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 Newsletter: Vivendo em família e no trabalho com o Dhamma

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Newsletter: Vivendo em família e no trabalho com o Dhamma Empty
Mensagem Newsletter: Vivendo em família e no trabalho com o Dhamma EmptyDom 7 Jan 2018 - 22:48

Newsletter enviada em 12/07/2016:

### Newsletter - Fórum Sangha Online: Incentivo à prática e à comunicação entre a comunidade e a administração ### 

"Nem sempre as coisas na vida dão certo. Mas o que realmente importa é que, apesar disso, nós façamos o que é certo."

Olá amigos do Dhamma. A nossa última newsletter foi de março, da qual recebi retornos muito positivos que me deixaram muito feliz. A verdadeira intenção disso não é ensinar, pregar ou provocar ninguém - mas sim que possamos ajudar uns aos outros e dividir alegria e gratidão. Portanto, muito obrigado pelos retornos -^- 


Nesta newsletter, gostaria de compartilhar uma mensagem a respeito da conciliação entre o caminho espiritual com a nossa vida, especialmente no que concerne a viver em família, em sociedade e no trabalho. Isto porque os praticantes espirituais, em geral - inclusive eu -, costumam encontrar uma grande dificuldade em colocar os ensinamentos em prática fora da almofada, fora do quarto, fora de casa ou às vezes fora de ambientes familiares.


Mas, se queremos realmente ser honestos com esse caminho e se nos comprometemos de fato a praticá-lo em benefício de todos os seres, incluindo a nós mesmos, precisamos nos esforçar em praticá-lo em todos os instantes, inclusive no mundo - não só na almofada de meditação. Porém, uma dificuldade que surge logo de cara, é: "como conciliar uma vida numa sociedade competitiva e focada em metas com uma prática que direciona ao relaxamento, ao desapego, ao 'aqui e agora' e à generosidade?" . Em outras palavras: como praticar um ensinamento que foca no caminhar, num mundo que está focado em chegar ao final do caminho, ao destino? Afinal, o Buddha ensinou um caminho em que o que tem valor são as qualidades que cultivamos na mente e no coração, mas na sociedade moderna a visão que se compartilha é utilitária e de resultado. O que tem valor no mundo não são as qualidades espirituais, mas sim o que cada um possui, exibe e que valor, especialmente monetário, o indivíduo pode agregar. O que importa "lá fora" são as aparências e os resultados - como conciliar isso com um caminho que valoriza as essências e os meios? Afinal, você pode chegar a um resultado negativo mas com boas intenções - isso não é um karma de todo ruim. Karma é ação intencional - não conta apenas o resultado do que você fez, mas também o motivo, o porquê, a intenção por trás.


Mas não é isso que tem valor lá fora, e por isso quem tenta levar esses ensinamentos a sério geralmente enfrenta esse conflito entre valores mundanos x valores espirituais. Afinal, é meio difícil "sobreviver" numa sociedade utilitarista e apressada se formos sempre calmos, relaxados e despreocupados. Para não ficarmos para trás, corremos desesperados, ansiosos e tentando nos ajustar aos padrões que nos pedem - "o que posso pôr no currículo? Com que tonalidade de voz devo falar? O que meus pais esperam de mim? Estou velho - tenho que casar logo..." Quando nos damos conta, perdemos o caminho espiritual de vista. Reconhecemos o valor da generosidade, da meditação e da serenidade; mas é difícil cultivar essas qualidades quando somos cobrados a cumprir metas financeiras, "marketings pessoais", expectativas de familiares ou cobranças sociais. Em vez das qualidades que citei, o que desenvolvemos é ansiedade, frustração, cansaço, desgaste, pânico, fobias, depressão, alergias e por aí vai...


