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 Despedida e Newsletter "Como julgar as pessoas? Asubha e Metta"

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Mensagem Despedida e Newsletter "Como julgar as pessoas? Asubha e Metta" EmptyDom 7 Jan 2018 - 22:29

Última Newsletter enviada em 07/01/2018, quando a Administração do Fórum foi desativada e o site passou a estar sob nenhuma direção!

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### Newsletter - Fórum Sangha Online: Incentivo à prática e à comunicação entre a comunidade e a administração ###

Olá prezados amigos do Dhamma!

Venho informa-los que estarei "abandonando" o Fórum por questões pessoais, especialmente a falta de tempo mas também a percepção da minha necessidade em me dedicar mais a outros afazeres, bem como à prática.

Logo, a partir de hoje, o Fórum estará sob nenhuma direção! rsrs Mas continuará disponível.

Gostaria de agradecer a todos que passaram ou que continuam passando no site, seja silenciosamente ou participando ativamente. Desde 27/06/2013, quando esse espaço foi criado, tive a alegria de conhecer muitas pessoas com diferentes experiências, crenças, opiniões e ideias. Pessoas que se converteram ao Budismo, que já se diziam budistas, que eram apenas curiosas sobre o Budismo, entre tantos outros. Pessoas que estiveram no início do fórum, que chegaram recentemente... foi muito enriquecedor cruzar com vários seres nessa jornada e conversar sobre o Dhamma.

Mas agora sinto que é um momento oportuno para que eu foque em outras atividades... Então não pretendo postar mais no Fórum nem mesmo ocasionalmente (alguns sabem que quando o tempo aperta, eu apareço praticamente uma vez por mês rsrs).

Mesmo assim, esse espaço continuará disponível caso alguém queira continuar utilizando-o, ou ao menos para que os textos, as conversas e os debates sigam disponíveis para que outras pessoas possam ler e refletir junto, como puder fazer com várias pessoas que postaram nesse espaço.

Como "despedida", compartilharei uma última Newsletter do Dhamma com a intenção que tenho tentado cultivar todas as vezes que escrevo alguma coisa nesse site: a de trazer benefícios a todos nós. Já pedi desculpas a algumas pessoas que acharam que minha intenção era usar o site para ensinar... mesmo que isso possa ter sido aparente em algum momento, a intenção que sempre tento cultivar é a de escrever para vocês as mesmas coisas que "penso comigo mesmo". Aquilo que digo a mim mesmo que reconheço como benéfico, também digo a vocês. Esse tem sido o princípio que norteou minha Linguagem nesse Fórum -^-

Então, uma última vez, farei uso disso para compartilhar um último texto com vocês.

------

Como julgar as pessoas? Metta e Asubha

Nada mais trata-se do que uma metodologia na prática que revolucionou muito a forma como eu lido com Raiva e, especialmente, Desejo Sexual na minha prática.

Na verdade foi algo muito contraditório para mim perceber que olhar para os outros com Metta poderia ajudar a reduzir meu Desejo Sexual. Acabei descobrindo uma forma amorosa e ao mesmo tempo assertiva de olhar para as pessoas que tem reduzido várias contaminações ao mesmo tempo: desejo, raiva, vaidade, arrogância, preconceito, entre outros.

Mas vou partir do Desejo Sexual, embora seja um tópico difícil rs.

Como muitos devem saber, o Buddha não exige que os Leigos (não-monges) sejam castos/celibatários, no sentido de renunciarem a qualquer atividade sexual. Ele exigia apenas que os leigos praticassem sexo com moderação e respeito, sempre considerando fidelidade a somente um cônjuge em vez de terem vários maridos ou várias esposas. Como Ajahn Maha Boowa dizia, a qualidade de frugalidade ou de "contentar-se com pouco" vale mesmo quando tratamos de casamento no Budismo.

Então, algo muito útil na prática budista é aprendermos a lidar com nossos Desejos Sexuais. Reduzi-los, lidar com os mesmos com moderação, evitar buscar esse prazer sexual de forma inábil (isso é, de forma descontrolada ou desrespeitosa com o parceiro ou parceira) ou obsessiva.

