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Como sempre dito por muitas pessoas, não é importante uma cerimônia para se tornar budista - Buddha dizia que aqueles que praticam de acordo com o seu ensinamento estão mais próximos dele do que aqueles que mesmo dormindo ao lado dele, não praticam os seus ensinamentos.
Basicamente, o convencionado é que é budista aquele que busca refúgio no Buddha, no Dhamma (ensinamentos) e na Sangha (nos monges). Mas é claro que passar pela cerimônia e se introduzir numa comunidade budista é algo inspirador, mas não sei como é a situação em Teresina e se você já se identificou com alguma escola, porque o Budismo é dividida em várias, similar ao Cristianismo é ramificado em Protestantismo, Anglicanismo, Catolicismo, Testemunhas de Jeová, entre outros.
O estilo de vida varia. A prática budista é uma verdadeira escada, em que o progresso é gradual. Portanto, algo que era correto no degrau 2 já é abandonado no degrau 5, como exemplo. Por isso muitos se confundem quando estudam os ensinamentos do Buddha - em uma parte ele elogia a virtude, em outra parte ele alega que se deve desapegar da virtude. Na verdade, isso se dá porque a prática ocorre em estágios diferentes.
Basicamente para leigos iniciantes, tudo se resume em praticar os 5 preceitos e o Nobre Caminho Óctuplo da maneira que puder, e ir se aprofundando de acordo com seu próprio ritmo, desejo e inspiração.
Os 5 preceitos você deve conhecer:
- não matar um animal intencionalmente;
- não roubar;
- não usar linguagem inapropriada (Que crie discórdia, que disperse mentiras ou que use palavras fúteis, apenas para 'matar o tempo')
- não se engajar em sexo ilícito;
- não consumir álcool e outros embriagantes.
Naturalmente a base do Budismo deve ser contemplada por qualquer leigo: impermanência. Todos os praticantes devem contemplar a impermanência, especialmente dos prazeres sensuais no começo da prática, para se libertarem dos seus vícios e não buscarem felicidade nos lugares errados (na fama, na reputação, na comida, no dinheiro, em intrigas ou discussões). Isso é, o praticante deve praticar compaixão e renúncia - ao reconhecer a impermanência das coisas e ao refletir sobre a morte, ele deve perceber que as outras pessoas são muito parecidas com ele porque passam pelos mesmos sofrimentos e também morrerão. Logo, ele não deve abrigar pensamentos de hostilidade para com qualquer outra pessoa, mas sim ser capaz de desenvolver compreensão e aceitação com todos, mesmo com aqueles que o agridem. Deve parar de encontrar prazeres em coisas como "estar sempre certo". Através de uma vida progressivamente consciente, nós percebemos que muitas vezes nos engajamos em discussões muitas vezes mesmo porque queremos ajudar outra pessoa mas acabamos, no fim, querendo impor nossos pontos de vista. Com a prática, aprendemos a parar de discutir e permitir que as pessoas alcancem um bom entendimento quando estiverem prontas, em vez de tentar induzi-las a terem o mesmo entendimento que nós.
O iniciante precisa perceber que da mudança de pensamento/ intenção, vem a mudança de comportamento, do qual vem a mudança dos sentimentos. Então, compreendendo a impermanência, o praticante reflete e contempla, estimulando pensamentos de compaixão e renúncia, reconhecendo e relembrando várias vezes a felicidade que está em se reconhecer como semelhante as outras pessoas e, assim, poder abandonar o desejo sedento por querer passar por cima dos outros ou por querer mudar aqueles que o incomodam. Todas essas reflexões geram tendências na mente de mudar o seu comportamento e seus padrões de pensamento, mas isso requer dedicação e prática contínua, pois constitui uma mudança de hábito que ocorre com o tempo. Com isso, certos sentimentos e apegos que eram habituais da pessoa se tornam menos frequentes e novas emoções como calma, contentamento, êxtase e paciência começam a crescer na mente da pessoa. Mas esse caminho deve ser cultivado.
Gradualmente cada praticante se aprofunda em seu caminho, que é, basicamente, contemplar a impermanência, enfraquecer o apego e o ódio através do cultivo do desapego e da compaixão, reconhecendo o valor da felicidade interior em contraste com a felicidade dos prazeres dos 5 sentidos e também do valor da gentileza, em contraste com a exigência incessante de que as outras pessoas se adaptem a forma que ela deseja que as pessoas sejam. Com isso, aprendemos, gradualmente, a construir uma felicidade interior, que depende menos das circunstâncias externas e mais das internas.
Esse caminho é cultivado pela meditação e reflexão, pelos quais estimulamos a mente a abandonar os hábitos, insistindo que eles não são prazerosos como parecem ser; e insistindo que os hábitos que queremos desenvolver são sim felicidade, apesar do processo pelo qual passamos para cultivá-los seja doloroso.
Portanto, o caminho começa no Entendimento Correto, e segue com pensamentos que devem ser feitos e refeitos (refletidos repetidamente) a fim de estimular a mente a continuar a prática. Para mudar os padrões habituais de pensamento e comportamento, é necessário a aprender a despertar e manter um estado de alerta, em que valorizamos cada ação, cada palavra e cada pensamento. Se não estamos alertas, não há Autoconsciência e Atenção Plena, e sem esses nós agimos de acordo com hábitos, e não de acordo com o novo comportamento que queremos adquirir. Por isso devemos empenhar tempo em reflexões que lembrem a mente de estar atenta para, a partir do Entendimento Correto, abandonar aquilo que reconhece como hábitos prejudiciais para fazer crescer aquilo que reconhece como o comportamento virtuoso que conduz a uma mente mais calma e pacífica. Essa, por sua vez, clareia o caminho conducente à sabedoria.
Escrevi muito rs.
Continue fazendo perguntas, porque elas são comuns no começo. Paz a sua mente