Um amigo me questionou: "eu tenho muitos desejos e muitos sonhos. Sinto que se não me esforçar por eles com apego, egocentrismo e ansiedade, não vou dar conta de tudo o que tenho que fazer." e de certa maneira isso é verdade. É por isso que não posso dar uma resposta pronta de como cada um de nós deveria agir. O que vou propor agora são apenas algumas reflexões para revermos como estão nossas prioridades e assim tentarmos, no melhor das nossas possibilidades, colocar o caminho espiritual num patamar elevado no qual possamos, ao mesmo tempo, dar conta das nossas demandas sociais no que for suficiente. Como cada um fará ou faz isso depende de cada pessoa.


O que quero dizer não é para abandonar o emprego, porque toma muito tempo; ou deixar a faculdade porque com ela não há tempo para meditar. O que quero deixar é uma mensagem para que reflitamos se estamos priorizando o caminho espiritual, em comparação as coisas mundanas, na proporção que ele merece - porque, no final, o que terá valor de fato serão as qualidades do coração, e não nossas conquistas terrenas.


Na morte, o que irá nos diferenciar de um médico, de um assassino, de um órfão, de uma mãe de família e de um monge não serão nossos diplomas, nosso status, nosso sobrenome, nosso prestígio profissional ou nossa reputação social; mas sim nosso Karma, as atitudes e intenções que cultivamos durante a vida. O que irá nos diferenciar não será o tom da nossa voz, nossa estatura, nosso gênero, nossa genética, nossa orientação sexual ou nossa cidade natal; mas sim nossas ações e as motivações que cultivamos para exercê-las. Claro que esses fatores 'externos' influenciam nas nossas decisões e pensamentos, bem como nas nossas circunstâncias, mas a responsabilidade das nossas intenções cai sobre nós. Pode ser que você feriu alguém porque fizeram bullying com a sua aparência ou você cometeu um suborno para não perder seu cargo de chefia - apesar desses fatores externos justificarem suas ações, as intenções por trás delas são inábeis, e o responsável é você. Quem sofrerá as consequências das suas ações será você.
Portanto, precisamos reconhecer que as qualidades mentais têm um valor superior às qualidades mundanas e externas, como dinheiro e reputação. Precisamos dedicar mais tempo e cuidado a estas coisas, pois são elas que irão nos diferenciar na morte.


Outro ponto importante é lembrar que essa visão futurista de alcançar metas e resultados sempre leva ao mesmo fim: perda. Não importa o que você busque, mesmo que você alcance, no final tudo será perdido. Você pode se esforçar para conseguir um namorado(a), se casar, conseguir a casa própria, entrar na faculdade, conseguir um trabalho melhor, ter bons filhos, fazer aquela viagem, ser mais respeitado pelos outros, ter um corpo mais atraente, ter mais tempo para família ou lazer, ter mais $$... as metas são inúmeras. Mas há duas coisas a serem consideradas: mesmo que você as alcance, suas conquistas serão perdidas; e sempre que você conquistar uma coisa, essa visão futurista colocará uma nova meta para você correr atrás. Então, esse estilo de vida não envolve nem segurança, nem plenitude nem satisfação. Há sempre mais motivos para estar ansioso, apressado, depressivo ou cansado. Nunca está bom o suficiente.


Isso NÃO SIGNIFICA QUE VOCÊ DEVA PARAR DE TRABALHAR OU VIVER NA SOCIEDADE. O problema está na motivação e na prioridade que você dá a esses assuntos mundanos. A questão é que buscamos estas coisas com a ideia de que a felicidade está nelas, e por isso estas metas tornam-se as coisas mais importantes nas nossas vidas. Tornam-se o "sentido da vida". O sentido da vida passa ser atender meus desejos, ou me ajustar aos padrões sociais. Mas não é isso que realmente importa. As metas mudam. Nós mudamos. Nossos sonhos e preferências mudam. As circunstâncias mudam. Nossos amigos e familiares mudam. Nós envelhecemos, adoecemos e morremos. Haverá algum dia descanso por esse caminho? O que é realmente importante na vida?


