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 Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos.

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AsmitaNoVirgo

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AsmitaNoVirgo

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Mensagem Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos. EmptyTer 7 Jun 2016 - 13:33

Fiquei uma longa temporada sem fazer perguntas, acho que descobri que há tempo de questionar e tempo de refletir, eu estava demasiadamente apegado as respostas (principalmente as concretas) e precisava de tempo para absorver respostas que eu tinha colhido para então fazer novas. Mas dessa vez não queria só fazer questionamentos, queria colocar também algumas observações. Enfim, vamos lá.
A pós-modernidade nos trouxe graves problemas em todas as áreas, principalmente as destinadas ao sofrimento humano. Como herança do modernismo ficamos preso a um olhar racional de ver o mundo e o apego ao material nunca foi tão grande. Hoje estamos em mundo pulverizado, fragmentando e sem direção. O ocidente que mais incorporou o "bussines world" padece dos mais horrendos conflitos. Não conseguimos mais ter perspectiva de vida, tudo é muito passageiro, informação disponível a milésimos de segundos, o numero de pessoas com depressão só aumenta. Ou seja é um caos assimilado, vivido e praticado. É o problema da liberdade desenfreada, tudo pode? O sofrimento se multiplica pois os interesses entram em jogo a todo vapor!
Vários sociólogos filósofos, psicólogos e afins da áreas humanas se debruçam com esses problemas e todos chegam a conclusão de que a ciência que lá atrás prometia tudo, hoje se mostra ineficaz e pior ainda, é uma das principais causadoras de problemas hoje. E dentro disso em uma palestra sobre pós modernidade algo me chamou muita atenção que me deixou em estado de conflito comigo mesmo.
Mais ou menos com as palavras dele, ele diz que perdemos, hoje na condição de ocidentais "hiper modernos" o senso de comunidade(ou nem ganhamos) e que trocamos de religião, ideologias, perspectivas como se troca de roupa, de casa etc ou seja vivemos pelo estilo. E cada vez mais percebo isso, e na analogia dele estamos em um deserto onde não podemos parar de andar se não somos engolidos, ou seja não há mais tempo!
No mundo Pós- Moderno não há tempo pra pensar na vida, em nós, em sentar com as pessoas e discutir coisas importantes que fazem parte do dia do dia e nem prestar atenção no nossos hábitos. Temos deveres, obrigações que nem sabemos mais pra que vai nos servir. E assim vamos perdendo a essência de estar vivo, perdemos o sentido da vida (tema que já havia falado em outro post) tudo em prol de uma lógica do capital e de sobrevivência do mais forte, isso me lembra de outro mundo do Samsara...
Enfim estando eu nesse contexto de "jovem liquido" o liquido de Bauman quando ele fala que tudo se perde rápido demais como tentar agarrar uma bolha de água, ou seja falta valor nos seres pós modernos. Entrei em profundo insight e me deparei com a triste verdade de que eu e muitos iniciantes no caminho do Dharma podemos estar nos iludindo. Por quê?
Por quê talvez estejamos querendo um remédio idealizado pra todos os problemas, eu até admito que no começo era isso que eu procurava, mas com o tempo percebi que o  budismo é mais que isso, é ir além de remediar a dor é suportar-la. Mas essa questão da comunidade, retomando esse ponto importante, é característica muito forte dos povos pré-modernos, como exemplos dos indígenas, orientais, nórdicos etc Essa cultura das tradições comunitárias ou estão  fechadas ao publico externo por que não nascemos nela (não tem como se apropriar), ou ela esta se perdendo ao longo do tempo.
Um exemplo muito claro é ver que hoje os jovens (vejo muito isso na universidade) buscam ideologias como salvações utópicas, ate mesmo retomando ideias modernas que não serve mais, em um primeiro momento se busca ideologia pelo politicamente correto( ou nem sempre!) ou seja para combater preconceito mas o que está incutido é o valor existencial pra ele naquilo, e prova disso é a forma como pregam agressivamente seus ideias, projetando isso no outro.como o unico meio de uma salvação desesperada e busca por liberdade (aquela avassaladora do pós!)
No entanto a diferença de um jovem budista que dava a sua vida por sua comunidade, por que ele viveu ali, tem uma história ali, ele consegue absorver o senso de dever no valor que aquilo tem pra ele. De um jovem hoje como eu e muitos que podem não gostar do mestre e amanhã aceitar ou outra religião que atenda mais fácil as necessidades dele, entende? Ou seja até que ponto é válido eu me sentir no direito de ser budista tendo a oportunidade de escolher ser, sendo que já o ato de escolher, retomando a fala do filosofo palestrante: já me coloca em um papel superficial por exemplo em uma comunidade budista?
Eu acho que discordo do filosofo da palestra que assisti quando ele coloca que o fato de eu poder escolher a religião eu estaria sendo superficial, mas se tratando de tradição eu me sinto ultrajado por que não faço parte de linhagem, não sou oriental e muito menos tenho senso de comunidade. Eu estou me esforçando muito no dia a dia, mesmo não conseguindo meditar ainda, estou tendo mudanças significativas na minha vida, digamos que estou entrando menos em conflito com coisas passageiras, praticando a atenção plena um pouco de cada dia e desenvolvendo minha compaixão.
Mas eu me pergunto, ai entra a minha aflição, sendo pós moderno e entrando em uma tradição diferente se irei superar o choque de tradição, quando um dia eu tomar e coragem e fazer parte de uma Sangha, (Ainda não tomei essa atitude pois estou me avaliando bastante pra ver se é isso que eu quero) se eu não estaria ali interpretando apenas um papel que não é meu, buscando refugio apenas e não conseguir fazer  o básico que é meditar e desapegar do video game por exemplo.
Enfim pra encerrar essa epopeia de problemas, qual a significância para o budismo com esse contato ocidental, já que Buda teve compaixão de todos independente de tudo, penso que ele poderia simplesmente poderia ter virado as costas para humanidade e não ter deixado lição alguma. Mas a sua compaixão foi maior que isso, e eu nem sonho em ter capacidade de ter tal compaixão, afinal eu vim de outro processo cultural, o da posse individual. Não estarias nós ocidentais virando as costas pra tal lição,qual a gratidão nisso tudo? ( desculpe me sinto uma pessoa muito ingrata)
*Desculpe se eu ofender com a palvra "superficial" eu quis dizer praticantes como eu que estão inseguros e aflitos ainda e meia volta se perguntam coisas desse tipo, apenas quero saber como o Budismo encara esse fast-food ocidental de religiões, religiões e ideais que parece mais um shopping existencial, ideia que eu acho completamente infeliz!
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Shinobu

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Mensagem Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos. EmptySáb 11 Jun 2016 - 17:37