Embora seja uma prática mais usada pelos monges, também é útil compreendermos o que é Desejo Sexual e o que é Prazer Sexual. Assim, em vez de perdermos nosso tempo, tanto na meditação quanto no dia-a-dia, com fantasias sexuais ou admirando outros corpos, podemos olhar para as pessoas no cotidiano com um olhar hábil e reservar os momentos de prazer sexual apenas para nosso parceiro e parceira, quando poderemos nos dedicar a momentos lúdicos, divertidos, prazerosos, eufóricos, criativos, dentre outras qualidades que podemos reconhecer em um ato sexual respeitoso e amoroso com um parceiro ou parceira.

É muito interessante que, mesmo como leigos ativos sexualmente, podemos conduzir nossas mentes de forma que o desejo sexual seja cultivado apenas nos devidos momentos.

Então lá fui eu, depois de um tempo praticando o Budismo, experimentar a prática de Asubha, que é a prática de contemplar os aspectos repulsivos do corpo humano. Essa era a prática mais recomendada pelo Buddha para contrapor o Desejo Sexual: examinar nossos corpos e os corpos dos outros por o que realmente são, isto é, pele, pelos, dentes, unha, cabelos, tecidos, músculos, sangues, tendões, ossos, órgãos, uma bexiga que vez ou outra enche-se de urina, intestinos, fezes, fleuma, gordura, sangue... e tirando-se tudo o que há de superficial podemos ver o esqueleto... ou meramente o crânio, uma imagem muito utilizada.

"Novamente, bhikkhus, um bhikkhu examina esse mesmo corpo para cima, a partir da sola dos pés e para baixo, a partir do topo da cabeça, limitado pela pele e repleto de muitos tipos de coisas repulsivas, portanto: ‘Neste corpo existem cabelos, pêlos do corpo, unhas, dentes, pele, carne, tendões, ossos, tutano, rins, coração, fígado, diafragma, baço, pulmões, intestino grosso, intestino delgado, conteúdo do estômago, fezes, bílis, fleuma, pus, sangue, suor, gordura, lágrimas, saliva, muco, líquido sinovial e urina.’ [ 16 ] Como se houvesseum saco com uma abertura em uma extremidade cheio de vários tipos de grãos, como arroz sequilho, arroz vermelho, feijões, ervilhas, milhete e arroz branco, e um homem com vista boa o abrisse e examinasse: ‘Isto é arroz sequilho, arroz vermelho, feijões, ervilhas, milhete e arroz branco’; da mesma forma, um bhikkhu examina esse mesmo corpo ... repleto de muitos tipos de coisas repulsivas: ‘ Neste corpo existem cabelos ... e urina.’ - Mahasatipatthana Sutta - DN 22.

Embora isso tenha funcionado muitas vezes, percebi que em outros momentos o resultado era o inverso: o desejo sexual começava a aumentar, eu começava a fantasiar, focar nas coisas que me agradavam, imaginar prazeres intensos, e de repente minha mente já estava descontrolada, pegando fogo.

Com o tempo eu percebi que isso acontecia porque eu estava tentando revidar da forma errada: eu desafiava a mim mesmo. Mas como assim eu desafiava a mim mesmo? Eu ficava "procurando" corpos que me atraíam, incitava o Desejo Sexual, para depois tentar combate-lo. Demorou para eu perceber o quão estúpido eu estava sendo. Em vez de olhar DIRETAMENTE com Atenção com Sabedoria, eu ficava procurando um corpo atraente, cultivava Atenção Apaixonada por um tempo até a mente ficar um pouco impregnada com Desejo Sexual, então eu tentava eliminar aquela impureza que eu mesmo havia provocado conscientemente. Não bastasse essas contaminações se manifestarem vez ou outra sem nosso consentimento, eu ainda estava incitando-as a se manifestarem de vez em quando para testar a mim mesmo! rs

Então eu comecei a me programar de uma forma que foi muito útil: eu comecei a dizer a mim mesmo "Não provoque Desejo Sexual e não procure pelos corpos atraentes. Quem quer que apareça diante de você, olhe DIRETAMENTE com sabedoria.".