O que podemos pensar em fazer é colocar em prática o que o Buddha ensinou para os leigos, para os budistas chefes de família, que não eram monges mas que praticavam o caminho em sociedade:


"Bhikkhus, há cinco benefícios da generosidade . Quais cinco? (1) A pessoa é estimada pelas pessoas em geral. (2) A pessoa tem pessoas verdadeiras como companheiros. (3) Ela desfruta de boa reputação. (4) A pessoa não se esquiva das responsabilidades de um chefe de família. (5) Na dissolução do corpo após a morte, ela renasce num destino feliz, no paraíso." - http://www.acessoaoinsight.net/sutta/ANV.35.php


O que há de interessante neste trecho é: "A pessoa não se esquiva das responsabilidades de um chefe de família." Não é porque ela pratica um caminho espiritual que ela irá abandonar o trabalho, as relações sociais ou a sua família - ela precisa buscar um meio de conciliar sua vida social e sua subsistência com o caminho, sem priorizar as coisas erradas. E o que deve ser priorizado? As qualidades do coração. Como viver no mundo então? Com aquilo que o Buddha coloca no início deste trecho: com GENEROSIDADE.


Há um Sutta em que o Buddha está se preparando para dormir. Eis que Mara, que representa o demônio e o desejo, dirige-se ao Buddha e o provoca: "Não seria preguiça da sua parte dormir?". O Buddha responde: "Vou dormir em benefício de todos os seres.". Isso é viver por generosidade. Isso é cuidar de si mesmo por generosidade. Em benefício de todos os seres, incluindo a si mesmo. Essa é uma meta digna para nossas vidas.


Significa que começamos a tentar a fazer nossos deveres não mais com uma visão utilitarista, monetarista, consumista, futurista ou ansiosa, mas sim com a intenção de usarmos o mundo em benefício de todos, inclusive de nós mesmos, com sabedoria e moderação. Significa que trabalhamos para conseguirmos dinheiro e gastá-lo com moderação, em benefício de todos. Comemos para a manutenção deste corpo, para que possamos usá-lo para caridade, para a prática e para nos movermos no mundo para ajudarmos aos outros. Vamos ao médico não por vaidade ou desespero, mas para cuidarmos deste corpo no que for possível e suficiente. Lemos o jornal não para exibirmos nosso conhecimento aos outros ou acumularmos informações desnecessariamente, mas para usarmos os dados obtidos para nos tornarmos pessoas mais conscientes, ou ainda para tentarmos ajudar em algo que for possível. Estudamos para passar na faculdade? Sim. Mas estudar na faculdade para quê? Por generosidade ou para ter dinheiro, atender expectativas da família ou atender apenas um desejo próprio inconsciente e desesperado?


Essa é uma forma muito interessante de refletirmos a forma como vivemos no mundo, mas também é bem louca e petulante rs... Como dizer para alguém que vivemos no mundo por generosidade? Os outros diriam que somos loucos ou perturbados. Nós mesmos quando refletimos nessa forma de viver a vida, pensamos que isso é um absurdo. "Não dá para praticar isso... Budismo não se aplica a vida moderna...", mas pare para pensar um pouco.
Preferências mudam, circunstâncias mudam, pessoas mudam... Você pretende dedicar a sua vida a coisas que serão perdidas, abandonadas ou largadas porque você enjoou delas ou porque elas perderam a graça? Ou porque elas envelheceram? Ou porque você envelheceu? Ou porque apareceu uma tecnologia mais interessante?