Oi Asmita, muito interessante isso que questionou, eu como você também novo no budismo e procurando me esforçar na atenção plena, creio que não tem como escolher uma religião pois já tentei, passei por varias procurando me identificar, buscando o lado espiritual que tanto necessitava, mas foi nas palavras do Buda que tudo se completou, todas as minha duvidas são esclarecidas, me sinto como se eu fosse budista desde o dia que nasci, só estava perdido.
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AsmitaNoVirgo

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AsmitaNoVirgo

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Mensagem Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos. EmptySáb 11 Jun 2016 - 18:18

@Shinobu Mas quais suas expectativas com você mesmo no budismo? É isso que me pergunto, querendo ou não eu tenho uma preocupação com o pós morte e meu fim além disso. Nirvana, iluminação, você pensa nisso?
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Mensagem Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos. EmptyDom 12 Jun 2016 - 14:44

Olá Asmita  Reverência
Lendo seu post e o link que você me enviou na sua outra mensagem (vou deixar aqui, se não se incomodar: http://www.budavirtual.com.br/para-o-budismo-so-o-buda-salva/) fiquei relativizando um pouco as coisas rsrs... Porque, ao mesmo tempo que se pode pensar num ocidental, envolvido numa cultura de consumismo, relacionamentos líquidos e aclamação das aparências, $$, crescimento profissional e seja lá o que mais, também é justo pensar em orientais que migram para EUA e outros países com essa mentalidade, muitas vezes abandonando suas raízes asiáticas, sua cultura de comunidade ou seus aprendizados sobre tradição familiar e coletividade, dentre outras coisas fortemente ensinadas no Oriente, em lugares como o Japão. Tem gente em todo lugar se identificando com culturas de outros lugares, e ninguém deve sentir-se culpado ou desmerecedor de tentar viver os ensinamentos de uma cultura na qual não cresceu ou não está inserido.
Essas divisões que fazemos são convenções úteis que ilustram fenômenos sociais que acontecem na realidade, mas em último sentido, todos nós somos seres humanos. Ocidentais têm o potencial de reconhece o valor de conceitos como cooperação e coletividade, assim como Orientais têm o potencial de reconhecer valores como liberdade e mobilidade social, que em algumas culturas asiáticas são negligenciados.
O próprio Buddha entrou em choque com a cultura em que ele vivia. Se, por um lado, a cultura hinduísta renunciante o ajudou a ter condições de seguir a vida de um monge sem-teto dedicado à meditação, por outro lado ele teve problemas com o fato de ter nascido príncipe, viver rodeado de prazeres sensuais e encontrar, no meio religioso, pessoas que pregavam que o ápice espiritual estava na mortificação, ascese e tortura do corpo. 
Apesar disso, ele buscou o caminho do ápice do coração - e não daquele ensinado pela sociedade. E o ápice do coração está dentro de cada um, independente de onde quer que tenha nascido ou como quer que tenha nascido - embora animais não possam desenvolver esse potencial até renascerem como humanos, como ensina o Budismo.

Então, não apegue-se ao meio em que você vive para avaliar se você é merecedor ou não de afirmar-se Budista. Variáveis sociais e culturais interferem nas qualidades e personalidades das pessoas, mas o nível de influência exercida por elas depende de vários outros fatores que nenhuma equação matemática é capaz de definir com exatidão, porque cada indivíduo é único e, em cada circunstância, cada variável exerce um nível de influência diferente. Então, não considere só o meio para julgar-se merecedor ou autêntico como Budista, ou como uma pessoa que dedica-se a ensinamentos de uma religião oriental, no que concerne a valores como comunidade e cooperação.

Sobre o link "Para o budismo, só o Buda salva?" há um milhão de questões envolvidas rsrs...
De fato, o Budismo no Ocidente, e isso inclui especialmente o Brasil, onde o Budismo ainda é pouco reconhecido e, em muitos lugares, ensinado de maneira distorcida; tem enfrentado esse fenômeno de "supermercado espiritual" ou "Vou praticar o Budismo porque traz benefícios para a saúde, mas não acredito em renascimento nem Samsara" rsrs... Ou ainda, há pessoas que se identificam budista e, ao mesmo tempo, se dizem pessoas conciliadoras e respeitosas às religiões alheias, igualando Nirvana com Deus ou dizendo que todas ensinam as mesmas coisas com palavras diferentes. Há ainda as pessoas que colecionam altares de Buddha, mandalas tibetanas e sei lá que outras peças artesanais de religiões orientais só porque é chique ou bonito... Em muitos casos Budismo é mais moda do que religião  Confuso
Enfim... Isso acontece. O complicado são aquelas pessoas que se identificam de verdade com vários, geralmente não todos, os ensinamentos do Buddha, e ficam nessa dúvida de se assumirem budistas ou não devido a ensinamentos como Renascimento ou Nirvana. É até frustrante, porque essas pessoas muitas vezes pesquisaram diversas religiões e aí, quando chegam no Budismo, quando acham que finalmente encontraram uma religião com a qual se identificar completamente, descobrem ensinamentos que não são passíveis de comprovação científica, como o ensinamento do Renascimento. "E agora? Sou budista ou não?"
Soma-se a isso o que você falou de viver numa cultura em que ser espiritual é mais por motivos científicos, de saúde ou de estilo do que por motivos... espirituais rs.... Porque no Ocidente, de certa forma, o consenso é que essa vida é única e depois que se morre, acabou. Então, espiritualidade geralmente é algo que não faz sentido. 

O que o Budismo acha disso? Uma grande confusão, naturalmente.
Porém, o fato é que não são todas as pessoas que estão "prontas" para os ensinamentos finais.
"Quer dizer que só o Buda salva então?"... Se for ver, sim rs... "Então não sou Budista, embora admire os ensinamentos do Buddha..." não vá jogar virtude e meditação fora também, só por isso! Calma rsrs...
O que acontece nesse diálogo do Budismo com as outras religiões e filosofias no Ocidente?
O Buddha propôs um diálogo respeitoso e conciliador, mas isso não significa que Nirvana e Deus são a mesma coisa. No caminho até Nirvana são necessárias qualidades como generosidade, caridade, serenidade, paciência, virtude, moderação, contentamento, meditação, entre outros... Claro que essas qualidades são encontradas em muitas outras tradições, só que a intenção por trás do cultivo dessas qualidades é diferente. Por isso que o autor do texto que você compartilhou diz que muitas pessoas podem cultivar o que se cultiva no Budismo, mas pouquíssimas cultivarão da mesma forma ou com a mesma intenção que no Budismo. Vou até achar o trecho aqui:

Outras tradições se aplicam nas atividades em que se aplicam com as mais variadas motivações, tais como agradar uma divindade poderosa, ou manter tradições e lembrar os antepassados, ou tentar efetuar alguma alteração mágica nas circunstâncias externas para melhor… Há todo tipo de motivação, e algumas vezes há uma perspectiva semelhante a do budismo, mas nem sempre tão claramente idêntica ao budismo, e raramente ou nunca exatamente como no budismo.

