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[Vídeo] Entrevista com Ajahn Brahmavamso sobre Ajahn Chah
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Mensagem
William - Admin
Local : SP
Define-se budista? : Sim
Mensagens : 504
Dom 25 Ago 2013 - 9:08
Entrevista com Ajahn Brahmavamso sobre Ajahn Chah
O vídeo abaixo disponibilizado pelo canal Pagoda Phat Hue consiste numa entrevista feita com Ajahn Brahmavamso que basicamente girou em torno do seu mestre, Ajahn Chah. Ajahn Brahm conta como ele foi parar no monastério de Ajahn Chah e como ele o surpreendeu com seus ensinamentos. Os momentos citados no vídeo são muito usados por Ajahn Brahm em vários textos e palestras do Dharma.
O vídeo está em inglês. Se você não souber o idioma, confira a tradução disponibilizada pelo site logo abaixo.
[00:14] Questão: Como você encontrou1 o seu professor, Ajahn Chah?
1 O entrevistador usou, em inglês, o verbo "to find" que pode significar "achar" em dois sentidos: o que você acha da pessoa ou como você achou a pessoa. Inicialmente, Ajahn Brahmavamso respondeu de acordo com a primeira possibilidade e depois de acordo com a segunda.
[00:17] Ajahn Brahmavamso: O que eu achava dele... Eu o achava maravilhoso. Mas se você quer dizer como eu descobri meu professor, isso foi há... Bom, vamos voltar para mais antigamente: eu comecei a me interessar pelo Budismo no Reino Unido e quando eu decidi me tornar um monge eu fui até um templo tailandês, em Londres. O motivo pelo qual eu decidi me ordenar na tradição tailandesa foi porque os monges tailandeses eram os que mais sorriam - eles eram os mais felizes! E eu queria ir a um monastério feliz.
[00:45] Quando eu pedi para ser ordenado, eles me disseram que haveria uma ordenação espiritual de monges na Tailândia e, assim, eles me enviaram para um grande monastério no centro de Bangkok. Então, eu fiquei por lá por aproximadamente seis semanas e fui ordenado como um monge.
[00:58] Logo, eu vi um monge vestido em trajes gastos e sujos procurando por monges ocidentais que estavam naquele monastério por poucos dias fazendo seus vistos1. E é claro que estar rodeado por pessoas tailandesas que podiam falar inglês foi maravilhoso, poder conversar em inglês com outros monges ocidentais. E aqueles monges que vieram do monastério de Ajahn Chah, do nordeste distante, me convidaram para ir visita-los. Então, quando eu tive tempo, depois do ano novo, eu fui para Ubon2 que ficava bem longe, no nordeste da Tailândia, para conhecer o monastério de Ajahn Chah.
1 Referentes a passaportes.
2 Ubon Rachathani, a província no nordeste da Tailândia onde fica localizado o monastério de Ajahn Chah, Wat Nong Pah Pong.
[01:34] Quando eu entrei naquele monastério, eu tive uma experiência incrível, estava tudo tão silencioso... esse provavelmente foi um dos momentos mais [incompreensível] da minha vida: entrar no monastério do meu professor. A atmosfera de lá mostrava que havia alguma coisa especial em seu templo.
[01:56] Assim, eu fiquei por lá por alguns dias e eu não estava muito convencido por Ajahn Chah, ele nunca me impressionou a princípio. Exceto quando eu estava fazendo algum trabalho na floresta e, enquanto eu estava trabalhando, havia um outro monge que queria fazer algumas perguntas a Ajahn Chah. E ele tinha um tradutor, então ele perguntava questões que eram traduzidas e Ajahn Chah respondia e logo era traduzido de volta. E eu fiquei intrigado e surpreso porque Ajahn Chah estava respondendo todas as questões que surgiam em minha mente1. Depois daquilo eu perguntei a aquele monge: “Você ficou satisfeito com as respostas que você obteve com as perguntas que você fez?” e Ajahn Chah disse2 “Não”, as respostas não o estavam satisfazendo, elas não faziam sentido algum. E eu disse a ele o porquê: “Porque Ajahn Chah estava lendo minha mente e respondendo as minhas questões, não as suas”. Aquilo me impressionou demais e, assim, eu comecei a ficar lá.
1 Percebe-se que Ajahn Brahmavamso estava se referindo a um dos poderes supramundanos que podem ser desenvolvidos com a meditação: a leitura e compreensão da mente de outras pessoas.
2 Penso que Ajahn Brahm se equivocou. Analisando o contexto, o provável é que o monge que estava fazendo as perguntas que falou.
[02:56] O estilo de vida era tão autêntico e tão simples de tal forma eu pude entender o que era o Budismo. Eu fiquei por lá durante nove anos meditando, vivendo uma vida monástica, estudando... Sabe, isso foi muito e muito difícil fisicamente, mas maravilhoso espiritualmente.
[03:17] Questão: Qual foi a lição mais importante que você aprendeu por lá?