Com isso meu Desejo Sexual reduziu muito. Primeiro que eu não ficava mais "discriminando" as pessoas, porque ficou muito claro para mim que era isso que eu estava fazendo. Eu via corpos velhos, doentes ou feios e nem ligava... mas quando via corpos atraentes, belos e chamativos eu já pensava "Humm... esse sim... olha isso e isso nesse corpo. Pronto, agora vamos tentar eliminar esse desejo que surgiu!", mas isso não dá certo. A atitude correta é não discriminar, porque essa discriminação já é o início da Atenção Apaixonada. E como o Buddha diz, o verdadeiro problema não são as coisas belas no mundo, mas nossas Atenção Apaixonada (ou Sem Sabedoria) para essas coisas belas:

"As coisas belas no mundo não são os prazeres dos sentidos:
a atenção apaixonada de uma pessoa são os prazeres dos sentidos;
as coisas belas permanecem como tal no mundo,
enquanto o sábio, supera o desejo em relação a isso." - Nibbedhika Sutta - AN VI.63


Por exemplo: se você sempre tiver receio de olhar para os corpos atraentes dos funcionários de um local que você vai semanalmente, como exemplo, sempre que você der de cara com esses corpos, o fogo já vai se acender, porque você sempre está alimentando esse receio, essa ansiedade, essa "discriminação". Mas se você se move no mundo com a convicção de que todos esses corpos são intrinsecamente iguais (peles, ossos, sangue, tendões, músculos etc), então você não fica mais com medo de olhar para ninguém. Você não antecipa mais nada. Você não discrimina. Você não olha de forma indiferente para uma velha, e já de forma apaixonada para uma jovem. Você olha para todos com uma atitude inicial que é hábil, que é sábia, e livre de qualquer tendência discriminatória. Isso foi algo que me ajudou muito no começo.

Então, parei de procurar corpos bonitos para provocar o desejo. Eu simplesmente olhava para as pessoas que apareciam na minha frente, sem ficar procurando as belas para praticar. Olhava para quem quer que aparecesse com sabedoria, contemplava o envelhecimento, o potencial para a doença ou o interior dos corpos, e a mente permanecia tranquila.

Lembro de uma vez ter visto duas pessoas próximas na calçada, porém uma era velha e a outra era jovem, e a jovem tinha traços que muito agradavam as preferências da minha mente. Mas não demorou muito para eu cortar o Desejo, e a mente refletiu: essas duas pessoas são como duas maçãs. Uma pode aparentar muito lisa e com uma cor viva, e a outra pode aparentar um pouco enrugada e arranhada... mas se você lavar as maçãs e comê-las, desde que elas não estejam estragadas, o miolo será basicamente o mesmo. Assim são com os corpos: alguns estão mais velhos, outros mais novos, mas por dentro são todos essencialmente a mesma coisa.

Isso realmente melhorou muito a forma como eu passei a lidar com o Desejo Sexual no dia-a-dia, andando na rua ou em locais cheio de pessoas... ou mesmo no trabalho. Mas aí comecei a perceber outra tendência: a mente reclamando da falta de prazer. Parecia que ficar fantasiando era algo prazeroso para a mente, e ela sentia falta daquilo... apenas cortar ou "reprimir" isso com reflexões, contemplações e sabedoria não estava sendo o suficiente, eu precisava dar outra coisa prazerosa para a mente, no lugar.

Mas que outra coisa? Vez ou outra tenho pensamentos inspiradores durante o dia sobre a Impermanência ou sobre a Generosidade, reflito sobre a minha Virtude, muitas vezes tenho meditações prazerosas e em alguns momentos do dia-a-dia a mente fica silenciosa e contente... porque com tanto prazer espiritual, quando aparecia o desejo por prazer sexual, eu ainda não conseguia abandoná-lo apenas com Entendimento Correto e Contemplação?