tÉ por isso que budistas esforçados, autênticos ou mesmo os monges podem sim reverenciar cristãos, muçulmanos ou hindus quando eles praticarem as qualidades que devem ser cultivadas no Budismo também... Podem sim respeitar Deus, Alá ou Krishna - mas sempre estão cientes das distinções entre aquilo que seguem e aquilo que outras tradições ensinam. O fato é que não costumamos verbalizar ou falar a respeito, justamente porque as pessoas não estão sempre prontas para ouvir. Já ouvi muitos amigos, com todo meu respeito e paciência, falarem sobre o paraíso ou a onisciência de Deus, e geralmente o que eu fazia era sempre elogiar as partes em que se falava sobre perdão, amor e benevolência. Nunca que eu vou lá falando sobre Nirvana, a não ser que me perguntem muito explicitamente sobre o assunto, porque caso contrário eu sei que isso só viraria um debate religioso, e não vejo benefício algum nisso. Às vezes as pessoas me perguntam: "Você não concorda com tudo isso que eu disse sobre Cristo /Jeová/ Jesus (ou seja lá o que for)?" e eu costumo dizer: "Concordo com as qualidades de amor, perdão, benevolência, moralidade... Mas não concordo numa entidade toda poderosa chamada Deus criadora de tudo... Não concordo com a história de Adão e Eva..." ou qualquer outra coisa que me perguntem explicitamente e que não confiram com o que o Buddha ensinou.

Então, budistas podem muito bem ouvir e elogiar outras tradições, mas com HONESTIDADE. Sempre sabendo reconhecer as coisas boas que as outras tradições também praticam, mas ao mesmo tempo sabendo diferenciar o que confere com os ensinamentos do Buddha.

Acabo de me lembrar do Ajahn Brahm. Ele é verdadeiramente mestre nisso rsrs... É o monge do Budismo Theravada que sigo, e em seu monastério da Austrália ele recebe monges do Budismo Mahayana, Budismo Zen, padres católicos ou seguidores do Islã... várias tradições. E eu sempre reconheço a capacidade dele de conciliar respeito e, ao mesmo tempo, honestidade com o Budismo, porque ele sempre sabe respeitar outros ensinamentos sem se contrariar.
Lembro que em uma palestra eu acho que perguntaram para ele se não fazia mal se curvar diante de um símbolo cristão como Jesus na cruz. Então ele disse: se você se curvar aquele símbolo considerando-o como um símbolo de amor, virtude e perdão, então não há diferença entre curvar-se para Jesus ou Buddha.
O que muda aí é a motivação. Agora, sendo mais frio e franco, um budista não vai curvar-se a esse símbolo pensando em Deus todo-poderoso, criador do céu e da terra rsrs... Mas nós não falamos isso abertamente, porque as pessoas não estão prontas para ouvirem isso. É omissão ou mentira ficar elogiando as coisas boas das outras religiões sem esclarecer as diferenças? É apenas uma questão de habilidade. E o Ajahn Brahm foi sempre uma inspiração para mim nesse quesito.
Lembro dele contando de como ele fez piada disso com um padre católico, eu acho. Como sabe-se, Nirvana é a "cessação dos 5 agregados", é onde cessa a forma, mente, consciência, onde cessar o ser/existir, os renascimentos, as mortes e, assim, o sofrimento. Conceito meio difícil mesmo para budistas budistas rsrs... Enfim... Uma vez um padre católico disse para o Ajahn Brahm: "Nothing is better than God!" (nada é melhor do que Deus), e o Ajahn Brahm respondeu: "Exato! Nada é melhor do que Deus! O Nada é melhor do que tudo! Silenciar, cessação, a paz, a renúncia, o abrir mão, o cessar das formações, Nirvana... O Nada é melhor do que tudo!", e o padre respondeu bravo: "Não! Não foi isso que eu quis dizer!" rsrs... Você vê, isso é ser honesto com a própria religião, reconhecer as diferenças e ainda falá-las sem atacar o outro - e sim fazendo piada rsrs...

É tudo questão de reconhecer quando o outro está pronto para ouvir ou não. Mas o melhor é sempre falar sobre essas questões mais espinhosas só se o outro perguntar. Eu não falo sobre Budismo, renascimento ou Nirvana a menos que me perguntem; porque sempre que falo sem ser solicitado só ganhei debates, discussões e divergências. É melhor falar sobre isso só com quem manifestar interesse e abertura para ouvir  Feliz
Então, é falso dizer que Nibbana e Deus são a mesma coisa, ou que o Budismo reconhece que todas as religiões dizem a mesma coisa com palavras diferentes. Se for analisar a fundo, de verdade, com franqueza, ou se eu for falar sem medo do que os outros vão achar do que eu estou escrevendo, o que eu posso dizer é que o que o Buddha ensinou é verdadeiramente único. Nem mesmo em religiões orientais próximas eu vejo um ensinamento que leve para o mesmo caminho que ele ensinou. Então ficar elogiando outras tradições e posando de "Eu respeito todas as religiões" desta maneira é desonesto. Nós respeitamos as outras religiões, mas reconhecemos as diferenças e peculiaridades de cada uma.

Que nem na questão de teísmo, ateísmo ou não-teísmo. Geralmente dizemos que o Budismo é não-teísta, isto é, não fala sobre Deus. Mas se a gente for honesto mesmo, Budismo é ateísta rsrs... Se nós suavizamos um pouco as coisas, ou usamos palavras diferentes, ou não falamos explicitamente sobre esses assuntos espinhosos, é porque nós tentamos falar de acordo com o que os outros estão prontos ou abertos para ouvir. 
Eu lembro que quando perguntaram para o Lama Padma Santem, Lama tibetano brasileiro, se o Budismo era ateísta ou não, ele respondeu que era teísta em um sentido, mas ateísta em outro. Ele disse que era teísta no sentido de que todos têm o "olho de Deus", no sentido de que todos podem despertar a visão correta e sábia que vê a realidade tal como ela é. Mas, no sentido de haver uma entidade separada, onisciente, onipotente e onipresente, o Budismo era ateísta. Essas são formas de dialogar com outras religiões de maneira mais suave, mas sem perder a honestidade com o Budismo.

Isso não é só para as pessoas fora do Budismo, mas também para os próprios budistas, leigos e monges. Os mestres sempre ensinam conforme os níveis dos ouvintes. Com o próprio Ajahn Brahm, que eu sigo, eu vejo isso. Se você for assistir uma palestra dele aberta ao público geral, e comparar com uma palestra dada ao final de um retiro, em que todos já meditaram e acalmaram as suas mentes, você perceberá que o conteúdo é bem diferente em profundidade e complexidade.
Na palestra para o público em geral, ele fala mais sobre coisas do dia a dia e toca menos em assuntos profundos do Budismo, buscando inspirar tanto os praticantes budistas como aqueles apenas interessados nos ensinamentos, mas sem ainda se identificarem com a religião em si. Já nas palestras ao final de retiros, ele costuma falar sobre ensinamentos muito mais profundos, próprios e ásperos do Budismo, como desencantamento, desapego, cessação, silenciar das formações, sofrimento da vida, perigo do Samsara, a paz da cessação da meditação profunda, renúncia, entre outros. Isso quer dizer que aqueles que vão só às palestras abertas ao público, mas não vão às palestras de retiro, não merecem ser budistas? Não!
Mesmo porque muitos dos que vão nessas palestras abertas são budistas, frequentam o templo, participam das comemorações e rituais, muitos oferecem alimentos diariamente aos monges ou ajudam a cuidar do monastério. Porque não vão ao retiro, não merecem ser budistas?