[03:20] Ajahn Brahmavamso: Não há apenas uma lição, mas várias lições com uma essência de desapego. Um bom exemplo é de quando Ajahn Chah ergueu um pedaço de madeira e perguntou “Isso é pesado?”. Antes que eu conseguisse responder ele o jogou para longe e disse “Isso só é pesado quando você está segurando-o”. É óbvio que o significado disso é que qualquer coisa na vida, seja o passado, alguma dor ou alguma decepção [incompreensível] só é um problema quando você se apega a isso. Basta jogar isso fora e isso perderá seu peso, você ficará sem problemas. Ensinamentos simples, mas muito poderosos.
[04:01] Questão: Por favor, me conte alguma história engraçada e cheia de insights sobre Ajahn Chah nunca ouvida antes.
[04:08] Ajahn Brahmavamso: Ok. Muitas pessoas ouviram essa história antes... Deve estar em meu livro... Mas esta é uma das histórias mais profundas e poderosas: perto do fim da vida de ensinamentos de Ajahn Chah, ele começou a ficar doente1. Em virtude disso, os ocidentais queriam tentar ajudar o nosso professor o máximo possível. Nós sabíamos através de nossas leituras que monastérios antigos na Índia, nos tempos de Buda, possuíam saunas. As saunas não foram inventadas na Suécia, elas já existiam na Índia vinte e cinco séculos atrás.
1 Ajahn Brahm se refere a um período em meados de 1981 a 1982, quando a saúde de Ajahn Chah ficou tão séria devido à diabete outros fatores que ele teve de ficar de cama, inabilitado a dar mais palestras, até 1992, quando faleceu.
[04:45] Então, nós construímos uma sauna e convidamos Ajahn Chah para vir ao nosso monastério, que ficava a seis quilômetros do seu monastério, uma vez por semana para a sauna. Nisso não houve apenas compaixão por ele, porque ele vinha toda semana e também dava a nós uma Palestra do Dharma, e nós esperávamos por aquele discurso vindo do grande mestre uma vez por semana.
[05:10] Em certa ocasião, Ajahn Chah deu um maravilhoso Discurso do Dharma que foi muito inspirador e repleto de insights. Assim, em vez de ajudar meu professor em sua trajetória até a sauna, outros monges puderam cuidar desse dever, eu fui para a parte de trás do Saguão do Dharma e sentei em meditação, alcançando Samadhi1 muito profundo. Quando eu saí do Samadhi eu pensei que eu deveria ver se eu ainda poderia ajudar meu professor, assim eu fui até a sauna sozinho, mas já era tarde, porque Ajahn Chah já havia terminado sua sauna e já estava saindo.
1 Concentração, em páli. Samma-Samadhi é o último fator do Nobre Caminho Óctuplo, ou seja, Concentração Correta.
[05:50] Ele estava retornando para o saguão e nós poderíamos ter nos cruzado no caminho, mas antes disso ele parou e olhou para mim da única forma que um grande mestre poderia vir a olhar para você, bem através de você, lendo sua mente. Ele viu que eu havia estado em uma boa meditação e por isso ele parou e tentou me iluminar1. Ele olhou para mim, em meus olhos, e disse: “BRAHMAVAMSO! POR QUÊ?”. Ele me perguntou a questão definitiva “Por quê?”, e eu respondi “Eu não sei.” [risos] Eu era um monge estúpido! Quando o grande mestre viu esse ocidental dizendo essa coisa estúpida ele simplesmente riu – muitas vezes nós damos um grande entretenimento ao nosso professor porque somos tão estúpidos. Assim, ele riu muito, mas quando ele ficou sério outra vez, ele disse: “Brahmavamso, eu te contarei a resposta. Se alguém te questionar novamente com a pergunta ‘Por quê?’ esta será a resposta correta: a resposta é ‘Mai me arai’”, que em tailandês significa ‘Não há nada’. “Não há nada! Você entendeu?” ele disse, e eu falei “Sim!” e ele disse “Não, você não entendeu” e foi embora [risos].
1 No Zen e no Theravada são muito consideradas as ocasiões em que um praticante realiza Nirvana enquanto ouve alguma coisa e percebe algo que estava faltando a ser percebido para a Iluminação. Nos Suttas do Cânone em Páli muitas pessoas, como exemplo, alcançaram o Nirvana enquanto ouviam um Discurso do Dharma.
[07:30] Este foi o maravilhoso conselho vindo de um grande mestre. Naquele momento ele realmente tentou me iluminar completamente, mas eu era muito estúpido. Ele compartilhou comigo a resposta para uma questão profunda “Por quê?” – “Não há nada!”, Anatta, não-eu, vacuidade, suññata, essa é a resposta para a pergunta “Por quê?”.
[07:54] Todos vocês que estão assistindo a esse vídeo, vocês entenderam? Não, vocês não entenderam. [risos]
[Vídeo] Entrevista com Ajahn Brahmavamso sobre Ajahn Chah