Então eu percebi, e ainda tenho percebido, algo interessante sobre a minha mente: ela demandava um novo prazer na forma com que eu olhava para as pessoas. Não adiantava muito tentar trocar as fantasias sexuais pela felicidade das reflexões sobre o Dhamma, eu precisava de um novo tipo de prazer na forma de olhar para as pessoas, porque até então a forma prazerosa que eu olhava para as pessoas era tendo fantasias sexuais.

Não faltava prazer espiritual para minha mente em assuntos como contemplações e meditação, faltava prazer espiritual na forma de olhar para as pessoas.

Foi aí que eu comecei a tentar olhar para as pessoas com Metta (Amor-Bondade), além de apenas tentar cultivar isso na almofada, e eu descobri incrivelmente como Metta combinada com Asubha (Contemplação dos Aspectos Repulsivos do Corpo) é uma forma inacreditável de prevenção de fantasias sexuais na mente.

Quando eu comecei a olhar para os outros corpos não só com Sabedoria, mas também com Amor (ou Bem-Querer, caso prefiram), a mente começou a olhar para os outros corpos com ternura, e isso passou a ser tão prazeroso, que não fazia mais sentido para a mente buscar prazeres sexuais (às vezes ela ainda quer esse prazer peculiar, mas bem menos do que antes!).

Algo incrível que eu tenho refletido é que essa forma bonita de olhar para as pessoas não é que nem Desejo Sexual que só se aplica aos corpos que me atraem - é algo que posso aplicar a qualquer corpo!

Não importa se é um bebê, uma menina, um rapaz, uma mulher, um idoso ou uma velha deformada, se é um menino deficiente, se é uma criança com problemas mentais ou um adolescente de estilo que não me agrada - independente de quem seja, eu sempre posso olhar para aquele corpo com sabedoria, desmanchando-o em todos os seus componentes e, indo ALÉM, posso ver o que está além daquele corpo: o que se fala muito no Budismo Mahayana, especialmente no Zen, que é a Natureza Buddha.

Isso se tornou uma forma muito bela de olhar para os outros seres, especialmente os seres humanos.

Então, sempre que eu olho para outros corpos, eu corto os cabelos, arranco a pele, vejo os tecidos vermelhos e o sangue por baixo, vejo os ossos e os órgãos, e então me lembro que esses corpos são todos veículos temporários. Nenhum de nós somos esses corpos. Há algo muito mais importante além desses corpos que é a Natureza Buddha de cada um, ou o potencial para o Despertar que cada um de nós possuímos.

Como diz Ajahn Nyanadhammo, discípulo de Ajahn Chah, é como olhar para as pessoas e vendo não corpos, mas pontos de luz. É como se cada ser fosse um ponto de luz, ou uma flor de lótus, com o potencial de florescer até o ápice espiritual, que é a Iluminação. Isso é o que há além de todos esses corpos.

Quando olho por esse ângulo, então a única coisa que me resta é desejar que cada ser que eu vejo no meu caminho que ele possa ser feliz. Que ele possa desenvolver e realizar esse potencial, essa capacidade. Que ele possa desenvolver sua virtude, que possa conhecer o êxtase meditativo, e que possa cultivar uma mente unificada pronta para o desenvolvimento do Insight que liberta.

Uma visualização que gosto de fazer é pegar um corpo que geralmente me desperta desejo sexual, e o corpo de outra pessoa velha ou feia, e abraçar ambos os corpos ao mesmo tempo, nutrindo sentimentos de amor e compaixão. Então eu penso: "Que vocês possam ser felizes! Que possam realizar seu potencial, que possam encontrar a paz interior!". Então a mente entende, vendo-se abraçando aqueles dois corpos, que não importa que sejam corpos diferentes, um bonito e outro feio... não são esses veículos que importam. O que importa é a semente, o potencial que está presente em cada um desses seres... o ponto não é ter indiferença ou aversão pelo corpo feio e cobiça pelo corpo bonito. Mas é ver ambos com sabedoria e abraça-los com amor, desejando felicidade para o ser que está dirigindo aquele corpo apenas temporariamente.