O fato é que existem níveis e degraus diferentes.
A questão é saber discernir em que nível alguém está mais comprometido com o Budismo daqueles que apenas se interessaram pelo mesmo por fazer bem à saúde ou ao cérebro rsrs... E aí que está a dificuldade. Vai depender da honestidade de cada um.

Mesmo dentre os que são budistas, existem aqueles que praticam para serem boas pessoas, aqueles que praticam para serem bons meditadores, aqueles que praticam para se tornarem devas, e alguns poucos que realmente enxergam o caminho completo, envolvendo tudo isso até Nirvana.

Por isso que os mestres e o próprio Buddha adaptam seus ensinamentos dependendo do nível do público para o qual estão ensinando. E quando digo que existem diferentes níveis, não é só budistas e não-budistas. Mesmo entre os budistas existem diferentes níveis, mesmo entre os monges. Que nem é dito no texto que você compartilhou o link:

O darma só deve ser ensinado a alguém que pede explicitamente pelo darma, e, além disso, pode haver mesmo no budismo formas de incluir certas visões de céu como prática – no que elas não tenham os aspectos errôneos, que são claramente definidos. O respeito pela alteridade inclui permitir que os outros cheguem a suas próprias conclusões, e usem seus próprios meios para isso.
Os Sutras contam que o próprio Buda usou uma noção de céu também presente no hinduísmo como promessa para um praticante, de forma que ele praticasse moralidade. Mais tarde, quando ele já praticava moralidade, e havia acalmado um tanto sua mente, o Buda mudou o ensinamento e disse que o objetivo não era ir para o céu. O Buda não fala só “verdade”, o Buda é, antes de tudo, pragmático – todas as tradições budistas reconhecem os “ensinamentos expedientes”, isto é, afirmações relativamente falsas, mas podem ser benéficas para certas pessoas em determinadas situações e em certos tempos.
acredito que essa referência sobre o Buddha prometer o céu para um praticante esta referindo-se ao Sutta em que Buddha ajuda seu primo, Nanda, a lidar com o Desejo Sexual. É realmente um Sutta inusitado rsrs... Fala sobre Nanda, que era monge mas que sentia muita saudade de sua esposa da vida leiga, e que por isso estava aspirando a abandonar a vida monástica para voltar a viver com ela. O Buddha, reconhecendo que o desejo sexual e sensual de seu primo, Nanda, era muito intenso, decidiu recorrer a formas alternativas para ajudá-lo. Então, ele levou seu primo até um dos reinos dos Devas, e mostrou ao seu primo algumas Devas maravilhosas, de beleza estonteante nitidamente superior à mais bela mulher humana. Então, o Buddha diz que o caminho espiritual é o meio de Nanda ter um bom renascimento e nascer dentre as belas Devas. Esse choque de realidade faz Nanda praticar meditação e virtude motivado a renascer entre as lindas Devas... Então, quando Nanda avançou no treinamento do Dhamma, Buddha retornou a ele e passou a dar ensinamentos mais avançados, e a ensiná-lo que mesmo que a vida entre as mais belas Devas era algo impermanente... e foi assim, aos poucos, que Nanda também tornou-se um Arahant Iluminado.

Então tudo depende do nível da pessoa com quem se fala. Isso significa que os budistas são "superiores" (MUITAS ASPAS rs) aos não-budistas? Não necessariamente, mas, sendo honesto e franco, é difícil. Como eu disse, não vi ainda outra tradição que ensinasse virtude, caridade, meditação e sabedoria a serem cultivados com a mesma intenção que se é ensinado no Budismo. Então, se alguém praticou o Budismo até certo nível e reconhece a força e preciosidade dos ensinamentos do Buddha, essa pessoa vai acabar percebendo que é difícil encontrar uma pessoa que pratique bem esse caminho completo sem conhecer os ensinamentos do Buddha, porque é muito difícil encontrar ensinamentos que apontem para o mesmo caminho em outra tradição. Mas, de novo, não é impossível.

Então, nós respeitamos outras religiões, mas temos de ser sinceros e honestos em reconhecer que o Budismo é único. Também temos de entender que cada um está em um nível diferente, mas que isso nem sempre refere-se a tradição ou hierarquia que uma pessoa ocupa. Não-budistas podem estar mais próximos do Nirvana do que budistas (embora seja difícil), e o Buddha muitas vezes deu ensinamentos profundos para leigos que ele não dava para monges, porque muitos leigos estavam em níveis mais avançados do que alguns monges. Então, não podemos ser rígidos nesse "hierarquia de níveis" rsrs

E tome cuidado quando ver monges elogiando outras tradições. Alguns elogiam sem sabedoria, realmente acreditando que todas as religiões ensinam a mesma coisa com palavras diferentes. Outros elogiam cientes de que o caminho que o Buddha ensinou é único. 

É verdade que nós vemos muitas pessoas cultivando generosidade, fazendo programas de voluntariado, ou construindo templos religiosos, ou dizendo coisas sábias, ou mesmo pessoas que alcançam níveis profundos de meditação em que o corpo desaparece ou se realizam "viagens astrais"... Isso é possível, conforme o Buddha ensinou. Atividades paranormais, fantasmas, renascimento, outras vidas pós-mortes, paraíso, Devas... isso é algo realmente incrível no Budismo - várias coisas ensinadas nas outras tradições o Buddha também falou sobre. No Budismo tem até um Deva que se acha o Deus criador do mundo rsrs... Só que a forma como o Buddha falou sobre tudo isso é única.

É aí que está algo até cômico. Por que as pessoas estudam tantas religiões e quando chegam no Budismo, se encantam com a sua racionalidade, se na verdade o Buddha falou sobre todas as coisas metafísicas que outras religiões falaram? Porque essas coisas metafísicas sempre foram colocadas em segundo plano pelo Buddha, porque a coisa mais importante para ele é algo que todos podemos ver por nós mesmos aqui e agora: Impermanência. É o que diz o texto que você compartilhou:
Na visão da lógica budista, coisas que tem um início no tempo não podem ser eternas.


