos compararmos com os outros, seja como melhor, pior ou até igual aos outros.

Eu gosto de lembrar desse ensinamento dos Grilhões porque para mim me mostra como Presunção, que é a base da Vaidade, do Orgulho ou até da Arrogância, é um grilhão MUITO forte.

E essa mente é muito trapaceira. Ela sempre busca maneiras de se vangloriar, "se achar", se comparar... especialmente se achando melhor, geralmente rs...

Se ela tem um pensamento de fazer algo virtuoso desejando "Que os outros vejam e me elogiem!", então você pode se refrear, repreender esse pensamento vicioso, e até não fazer o ato virtuoso só para resistir a mente... ou pode se repreender até que a mente se assente, aprenda a lição, então você faz o ato.

Aí a mente vem e pensa: "Nossa, como sou sábio, veja como repreendi o pensamento de arrogância com maestria! Duvido que fulano ou os outros sejam tão bons no Dhamma como eu!", aí você vai lá e alerta a mente de novo, reflete, ensina a si mesmo, até que a mente se assente de novo rsrs...

A mente é assim. Ela é capaz de usar coisas boas como virtude, generosidade, compaixão e ATÉ humildade, como você citou, para ficar se comparando, se vangloriando... tamanha é a tendência da mente de querer se comparar aos outros. A isso o Buddha chamou de Presunção.

Não é fácil lidar com isso, mas não acho que isso signifique que devemos simplesmente ir seguindo o caminho e deixando esses pensamentos passarem... Penso que devemos observá-los, penetrá-los, repreendê-los e refletir sobre eles... "Dar uma bronca na mente" e pensar da forma correta, em seguida, para mostrar a mente qual é a forma correta de raciocinar... Acho que só "deixar passar" pode não ser bom... o que acha?

Veja... mesmo um Nobre que alcançou tamanho Insight em que ele desenraizou a crença num "Eu", ele ainda pode ter Presunção. Por quê? Devido à tendência da mente em se identificar com suas "conquistas", que na verdade são estágios de desapego.

É sobre isso que é o caminho do Buddha. Sobre desapego, renúncia, generosidade, abandono, abrir mão, cessação, libertação... Isso é Nirvana.
E é assim que alcançamos estados meditativos profundos. Renunciando, abrindo mão... Mas ainda assim, vez ou outra, essa mente estúpida se apega e se identifica com estágios de renúncia! Dá para acreditar?

Mas essas mentes, quando ainda têm um pouco de Ignorância, são capazes de fazer isso. Chegamos a níveis profundos de meditação, ou desenvolvemos uma boa virtude, ou despertamos uma grande sabedoria por meio da renúncia, e ainda assim a mente se apega a esses frutos de desapego ("apego ao desapego") se identificando, se vangloriando "Como sou sábio! Como sou Iluminado! Como sou melhor do que os outros!" e claro, isso é só mais uma pegadinha da Ignorância que mostra que ainda não alcançamos a Iluminação completa.

Como dizem os Grandes Mestres, os verdadeiros sábios iluminados compreender tudo como não-eu, não-meu, até mesmo a Sabedoria. Nem a sabedoria é minha, ou meu Eu, porque ela apenas é realizada devido a causas e condições. Foi isso que o Buddha ensinou no Kimatthiya Sutta: uma mente virtuosa e contente atinge estados profundos de meditação. Um mente meditativa vê as coisas como elas realmente são (sabedoria). Uma mente sábia se desencanta com o mundo, se desapega, e se liberta. Esse é o caminho.

Então, Virtude não é para se apegar. Meditação não é para se apegar. Sabedoria não é para se apegar. Humildade não é para se apegar. Nirvana não é para se apegar.

Somente quando a mente compreende tudo isso COMPLETAMENTE, até o fim, que a Iluminação completa é realizada.

É como se diz nos ensinamentos do Buddha: nós nos agarramos aos ensinamentos da mesma forma como nos agarramos a um barco até chegarmos a outra margem. Quando chegamos, então devemos abandonar o barco e não leva-lo junto conosco. Se o levarmos junto, então ainda estamos apegados, ainda não concluímos o caminho. Somente quando nos desapegamos até mesmo do barco que nos trouxe até aqui, então completamos o caminho.

Então desenvolvemos Virtude, Meditação, Sabedoria e Humildade... mas, no fim, nos desapegamos de tudo isso e reconhecemos essas coisas como não-eu também. Dai vem a Sabedoria Final.

Realmente, entender Anatta (Não-eu) e a Originação Dependente são os ensinamentos mais profundos do Buddha. Reverência

Um Sutta que me vem a mente é o Pañcattaya Sutta. É um Sutta meio grande e complexo, mas o interessante que eu me lembro agora é no final, em que o Buddha faz uma análise sobre como um contemplativo vai avançando em vários estágios da meditação, e como a cada novo estágio ele se apega a algo, sendo que para avançar para o próximo nível ele precisa se desapegar disso.