Nisso eu sempre reflito e lembro do que diz Ajahn Brahmavamso, que quando ele vai ensinar em prisões, ele sempre olha para o potencial para o Despertar presente em cada um dos prisioneiros. Então ele não se agarra aos crimes e atos horríveis como estupro e homicídio cometidos pelos prisioneiros, sentindo raiva e ódio, em vez disso ele lembra que cada um daqueles seres fizeram sim coisas estúpidas, mas eles têm o potencial para a Sabedoria, e por isso são seres belos os quais eles deseja felicidade e nutri bem-querer. Por isso Ajahn Brahm sempre diz: o que você procura nos outros, é o que eles lhe mostrarão de volta.

Então acontece algo muito interessante. Conforme diz Ajahn Brahmali, quando você olha para os outros com amor, você tende a parar de diferenciar as pessoas entre homens e mulheres. Você acaba nutrindo uma ternura e amor para com o outro que é igual para todos, independente do gênero sexual. Você não trata homens de um jeito, e mulheres de outro. Para alguns isso pode ser ofensivo, especialmente para homens machistas ou mulheres que assumem aquele "feminismo mais radical", mas essa é uma forma muito bonita de olhar para as pessoas, porque em vez de olhar para suas condições temporárias como homem ou mulher, preto ou branco hetero ou homo, você olha para aquilo que sempre está ali: a semente da Iluminação. Então é impossível não sentir bem-querer.

Ao mesmo tempo que isso reduziu meu Desejo Sexual, também reduziu minha Má-Vontade. Acredito que não é coincidência que o Anagami elimine Desejo Sensual e Má-Vontade ao mesmo tempo, pois ambos são opostos mas que andam juntos.

Acontece que eu percebi que eu tenho muito o costume de julgar as pessoas pela sua aparência. "Nossa, que pessoa metida... Esse tem um jeito de arrogante... Que cara de tímido... Não gostei dele... Ela parece ser inteligente... Ela não faz meu tipo..." e com um pouco de Atenção Plena fui reconhecendo como eu passava grande parte do tempo olhando para as pessoas desse jeito, julgando pela aparência, pela expressão do rosto, ou pela forma de vestir.

Então, comecei a desfazer todas essas minhas tendências de formar preconceitos e estereótipos, e em vez disso praticar meu Olhar Sábio e Amoroso.

Afinal, essa é a única certeza que podemos ter ao olhar para as pessoas, não é? Quando olhamos para a outra pessoa, as únicas certezas que podemos ter são: essa pessoa não é esse corpo, que é só um veículo temporário, e ali está o potencial para o Desperta, para a Sabedoria, para a Paz Interior. Essas são as únicas certezas que podemos ter quando olhamos para as pessoas. O resto são apenas impressões, associações, preconceitos, ideias, perda de tempo e energia dessas mentes proliferativas. Joguemos isso fora. A única certeza que podemos ter ao olhar as pessoas é que os corpos temporários que elas estão usando serão descartados, e que a sua verdadeira beleza está em sua virtude e sabedoria. Que possam ser felizes -^-

Então fica muito prazeroso transitar no mundo. Você pode andar na rua jogando os corpos no chão e vendo só os esqueletos. Então você pode ver os esqueletos virando pó e reconhecendo um ponto de luz ali. Ou você pode ver todos aqueles rostos de olhos fechados com um sorriso tranquilo, aspirando: "Que todos possamos encontrar a felicidade de uma mente meditativa e sábia!". E então você não discriminará mais as pessoas entre bonitas ou feias, jovens ou velhas, convencidas ou tímidas, legais ou chatas, criminosas ou virtuosas... você verá a todos como grandes sábios, sejam em potencial, em desenvolvimento ou já realizados.

Isso é transitar no mundo olhando para os corpos com Sabedoria, e para os seres com Amor-Bondade.

Isso é abandonar os pensamentos de Desejo Sexual e Má-Vontade, cultivando uma vida virtuosa, uma generosidade cada vez com menos limites, e uma meditação mais profunda.