Então veja - aí está a unicidade do Budismo. O Buddha falou sobre superpoderes, vida pós-morte, meditações em que a percepção do corpo desaparece, paraísos... só que ele mostrou que nada disso é um fim em si mesmo. O objetivo não é mediunidade, paraíso, unir-se com o Todo, ser um com o Universo ou crescer espiritualmente reencarnação após reencarnação até tornar-se um ponto luminoso - porque tudo isso é impermanente. E a questão é que esse ensinamento chave, ao mesmo tempo que atrai as pessoas pela sua simplicidade e racionalidade, assusta porque desafia as pessoas a abrirem mão do que o Buddha chamava de ser/existir. Mesmo virtude, mesmo meditação profunda, mesmo sabedoria, mesmo essas coisas não são um fim em si mesmas ou não são satisfatórias - são Dukkha. 
É por isso que o fato do Budismo ser um produto preferido no mercado religioso ocidental é um negócio paradoxal, porque ao mesmo tempo que o seu ensinamento central o torna atraente ao público mais instruído e racional, também o torna assustador rsrs...

E, como eu disse, ainda não vi outra tradição que dissesse que meditação, virtude ou sabedoria são apenas meios - e não o fim do caminho. Ou que dissessem que todo o ser/existir (mesmo a união com o "Todo", seja lá o que seja isso rs) é insatisfatório. 
E o pior é que tem ensinamentos desse tipo dentro do Budismo, como a união com o Todo, mas Buddha disse justamente o oposto. Outra moda atual no Budismo é falar que tudo é interdependente, ou interligado. Eu mesmo já cometi esse erro, mas isso é outra coisa que o Buddha não disse. Dá para enxergar Interdependência numa ótica saudável e hábil, mas se a pessoa começa a dizer que TUDO é interdependente, então perdeu o fio da meada.

Então o fato é esse. Há vários níveis de comprometimento, mas o que realmente importa não é a cultura em que você cresceu, e isso a cultura de qualidades que você empenha - o que você cultiva no seu coração? 
Alguns não se veem budistas porque não acreditam em Nirvana ou Renascimento, mas como eu disse, mesmo budistas e monges praticaram os ensinamentos do Buddha visando outros fins, como ser uma boa pessoa ou alcançar o mundo dos Devas, para então entenderem que virtude, meditação e outras qualidades devem ser direcionadas a Nibbana.

Tem muita gente cultivando virtude e meditação por aí, só que com motivações diferentes. Os seguidores de Buddha são, simplificando bastante, os que praticam isso considerando Nibbana, renascimentos ou o reconhecimento de algo espiritual ou além-da-morte. O básico é isso, mas tem vários níveis. Alguns confiam no fato do renascimento por inspiração que não sabem de onde vem, outros confiam por lógica - se não há nada eterno após a morte, e se há algo após ela que diferencia as pessoas boas das ruins, então isso só pode ser o renascimento ou a reencarnação. Porque aqueles que adotam uma visão eternalista, acreditando que há um paraíso ou inferno eternos, já divergem do ensinamento da Impermanência. Aqueles que pensam que assim que morremos, tudo acaba, então defendem a ideia de que pessoas boas ou más são as mesmas quando morrem. Por essa lógica muitos confiam no ensinamento do Renascimento, e geralmente essa confiança é reforçada a medida que se pratica o Dhamma. Então, com o tempo, a pessoa realmente passa a viver o caminho com a motivação de alcançar Nibbana. Nisso o Budismo diferencia-se das outras tradições.

Não precisa ir longe - é só olhar a Primeira Nobre Verdade, que diz, basicamente, que experiências e preferências são impermanentes. Ou ainda, que qualquer coisa que se experiencie através da Forma, Sensação, Percepção, Formações Mentais ou Consciência são impermanentes e, portanto, insatisfatórios. Por que estamos dedicando nosso tempo a mudar o mundo conforme nossas preferências, ou a mudar nossas preferências conforme nossas circunstâncias, se essas coisas são não-eu, fora do nosso controle, se são mutáveis pela própria natureza? Aqueles que compreendem isso, ou ao menos sentem uma inspiração por esse ensinamento, compreendem que o caminho é conhecer a realidade em vez de tentar controlá-la. Essa é a Atenção que observa sem envolver-se. Vivemos nossas vidas cientes de que experiências e preferências são coisas que vêm e vão, e por isso não nos agitamos ou nos alegramos com elas. É assim que vivemos nossas vidas por generosidade e com serenidade, contemplando a vida tal como ela é e ajudando os outros seres no que for possível, até que sejamos capazes de deixar que tudo silencie e cesse. Só que isso é feito degrau por degrau. Nem todos que estão prontos para treinarem sua virtude estão prontos para treinarem em meditação profunda; ou nem todos que compreendem um ensinamento sobre a mente compreendem um ensinamento sobre a cessação da mente. O Buddha ensinava diferente para pessoas diferentes. Mas reconhecer esse nível de prática para Nibbana; reconhecer uma lógica e justiça pós-morte, considerando Renascimento e Karma e reconhecer o ensinamento da Impermanência - se você vê o valor disso, o benefício e ainda se sente uma inspiração ou ao menos uma pequena confiança nisso, para mim já é um grande sinal da sua condição de budista rsrs... 

E sobre dizer que budistas são superior a não-budistas é relativo, por isso coloquei muitas aspas. Às vezes um budista, bom em virtude, pode desistir da prática meditativa e decair; ao passo que outro indivíduo pode ser muito bom em meditação, mas não conhecer o ensinamento do Buddha. Porém, numa vida seguinte, ao conhecer os ensinamentos dele, pode ser que ele avance rapidamente, devido às habilidades desenvolvidas em vidas passadas, mesmo que com motivações ou devido a tradições diferentes. Então, cada um é único - não podemos nos comparar como superiores ou inferiores. Mas para quem dá um voto de confiança nos ensinamentos do Buddha e começa a investigá-los e praticá-los, geralmente vem esse reconhecimento de que o Buddha ensinou um caminho único que leva para um fim e não para algo impermanente, porque mesmo o ápice em meditação ou renascer num paraíso extasiante é algo impermanente. 

Considerando tudo isso que eu disse, realmente a gente começa a pensar no pós-morte rsrs... Mas faz sentido morrer e fim? Ou morrer e ir para um lugar eterno? 
Sobre Nirvana, é algo realmente mais difícil, nenhum budista que tenha começado o caminho começou entendendo ou admitindo bem o que é Nirvana. É melhor entender primeiro os níveis iniciais, e assim que se começa a ver em meditação o que é silenciar, o que é cessação, só então entendemos porque o Buddha disse que Nirvana, a cessação de tudo, é a paz. Tudo cessa. Não há mais morte, não há mais renascimentos, não há mais vir, ir, estar ou existir. Por isso "Nada é melhor que Deus" rsrs... Mesmo o Deva lá em cima que se acha Deus criador de tudo ainda é impermanente. Agora, em vez de querer tentar entender Nirvana, é melhor sermos honestos e reconhecermos que existem níveis de compreensão. Então, começamos pelo básico, que é a Impermanência, e assim poderemos chegar aos níveis de prática em que realmente surge uma confiança e até fé no Buddha, porque vemos por nós mesmos o que significa cessar um pouco da nossa experiência. Vemos o que acontece quando os pensamentos diminuem, ou quando a percepção do corpo se esvai. E como se vê isso? Generosidade - Virtude - Meditação - Sabedoria. Tem que avançar nos níveis rsrs...