Essa história simplesmente não tem fim. O Buddha alertou: tudo é impermanente. Aonde pretendemos chegar? Vamos chegar na morte para perder um monte de conquistas mundanas. Será que o sentido da vida é apenas viajar, atender nossas preferências, agradar os outros, subir no trabalho e ter sucesso acadêmico e familiar? Esse é o sentido da vida? O objetivo é colecionar momentos de prazer nos 5 sentidos e idas à praia?
Não estamos aqui para correr atrás de experiências que mudam, para atender desejos que mudam. Estamos aqui para crescermos, para nos tornarmos pessoas melhores, para cultivarmos as nossas mentes e para ajudarmos uns aos outros. Ou não? Isso parece loucura ou absurdo? O que você acha?


Se formos ver pela ótica do ensinamento parece absurdo enquanto nos identificamos teimosamente com estas coisas mundanas: nos identificamos com nossos corpos, nossas lembranças, nossas experiências, nossas famílias, nossos cargos, nossas formações acadêmicas, nossas amizades... mas tudo isso muda!


Mas quando compreendemos o que é realmente importante, então ficamos leves e serenos sem nos esquivarmos das nossas responsabilidades como chefes de família ou seres sociais. Continuamos trabalhando, dormindo, estudando, se cuidando, motivados não mais por ansiedade, apego, egoísmo ou ignorância, mas por generosidade. À medida que reconhecemos essa perspectiva, uma confiança muito inspiradora é desenvolvida no coração, porque passamos a ter uma visão mais lúdica das coisas. Não levamos mais tão a sério as dificuldades e contrariedades da vida, porque reconhecemos que as circunstâncias e nossos gostos/desgostos passam, são coisas instáveis, que mudam. Nos esforçamos para ter comida na mesa e uma vida social mais estável, mas se acontecem desastres ou obstáculos como demissões ou brigas familiares, a mente já não se agita tanto, porque nos lembramos da morte e, por consequência, da relatividade e fragilidade de tudo. Tudo será perdido de qualquer maneira. As perdas e conquistas da vida são uma grande brincadeira, porque no final das contas tudo será deixado para trás.


Por isso que nos meios budistas se usa tanto a imagem do teatro para representar a vida. A vida é um verdadeiro teatro. É uma brincadeira. O problema surge quando levamos essa brincadeira a sério e acabamos nos identificando com o personagem ou com os utensílios provisórios da peça, ou ainda quando ferimos ou até matamos o outro personagem no meio da brincadeira. Mas no final tudo acaba. Uma vida cheia de desastres ou de mordomias... na morte, ambas evaporam. E pode ser que a próxima peça, isto é, a próxima vida, seja totalmente o inverso da anterior!


De novo: não significa que não vamos nos esforçar no trabalho ou nos empenharmos para nos recuperarmos após desastres naturais, como enxurradas ou terremotos. Significa que vamos estar cientes que as dificuldades na vida não são coisas tão importantes, porque o que realmente importa não é a paz lá fora, mas a paz no coração. Não que nós não vamos tentar melhorar o mundo ou a sociedade em que vivemos, mas se isso não der certo, não é o fim do mundo, porque no final, tudo morre. Por isso que o caminho mundano não tem fim. Enquanto buscarmos a felicidade no mundo, vamos continuar peregrinando e renascendo, tentando de novo e de novo, sem acabar. Mas o caminho espiritual interior, este sim tem um fim, este sim leva a um descanso. Por isso ele é aquilo que realmente importa na vida.


Então, cultivamos o caminho interno e, ao mesmo tempo, sem nos esquivarmos das nossas tarefas mundanas, nos esforçamos no mundo e no trabalho para termos uma boa vida e contribuirmos para a sociedade no que for possível, sempre cientes de que a vida dá reviravoltas, de que desastres acontecem, e de que tantos estes como as conquistas são coisas instáveis que se perdem com o tempo. Se alguns milênios não forem suficientes, tanto o Buddha como a Ciência já alertaram que daqui um tempo as estrelas explodem e o universo entra em colapso, contraindo-se para depois expandir-se em um novo big bang, e aí tudo se desintegra para depois o universo recomeçar outra vez. Então é assim - tudo se perde.