E é claro que com o tempo nós também vamos tornando essa prática em nossa direção. Eu olho para o meu corpo e jogo tudo fora. Vejo os pelos caindo, os dentes enfraquecendo, a pele descamando, rasgo os lábios e vejo a boca por dentro, abro a cabeça e vejo saliva e sangue escorrendo pelo pescoço, visualizo os órgãos, jogo tudo fora e vejo o esqueleto... e me lembro o que esse corpo realmente é. É um veículo temporário. Não são esses corpos que realmente importam. O que realmente importa são as intenções que cultivamos no coração. E todos temos o potencial para realizarmos a Sabedoria e cultivarmos as mais puras intenções. Eu vejo essa luz e esse potencial em mim mesmo e, assim, dirijo Amor-Bondade para mim mesmo também. "Que eu possa ser feliz! Que eu possa realizar esse caminho. Que eu possa despertar em benefício de todos os seres, incluindo a mim mesmo!".

Isso ajuda a reduzir não só Desejo Sexual e Má-Vontade, mas também Vaidade e Presunção. Porque nessas contemplações eu reconheço não só o que é igual e certo em todos os seres, que é a impermanência do corpo e a presença da Natureza Buddha, mas também reconheço que cada ser é único. Cada um tem sua história, suas experiências, suas faculdades espirituais, e é tolice querermos nos comparar como iguais, melhores ou piores do que os outros, que é a essência da Presunção. Cada um de nós tem o seu caminho. Cada um de nós passou por diferentes tipos de sofrimento. Cabe a cada um de nós pegarmos tudo o que temos e transformarmos em Virtude, Meditação e Sabedoria. Todos nós podemos fazer isso, mas cada um com seus próprios recursos acumulados de várias vidas atrás até a presente. E assim, cada um de nós, em sua unicidade, podemos ajudar uns aos outros nesse Caminho Espiritual.

Espero que isso possa servir de benefício de alguma forma.

Foi assim que eu reconheci como Metta e Asubha podem reduzir Desejo, Raiva e Vaidade.

Foi assim que eu entendi como julgar as pessoas: vende os corpos com sabedoria, e desejando que cada um realize a paz e sabedoria interior que está dentro de cada um de nós. Essas são as duas únicas certezas que eu busco cultivar ao olhar e julgar outras pessoas.

Portanto, se eventualmente nos encontrarmos novamente, já que não entrarei mais nesse Fórum, a certeza que eu terei ao encontra-lo ou encontra-la é que o potencial para a Iluminação está aí em você. Que você possa realizar esse potencial. Que você possa desenvolver suas faculdades espirituais. Que você conheça a alegria da generosidade e da virtude, que você alcance as meditações profundas, que você entenda como se libertar do sofrimento. Que você realize a Paz Suprema.

Que todos vocês possam ser felizes! Muito obrigado!
E como eu sempre digo várias vezes no Fórum: paz nas intenções, especialmente nos momentos em que não houver paz no mundo ou na mente. -^-

Antes de terminar de ler esse texto, volte-se para dentro: como está sua mente? Há intenções benéficas aqui? Se não, programe sua mente - desenvolva hiri-otappa (vergonha e temor de cometer transgressões) e veja o sofrimento resultante de se distrair com passado e futuro. Reconheça o valor e a alegria de estar no agora. Ensine a mente e, em seguida, solte os Apegos e deixe-os sumir. Não desista de ensinar a si mesmo. Lembre-se que a última frase de Buddha antes de morrer foi "Dessa forma, bhikkhus, eu os encorajo: todas as coisas condicionadas estão sujeitas à dissolução. Esforcem-se pelo objetivo com diligência".

Paz a todos vocês, amigos do Dhamma/ Dharma. -^-

Sabbe satta sukhi hontu! Que todos os seres possam ser felizes!
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Prezados amigos do Dhamma!

Antes de deixar o site sob nenhuma direção, postei as poucas Newsletters enviadas desde 2014 (pois só havia postado as de 2013) para aqueles que quiserem lê-las.

Um abraço a todos. Muita paz nas intenções, mesmo que às vezes não haja paz nas experiências!

Que apesar disso, que possamos cultivar a paz no coração!

Que possamos colocar chinelos, em vez de tentar cobrir o mundo com tapetes.  Reverência
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