Então, não adianta pressa. 
Esse mercado espiritual existe, mas isso depende da motivação e intenção da pessoa, e não da cultura em que ela está inserida.
O Budismo é respeitoso no diá-logo inter-religioso, mas os budistas reconhecem que o caminho ensinado pelo Buddha é único, e ainda assim são hábeis na linguagem para elogiarem as outras tradições e falarem sobre os ensinamentos do Buddha somente se forem convidados.

E sobre o senso de comunidade, o verdadeiro senso de comunidade não vem de cultura, mas de treinamento. Verdadeiro senso de comunidade é ser capaz de olhar para todos os seres com amor-bondade. Então, mesmo quando você está "a frente" no caminho espiritual, rodeado de pessoas mundanas da cultura ocidental pós-moderna, você nunca sente-se sozinho, porque vê a semente da iluminação em todos os seres. Cultura ou fenômenos sociais - tudo isso morre, tudo isso passa. O Buddha nos convidou a buscar aquilo que realmente tem valor, que realmente pode nos levar onde não há morte, que é a cessação dos agregados, o abandono do desejo, o contentamento incondicional. Apenas seja paciente consigo mesmo, siga nível após nível, e não sinta remorso de querer praticar um caminho que surgiu do outro lado do mundo porque, acima de tudo, esse caminho foi visto por uma mente humana, assim como a sua. Basta treiná-la. 

Quando o Buddha começou, ele também tinha muitos defeitos. Grandes mestres modernos (rs) tinham muitos defeitos quando começaram. Ajahn Chah deixou a vida monástica uma vez para voltar anos depois; Ajahn Brahm tornou-se monge achando que assim que alcançasse a Iluminação iria voltar para a vida laica e "ser feliz"; e eu, como exemplo, comecei o caminho achando que se pudesse ser monge poderia me libertar do contato social com pessoas que eu não gostava, devido a minha fobia social. Muito difícil achar algum budista autêntico que não tenha começado errado rsrs... Na verdade, até que alguém alcance Nirvana definitivamente, nunca se está totalmente certo ou nos conformes dos ensinamentos do Buddha rsrs... Então, tornar-se budista não é nascer na cultura oriental, ser generoso, ser voluntário em projetos de caridade ou ter meditações repletas de êxtase... Tornar-se budista é começar o caminho. É investigar ensinamentos que, de início, nos provocam ou tocam no coração. É querer entender esse ensinamento diferenciado que diz que não há paraíso eterno, e que na verdade não reencarnamos, mas renascemos rsrs... É querer entender como a renúncia e o retiro conciliam-se com generosidade e convivência na sociedade, como aconteceu comigo... É investigar na meditação o que significa a paz advinda da cessação e, ao experienciá-la, pouco a pouco, passar a aumentar a confiança em Nirvana... Ser budista é um processo...

Se você se comprometeu com esse processo, então não é um budista por moda ou por "consumo de mercados espirituais" rs. E se está sendo porque achou o budismo saudável, há monges que começaram no Budismo porque no início só achavam ele uma terapia alternativa boa para a saúde, até chegarem ao nível de reconhecerem esse caminho como um sentido para a vida. São níveis diferentes, e cabe a honestidade de cada um discernir se estão sendo budistas por compromisso ao ensinamento ou por conveniência. Mas não faz sentido sentir remorso em adotar esse caminho por motivos culturais ou de nível espiritual. Todos começaram defeituosos para irem crescendo aos poucos. E qualquer um pode manter uma cultura interior saudável em meio a uma cultura insalubre, como a ocidental pós-moderna.

Você mesmo já fez isso, e por isso me estranha o seu remorso. Me corrija se eu estiver errado: a cultura pós-moderna ocidental me parece ter lhe trazido sofrimento com ideias como competitividade, "ser o melhor" ou o consumismo; ao passo que o Budismo me parece ter lhe trazido mais felicidade, tanto que você disse que houve mudanças significativas na sua vida.
Com o que você vai se identificar? Com algo que te fez mal ou bem? 
E como eu sempre digo, não precisa de muita coisa para cultivar o Budismo. Basta um corpo e uma mente. Já é bom o suficiente. Então, pratique o máximo que puder, e avance conforme seu ritmo. Alguns começam mudando a forma de pensar, estudam, e só depois começam a mudar a forma de agir. Alguns começam mudando a forma de pensar e agir tudo errado, para só depois entenderem o Budismo na prática, de fato. Tem de tudo. Mas se esses ensinamentos já te inspiraram, você já começou. Se vai continuar ou não, depende de você. Mas, sobre merecer - todos merecem seguir esse caminho, porque ele é o caminho para a paz. Não sinta-se desmerecedor!
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Mensagem Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos. EmptyDom 12 Jun 2016 - 17:57

@Administrador Olá gratidão pela resposta, eu consegui entender cada palavra do que disse, e me esclareceu algumas coisas. Realmente optei pelo budismo pela sua honestidade e racionalidade, jamais irei me arrepender dessa escolha. Sobre o meu remorso se dá justamente pelos meus objetivos mundanos, sou muito ambicioso em certa medida, sempre fui não irei negar. E isso entra muito com a questão do Nirvana, ( Nem vou falar de Iluminação hahaa) talvez eu esteja em conflitos na escolha de atitudes que possam me tirar no caminho certo (Digamos os resultados que o Buda conseguiu) então não sei como conciliar meus objetivos mundanos com os espirituais, por exemplo ter uma carreira, um carro, uma casa enfim. Eu sei que há forma de conciliação mas é justamente nisso que reside minhas dificuldades. Mas meu remorso está começando a se dissipar na medida em que eu percebo que estou sendo muito afoito no quesito de querer resolver o problema de uma vez em uma vida, e sempre me vem a analogia dos gravetos que você mencionou, então irei treinar para manter a visão correta de que tudo que eu vá fazer, não envolva apegos ao ego, ou atos e achando que aquilo irá me salvar, pois sempre me lembrarei da impermanência. E o que há por trás disso, confesso que existe um medo de renascer em mundos piores que esse, mas esse medo também está se dissipando estou aprendendo a valorizar minhas ações beneficias as reconhecendo. O que você acha sobre o amor próprio, esse é um conceito complicado no Budismo? e Novamente Gratidão, muita mesmo. 
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Mensagem Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos. EmptySeg 13 Jun 2016 - 20:05

Como eu disse, os grandes mestres geralmente começaram, e continuaram muitas coisas erradas até atingirem a Iluminação. Foram se corrigindo aos poucos.
O mesmo acontece conosco. Se o Budismo já exerceu uma mudança significa em sua vida, isso já é uma "correção", e outras virão, pouco a pouco, até que se chegue no nível em que a sabedoria final realmente acenda.