Aí bem no final, o último apego que o Buddha enumera, é assim:

23. “Aqui, bhikkhus, um contemplativo ou brâmane, com o abandono das idéias acerca do passado e do futuro e com a completa ausência de determinação pelos grilhões do prazer sensual, e com a superação do êxtase do afastamento, do prazer extra-mundano, e da sensação nem dolorosa, nem prazerosa, considera a si mesmo assim: ‘Eu estou em paz, eu realizei Nibbana, eu estou sem apego.’
24. “O Tathagata, bhikkhus, compreende isso da seguinte forma: ‘Esse bom contemplativo ou brâmane, com o abandono das idéias acerca do passado e do futuro ... considera a si mesmo assim: “Eu estou em paz, eu realizei Nibbana, eu estou sem apego.” Com certeza esse venerável declara o caminho na direção de Nibbana. No entanto, esse bom contemplativo ou brâmane ainda tem apego, apegando-se ainda a uma idéia acerca do passado ou a uma idéia acerca do futuro, ou a um grilhão do prazer sensual, ou ao êxtase do afastamento, ou ao prazer extra-mundano, ou à sensação nem dolorosa, nem prazerosa. E quando esse venerável considera a si mesmo assim: “Eu estou em paz, eu alcancei Nibbana, eu estou sem apego,” isso também é declarado como apego por parte desse bom contemplativo ou brâmane. Isso é condicionado e grosseiro, mas há a cessação das formações.’ Tendo compreendido ‘Existe isso,’ vendo a escapatória disso, o Tathagata foi além disso.
25. “Bhikkhus, esse estado supremo de paz sublime foi descoberto pelo Tathagata, isto é, a libertação através do desapego, por meio da compreensão de como na verdade são a origem, a cessação, a gratificação, o perigo e a escapatória no caso das seis bases do contato. "

Ou seja, quando o contemplativo pensa "EU alcancei a Paz, EU alcancei Nibbana..." ainda tem um apego, uma identificação, uma presunção, uma vaidade no coração do contemplativo... Ainda não é a realização completa.

É como aquele símile do Ajahn Maha Boowa: no caminho nós vamos nos desapegando de todas as coisas externas. Depois, nos desapegamos de várias elementos internos, como pensamentos e contaminações. Porém, bem no final, não conseguimos nos desapegar de "nós mesmos". Aí Ajahn Maha Boowa faz aquele símile: é como estar num quarto que foi totalmente vazio. Você olha em volta e não tem nada, você libertou-se de tudo. Mas você demora um tempo para perceber que na verdade aquele quarto ainda não está vazio - VOCÊ ainda está ali. Só quando você desapega desse "Eu"... Nibbana/Nirvana.


Bom, não sei se você leu a Newsletter que enviei hoje, mas estarei abandonando o fórum por alguns motivos pessoais rsrs... Desde 27/06/2013 foi muito bom conversar sobre o Dhamma com várias pessoas como você.

E é uma honra fazer uma das ultimas postagens tratando de um tema tão complexo como Presunção e Arrogância. Obrigado por isso! É um bom tema para refletirmos!
O espaço continuará disponível, ok, Nove?

Antes de ir embora de vez rs... vou traduzir rapidinho um texto que me veio a mente que acho é que tão engraçado/humorado, travesso, mas ao mesmo tempo é justamente profundo para que possamos entender como o ensinamento do Buddha é sutil.

É a introdução do Ajahn Brahmavamso ao livro dele "The Art of Disappearing" - A Arte do Desaparecimento.

É assim:

"Não leia este livro se você deseja ser um Alguém. Este livro irá transformá-lo em um Ninguém, um não-eu.
Eu não escrevi esse livro. Ele consiste de palestras que foram transcritas e editadas com todas as piadas ruins removidas. Não sou eu quem conta minhas piadas ruins de qualquer maneira. Os cinco khandhas (agregados) que presunçosamente afirmam serem Eu que contaram as piadas. Eu tenho o álibi perfeito - meu Eu estava ausente na cena do crime!
Esse livro não diz o que você deve fazer para se tornar iluminado. Não é um manual de instruções como o livro "Mindfulness, Bliss and Beyond" que também foi escrito por esses cinco agregados enfadonhos que têm a pretensão de ser o Ajahn Brahm. Fazer coisas como seguir instruções apenas faz de você mais como uma pessoa. Em vez disso, esse livros descreve como a cessação/ desaparecimento ocorre apesar de você. Afinal, não é apenas o "exterior" que desaparece. Todo o "interior", tudo aquilo que você toma como sendo Você também desaparece. E isso é tão divertido, é pura felicidade.
O verdadeiro propósito de praticar o Budismo é desapegar-se de tudo, e não conseguir mais coisas como conquistas para mostrar para seus amigos. Quando nós nos desapegamos de algo, de verdade, então isso desaparece. Nós perdemos isso. Todos os meditadores de sucesso são perdedores. Eles perdem seus apegos. Os Iluminados perdem tudo. Eles realmente são os Grandes Perdedores. Pelo menos, se você ler este livro e entender alguma coisa dele, você poderá descobrir o significado de liberdade e, como consequência, perder todos os cabelos da sua cabeça!
Eu agradeço a ajuda gentil de outros Ninguéns, em particular Ron Storey por transcrever as palestras, Ajahn Brahmali por editar o trabalho, e todos os seres vazios da Wisdom Publications por publicarem o livro.
Que todos vocês fiquem perdidos,
Não realmente Ajahn Brahm, Austrália, Julho 2011"

Já as últimas palavras do livro são: "...desapareça desse mundo de sofrimento.". Isso é Nibbana. E é apenas Causa e Efeito. Quando há virtude, há uma mente meditativa. Quando há uma mente meditativa, há sabedoria. Quando há sabedoria, há desapego. Quando há desapego, há libertação, Nibbana. Então, não há mais sofrimentos, não há mais renascimentos, só há pura sabedoria e compaixão... um ser Iluminado ajudando outros seres até seu "Nibbana final". Feliz
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Mensagem Apresentação EmptySeg 8 Jan 2018 - 7:38

Obrigado por compartilhar todos os ensinamentos que foram deixados neste site.  Grato
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