Por fim, a ideia que deixo para reflexão de todos nós é esta: podemos viver no mundo e na sociedade, apenas por generosidade, priorizando a paz interior e reconhecendo que o que mais importa é o que cultivamos na mente, e não no mundo? Podemos nos mover no mundo, correr quando estamos atrasados para o trabalho, dedicarmo-nos aos estudos, mas cientes de que tudo isso é provisório e secundário? Podemos reconhecer que o que mais importa não é que as coisas na vida deem certo, mas que nós cultivemos o que é certo? Isto é - esforce-se no seu trabalho e nos estudos, mas se você não conseguir a promoção ou o diploma, não alimente Dukkha (sofrimento), porque não é isso que mais importa na vida. Construa uma casa, mas se vier uma enxurrada e levar tudo embora, não enlouqueça - reconstrua, faça o que for possível, mas priorize o seu lar interior.


Uma vez um médico desabafou com um monge do Budismo Theravada, Ajahn Brahmavamso, de que o seu serviço era muito complicado porque muitas vezes seus pacientes morriam e ele se sentia muito culpado. Como não sofrer, como não alimentar Dukkha, como praticar o caminho com um serviço desses? Ajahn Brahm respondeu:

"You can't always c u re , but you can always c a re ."
"Nem sempre você pode curar , mas você pode sempre cuidar (se importar)."


Precisamos parar de achar que tudo na vida tem que dar certo, porque não dá. Entes queridos morrem, desastres acontecem, perdemos competições e concursos, ficamos para trás muitas vezes... Mas não é isto que realmente importa.


Por isso, o foco não está nos resultados, mas nos meios - nas intenções que cultivamos no coração. Nem sempre as coisas na vida dão certo. Mas, o que realmente importa, o que realmente nos diferenciará no momento da morte, serão as coisas certas que tivermos cultivado na mente e no coração. Isso é muito bonito. Pode ser que eu tenha uma deficiência, uma dificuldade de aprendizagem ou uma origem socioeconômica defasada... Pode ser que eu não tenha as mesmas oportunidades que outras pessoas e que, por influência disso, eu não consiga muitas conquistas na vida. Mas, se eu tiver conseguido desenvolver o coração e purificar a mente, terei feito aquilo que é mais importante na vida. Isso é muito bonito, porque a coisa mais importante da vida está muito mais acessível do que as coisas secundárias. Para as conquistas mundanas há várias exigências e protocolos, mas para a coisa mais importante de todas, basta um corpo e uma mente humanos.


Por fim, o único motivo lógico para se mover no mundo é por generosidade, porque nossos desejos mudam, as coisas mudam, e por isso nem sempre dão certo. Então, onde vamos buscar nossa felicidade? Nas experiências e preferências, ou nas atitudes e intenções? Estamos aqui para orar que as coisas caiam do céu, ou para atender nossos desejos; ou estamos aqui para nos responsabilizarmos pelas nossas ações e intenções e, assim, desenvolvermos a paz interior em nós mesmos, independente das condições externas? Fica a reflexão! ^-^ 


Antes de terminar de ler esse texto, volte-se para dentro: como está sua mente? Há intenções benéficas aqui? Se não, programe sua mente - desenvolva hiri-otappa (vergonha e temor de cometer transgressões) e veja o sofrimento resultante de se distrair com passado e futuro. Reconheça o valor e a alegria de estar no agora. Ensine a mente e, em seguida, solte os Apegos e deixe-os sumir. Não desista de ensinar a si mesmo. Lembre-se que a última frase de Buddha antes de morrer foi "Dessa forma, bhikkhus, eu os encorajo: todas as coisas condicionadas estão sujeitas à dissolução. Esforcem-se pelo objetivo com diligência".


Paz a todos vocês, amigos do Dhamma/ Dharma. -^-
Sabbe satta sukhi hontu! Que todos os seres possam ser felizes!
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