Sobre esse sentimento de temer renascimentos ruins, como se sabe, é um sentimento importante na prática, mas ele deve ser equilibrado com outras qualidades.
O Buddha chamava essa qualidade de Samvega - Senso de Urgência. É o sentimento de "aflição" e pressa que surge quando alguém contempla a primeira Nobre Verdade e percebe que está em uma grande enrascada, que é o Samsara, e que precisa se libertar disso caso contrário terá de passar por felicidades e sofrimentos se alternando sem parar. Se alguém reflete com convicção no Samsara, surge esse sentimento de urgência: "Tenho que fazer alguma coisa para me libertar desse sofrimento! Até quando ficarei renascendo, seguindo minhas preferências que sempre mudam, por experiências que também estão sempre mudando? Nunca encontrarei descanso dessa maneira...".
Mas se alguém cultivar só isso, chegará à loucura. Por isso o Buddha diz para despertarmos Samvega refletindo sobre a 1ª Nobre Verdade, mas para equilibrá-lo com Pasaada (acho que é assim que escreve rs. Geralmente se traduz por "Serena Confiança"). Esse sentimento se cultiva mais especialmente quando se reflete na 3ª Nobre Verdade, pois ela mostra que há um caminho, há uma escapatória, e é por uma via inspiradora mas também PARADOXAL; porque a terceira nobre verdade diz que o fim do sofrimento se dá pelo abandono do desejo - como conciliar o desejo de libertar-se com o abandono do desejo? Aí é que temos que entender que o Desejo dessa terceira Nobre Verdade refere-se ao Desejo de controle, de controlar nossas preferências, de controlar o mundo ou de controlar as pessoas. Aí o Buddha diz: para abandonar Dukkha, cultive o abrir mão, o abandono, a libertação, o desapego. Aí vem o paradoxo: primeiro vem Samvega, que é um sentimento de urgência e pressa de sair do Samsara. Mas o contraponto, Pasaada, é uma Confiança e Inspiração Serena que compreende que a única forma de libertar-se é abrir mão dos desejos inábeis e usar as coisas do Samsara por generosidade, enquanto se contempla sobre o mesmo objetivando vê-lo totalmente por o que realmente é. 
Fica paradoxal porque o sentimento de pressa leva ao sentimento de inspiração e serenidade, e o mesmo leva a refletir sobre o Samsara e a estimular-se a praticar ainda com mais afinco, o que leva a mais calma... Urgência levando a Calma e vice-versa. É como apressar-se para acalmar-se, ou como ir devagar para chegar mais rápido; porque quando vamos pegando o jeito do caminho, então entendemos que o maior sinal de contentamento e renúncia é abrir mão desse desejo desesperado de ter o que quer, seja sexo ou Nirvana. Aí Samvega é usado não mais para desesperar-se, mas para reforçar a Paciência e a Serenidade. É paradoxal, mas funciona assim mesmo. Quanto mais se vê o perigo do Samsara, quanto mais assustados e desencantados ficamos, mais pacientes e serenos nos tornamos. Vemos que nada é digno de ser apegado, e percebemos que basta olharmos para o Samsara com paciência sem interferência, apenas com Atenção Plena, e assim nossas correntes se desmancham sozinhas. Isso é Samvega com Sabedoria, e acho que você precisa tentar buscar esse equilíbrio no coração.
Cultive Samvega não de tal forma a ficar desesperado ou querer resultados rápidos, pois assim você só ficará mais para trás! Cultive Samvega de tal forma a sentir-se estimulado a acalmar-se, a abrir mão. Quando Samvega e Pasaada andam juntos, pressa e calma andam juntos. Porque a forma mais rápida de libertar-se do Samsara, é abrir mão do controle e só observar. É mover-se no Samsara somente por generosidade, sem propósitos mundanos. É como aquele símile do copo de água. Aqueles que se apressam em tentar parar a água dentro do copo sem sabedoria, ficam movendo o copo de um lado para o outro tentando fazer a água parar de se movimentar. Aqueles que se apressam em tentar parar a água COM sabedoria, soltam e se desapegam do copo e apenas observam. Qualquer estímulo que despertem no interior, é apenas para continuarem serenos, apenas observando. Então a água para sozinha.

A mesma coisa ocorre com nossa prática. Qualquer Samvega ou reflexão dos perigos do Samsara que cultivamos, cultivamos visando estimular ainda mais esse estar sereno. É por isso que aqueles que correm, nunca chegam ao destino. Mas aqueles que param, veem tudo se desmanchar e descobrem o incrível descanso de não terem mais nenhum destino para alcançar  Feliz


Sobre amor-próprio, não vejo como um conceito complicado, na verdade é muito simples - nós que complicamos rsrs... Amor consiste em acolher, aceitar, cuidar, perdoar... É por isso que Amor Genuíno, Incondicional, Amor-Bondade, é aquele que se estende a todos os seres. Quem realmente libertou-se da raiva, é quem libertou-se daquele desejo que quer mudar as coisas. "Não aceito que falem assim comigo... Não aguento mais cometer os mesmos erros... Não gosto da minha voz... O que eles pensam está errado..."... isso é raiva, aversão ou má-vontade. Então, para desenvolver amor, é realmente interessante relembrarmos da Primeira Nobre Verdade e vermos como experiências e preferências são impermanentes. O que nos desagrada muda - não faz sentido levarmos isso tão a sério. E, além de tudo, não somos perfeitos. Sempre friso que Iluminados também cometem erros, porque cometem mesmo. Embora um Iluminado seja Iluminado, enquanto está, em sua última vida, dentro de um corpinho, ele ainda está submetido ao mundo condicionado, então ele ainda tem hábitos, "manias", "tiques-nervoso", um corpo que se cansa, um cérebro que às vezes falha quando cansado... Todos cometem erros. A diferença é que o Iluminado não faz mais nada com intenções inábeis. E é na valorização das intenções, e não das nossas preferências ou desejos, que está a chave para começarmos a entender como raiva é algo de loucos rsrs... Em vez de querermos mudar as pessoas ou a nós mesmos, a única coisa que precisamos cuidar de mudar são as nossas intenções. As intenções das outras pessoas é o Karma delas, e cada um tem o seu ritmo para seguir essa prática conforme suas possibilidades. Então, cuidamos apenas das nossas intenções, e mesmo que cometamos erros, nos perdoamos, aceitamos e tentamos melhorar; porque só podemos mudar alguma coisa, se primeiro formos capazes de pegar aquilo carinhosamente com as mãos. Esse é outro paradoxo. Só somos capazes de nos transformarmos se, primeiro, aceitarmos a nós mesmos. Porque amor é abertura: qualquer coisa pode acontecer, qualquer coisa é bem-vinda. Se a única coisa que realmente importa são as intenções que cultivo na mente, então qualquer coisa é bem-vinda - porque em qualquer circunstância podemos cultivar as intenções benéficas. 

Isso tem que ser contemplado e refletido de novo e de novo, até que cheguemos em momentos em que nos sentimos verdadeiramente acolhidos por nós mesmos. É realmente inspirador, poder aceitar a si mesmo, permitir-se ser o que realmente se é. 
A questão é que não somos nossas experiências e preferências - e porque nos identificamos com essas coisas transitórias temos dificuldade em desapegar do video-game, da bebida, do sexo ou do desejo em ser amado pelos outros. Mas se olharmos com calma como essas experiências, e também o gosto por essas coisas, não são confiáveis porque estão sempre mudando, então poderemos perceber que não são essas coisas que realmente importam. Então, contemplando isso repetidamente e praticando nesse caminho, podemos ir melhorando pouco a pouco. Se cometemos erros ali e ali, é porque faz parte do caminho. Apenas compreendemos, aceitamos, perdoamos, e continuamos tentando e pouco a pouco o caminho acontece.

Não sei se já compartilhei esse vídeo com você:
https://www.youtube.com/watch?v=8_cAEnjA9BI

É interessante porque a Gangaji fala sobre vários meios com que ela tentou libertar-se do auto-ódio, até que ela entendeu que a única forma de libertar-se era "parar de procurar". Parar de buscar, para de correr atrás dos próprios desejos. Porque eles estão sempre mudando e nós também! Por isso que o caminho do desejo ou do remorso nunca levará a um contentamento pleno com nós mesmos. Agora, o caminho do abrir mão, do acolhimento e do perdão... Leva não só a um contentamento pleno consigo mesmo, mas também ao estágio em que todas as referências do que "eu sou" cessam. Então percebemos que os hábitos não são o eu, a mente não é o eu, o corpo não é o eu, os pensamentos não são o eu... o que chamamos de eu é apenas um conjunto de processos físicos e mentais que quando cessa, liberta de toda essa confusão de desejos que nunca param de mudar. Aí percebemos que preferências, corpo, pensamentos, hábitos, manias, tiques, personalidades entre outras características não devem ser levadas tão a sério, porque são coisas transitórias. A única coisa que é certa em todos os seres é o potencial para deixar que tudo silencie e se acalme. Quando se reconhece isso em todos os seres, é impossível não amá-los. 

É por isso que praticamos o Dhamma em benefício de todos os seres, incluindo a nós mesmos.  Grato
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Mensagem Pós- Modernidade e o Budismo, questionamentos. EmptyDom 23 Abr 2017 - 13:12

AsmitaNoVirgo escreveu:
@Administrador Olá gratidão pela resposta, eu consegui entender cada palavra do que disse, e me esclareceu algumas coisas. Realmente optei pelo budismo pela sua honestidade e racionalidade, jamais irei me arrepender dessa escolha. Sobre o meu remorso se dá justamente pelos meus objetivos mundanos, sou muito ambicioso em certa medida, sempre fui não irei negar. E isso entra muito com a questão do Nirvana, ( Nem vou falar de Iluminação hahaa) talvez eu esteja em conflitos na escolha de atitudes que possam me tirar no caminho certo (Digamos os resultados que o Buda conseguiu) então não sei como conciliar meus objetivos mundanos com os espirituais, por exemplo ter uma carreira, um carro, uma casa enfim. Eu sei que há forma de conciliação mas é justamente nisso que reside minhas dificuldades. Mas meu remorso está começando a se dissipar na medida em que eu percebo que estou sendo muito afoito no quesito de querer resolver o problema de uma vez em uma vida, e sempre me vem a analogia dos gravetos que você mencionou, então irei treinar para manter a visão correta de que tudo que eu vá fazer, não envolva apegos ao ego, ou atos e achando que aquilo irá me salvar, pois sempre me lembrarei da impermanência. E o que há por trás disso, confesso que existe um medo de renascer em mundos piores que esse, mas esse medo também está se dissipando estou aprendendo a valorizar minhas ações beneficias as reconhecendo. O que você acha sobre o amor próprio, esse é um conceito complicado no Budismo? e Novamente Gratidão, muita mesmo. 
Bem, existe algo da estrutura social asiática que podemos derivar alguma lição. As sociedades da Ásia tendem a ser mais hierárquicas onde cada uma cumpre o seu papel! O monge vive a sua renúncia, não trabalha no mundo e não constitui família. O que o leigo faz? Trabalha, pode constituir família e sustenta a Sangha monástica ( até porque essa idéia de sangha leiga é inovação ocidental, e acho que remete à ideia cristã de igreja e congregação.). Cada um cumprindo o seu papel,cada um tendo sua obrigações. Uma comunidade monástica sem uma comunidade leiga não se sustenta! Mas não se espera que um leigo seja um renunciante. Esse é o "xis" da questão!

Apresentando esse contexto eu te pergunto, onde você se encaixaria nesse contexto tradicional aí citado? Se você não é monástico. Você seria classificado como um leigo. O Buda recomendava diferentes tipos de práticas para leigos, para monásticos etc. Diferentes tipos de preceitos são recomendados etc.
Você diz sentir conflito entre a suas ambições e princípios do Dharma e prática budista? Mas onde você se encontra agora? Você se rotula como um jovem pós-moderno, mas já tenta praticar o dharma no melhor da sua capacidade. Como leigo, você não é convidado ser um renunciante. Mas ainda assim deve praticar ao que cabe a você. 

Sigo a tradição tibetana. O meu professor dizia que renúncia verdadeira deriva de um insight, de uma compreensão de que o samsara é insatisfatório. É uma atitude interior derivada da compreensão e contemplação da impermanência e não satisfatoriedade do samsara. Existindo práticas contemplativas visando esse tipo de realização, e podem ser feitas por leigos. 

Então não se pede somente a adoção de uma atitude externa de renúncia total. Você pode ter posses, ganhar seu dinheiro, mas sabe que nada disso é duradouro e fonte de satisfação última. Ao invés de somente direcionar sua vida para a acumulações de bens, você a usa antes de tudo para desenvolver sua mente de uma forma positiva. E pode utilizar o fruto de seu trabalho para vários fins úteis, como a propagação do Dharma, dar assistência a quem precisa, suster sua família etc. O Buda em alguns Sutras, chega a dar instruções de como os leigos devem fazer uso de seus bens e "dinheiro" de forma proveitosa de acordo com o Dharma.

Cabe a você então como um bom leigo, seguir os cinco preceitos (na minha tradição podemos tomar só um dos cinco, ou mais de um, ou mesmo todos os preceitos), meditar, estudar e praticar ações positivas que no final, criarão todas as causas para que você possa efetivamente se liberar do sofrimento. 

Espero ter sido útil.

Thiago.
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